Capítulo I • Nunca te contei, mas...

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"Meu querido Choi Soobin, há quanto tempo, não? Sabe, sempre achei seu nome muito lindo, mas, repeti-lo agora, depois de acreditar que nunca mais nos veríamos, o torna ainda mais bonito.

Como na primeira vez que você o pronunciou para mim, acho que foi no ensino fundamental, eu tinha oito anos e você tinha sete. Aquele foi o último ano onde as matérias da escola eram boas, depois ficou muito chato e difícil, né? Ou talvez não, já que suas notas eram boas.

Estudar nunca foi meu forte, essa era a sua praia e nós formávamos uma bela dupla, você pesquisava e eu apresentava na frente da turma.

Nosso esquema de cola era quase uma ciência, o mais elaborado da escola, um sempre cobrindo o outro. Nunca fomos pegos pelos professores.

Nossa despedida não foi boa, na verdade, nem aconteceu. Você simplesmente parou de falar comigo no dia da sua formatura sem motivo claro. Ou talvez eu seja lerdo demais para perceber se fiz algo que você não gostou.

Como aos onze anos, quando eu apaguei sua vela de aniversário e você ficou quase uma semana inteira bravo comigo, você lembra? Para mim foi um sopro sem importância, só entendi que você não gostou daquilo quando o seu irmão me disse que você sempre fazia pedidos antes de soprar as velas.

Então, no meu aniversário eu te disse para assoprar as minhas e naquele instante soube que estava tudo bem. Você encheu os pulmões, fechou os olhos e pensou por um instante antes de se inclinar para apagar elas.

Depois me olhou e sorriu com aquelas covinhas. Sempre achei seu sorriso a coisa mais perfeita do mundo, mas quando sorria para mim era ainda melhor.

Talvez eu não tenha sido o melhor amigo de todos os tempos, mas fiz o melhor de que pude para ser um bom amigo para você.

Lembro como a adolescência foi uma fase complicada, a escola pegando no pé, os hormônios, a pressão para decidir o futuro, o divórcio dos seus pais... Além de tudo isso, você ainda teve coragem para se assumir gay naquele almoço em família, aquele foi um Natal agitado.

Confesso que fiquei surpreso, eu mesmo nunca havia parado para pensar se gostava de garotos, muito menos suspeitar do que outra pessoa gostava.

Nunca tinha me interessado por alguém, eu só sabia que gostava de você, e foi então que comecei a me perguntar em qual sentido exatamente eu gostava, o que eu realmente sentia.

Foi naquele ano que a Kim Chaewon chegou na escola, e, porra, ela era tão linda, chamou atenção de todos, eu acho. Bem, a minha chamou. Acredito que foi nessa época que pensei ser hétero.

Nunca te contei, mas eu sou bi. Lembra do Shim Jaeyoon? Eu lembro.

Lembro dele beijando você atrás das arquibancadas da quadra de vôlei, durante o horário vago no terceiro ano. Eu tava te procurando para dividir meus biscoitos e acabei vendo a cena.

Foi naquele momento que eu descobri três coisas importantes sobre mim:

1. Não sou hétero. Eu sinto atração por garotas e garotos.

2. Me apaixonei pelo meu melhor amigo. Porque o que eu senti ao ver você com outro não era ciúme de amigos.

3. Odeio Shim Jaeyoon. Antes eu não tinha nada contra o cara, mas depois de ver a boca dele colada na sua, entendi que esse é o pior defeito que alguém pode ter.

Nunca tive coragem de te falar sobre isso por causa do clichê dos livros de romance: não queria estragar nossa amizade. Saiba que me sinto um idiota por causa disso, mas eu já tinha visto você com Jake, logo, imaginei que gostava dele e eu não passava do amigo que te pedia cola em todas as matérias exatas e te metia em confusão.

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⏰ Última atualização: Mar 13, 2023 ⏰

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Entre papel, caneta e palavras mal contadas • YeonbinOnde histórias criam vida. Descubra agora