19º Capitulo - Como quiser vossa majestade

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O cheiro dos seus cabelos lembrava-me a essência de laranjeira, suave e agradável, fazendo-me inspirar aquele cheiro que me trazia conforto e segurança. Não sei o que teria sido de mim se os nossos caminhos não tivessem sido estranhamente cruzados e se não fosse seu interesse por viajantes, seria bem tenebroso, presa em um mundo e um país estranho, passando fome pelas ruas italianas, ou talvez em desespero tentasse se comunicar com as autoridades, para em fim descobrirem que minha existência naquele mundo nunca fora registrada desde aquele dia, como prosseguiriam? E como reagiria a tudo aquilo? Em algum momento Loki apareceria e lhe faria uma proposta, assustada com tudo, tolamente aceitaria. Não conseguia imaginar se esbarrando com os Volturi naquele cenário, se descobrisse sua localização tentaria evita-los e nunca teria se encontrado com Marcus, nunca teria colocado um sorriso em sua face e apaziguaria a melancolia de seu coração.

- O que tanto pensa? – Sua pergunta me despertou dos meus pensamentos cheios de conjecturas sobre um futuro hipotético.

- O que lhe faz pensar que eu não estava simplesmente dormindo? – Rebati com outra pergunta, em quanto minha aninhava em seus braços embaixo das cobertas.

- Sua respiração irregular. – Respondeu fazendo movimentos circulares com o polegar nas minhas costas.

- Eu poderia estar em um sono agitado – Rebati novamente, deixando escapar um sorriso maroto.

- Não no meio da tarde, ainda mais com suas dificuldades para pegar no sono.

- Você venceu. Eu estava pensando num futuro alternativo, um qual eu não teria te conhecido, em um eu que teria aceitado as palavras de Loki sem resistência. – Pensar demais em problemas ou situações hipotéticas era o maior problema de uma pessoa ansiosa. A ansiedade nos destrói com pensamentos de algo que só existia em nossa cabeça. É, no entanto inevitável, uma armadilha que uma mente ferida cria uma falsa esperança de oportunidades melhores em situações diferentes, caímos tão fundo em nossos próprios pensamentos que somos cobertos por uma escuridão sem fim.

- Porque navegar por essas águas? – Sua curiosidade não fora disfarçada, no entanto era curioso a mim também.

- Não sei. Fico surpresa por não ter feito isso antes – Não era preciso encara-lo para saber que sua face mostrava confusão e curiosidade por minhas palavras. – Sou uma pessoa naturalmente ansiosa, por tanto penso demais em tudo, minha mente anda bem calma desde que aceitei o manto dos Volturi, posso dizer até mais centralizada e menos rebelde. Normalmente fico bem agitada em ambientes desconhecidos.

- Conseguiria pensar em deixar os Volturi? – Sua pergunta soou estranha, mas estava pensando em um futuro hipotético até então.

- Se eu quisesse e fosse do meu interesse eu arrumaria as minhas coisas e partiria. – Respondi.

- Não lhe afeta inteiramente então.

Encarei seus olhos rubis com um grande ponto de interrogação.

- Desenvolva – Pedi com clara confusão.

- A maioria dos vampiros do clã é composta por aqueles que despertaram um dom em sua vida imortal, uns voltados ao físico e outros ao mental. – Não era uma informação nova aquela, mas precisava saber onde aquele assunto iria acabar. – Uma vampira em especial é capaz de criar laços forçados, impedem revoltas e traições entre os membros, incluindo a mim e Caius. Com sua chegada e seu envolvimento comigo, Chelsea deve ter sido ordenada para criar um laço afetivo ou de obrigação para com os Volturi em você. – Era uma teoria interessante.

O pensamento de trair os Volturi nunca tinha passado pela minha cabeça desde o meu primeiro encontro com Aro. A única vez que me levantei contra alguém do clã foi quando a integridade física de Marcus fora ameaçada por Jane, qualquer pessoa na minha posição pensaria em destruí-la, não? Ela causava dor em alguém que eu carregava um profundo afeto, mas o pensamento nunca se quer tinha passado pela minha mente, eu só pensava em para-la, só para livrar o Marcus da dor.

UMA INTRUSA EM CREPÚSCULOOnde histórias criam vida. Descubra agora