new journey

86 17 39
                                    

Não vinha em minha mente nenhum motivo para mim ser chamado para diretoria.

O olhar da diretora ao me chamar me deixou preocupado, é como se eu tivesse de verdade feito algo muito grave.

— Henry, sente-se, pofavor. — Ela aponta para cadeira ao lado de sua mesa e com as mãos já trêmulas eu sento.

— Senhora Jones, diga-me, o que eu fiz?, Perdoe-me seja lá o que for. Pofavor, não conte nada para minha mãe, eu já estou muito grandinho para apanhar. — Falo pondo as minhas mãos em seus ombros e ela recua.

— Eu não faço ideia como irei lhe falar isso, Henry, eu nunca em meus dez anos trabalhando na direção desta escola precisei dar esse tipo de notícia para um aluno. É uma responsabilidade e tanto, eu não sei como ser delicada o suficiente, estou perdida, mas preciso falar de uma vez por todas. Meu amor, eu sinto muito, mas sua mãe sofreu um acidente, ela foi para clínica mas não resistiu. — Ela fala com a voz trêmula e me abraça.

Foi naquele momento, onde tudo para mim acabou.

As pessoas sempre me disseram que a morte era algo inesperado.
Para mim isso não era verdade, porque eu sempre estava esperando pela morte, mas agora que ela chegou, eu acredito que ela vem no momento em que você mais está bem, ela vem para destruir tudo o que você construiu durante muitos anos.

Uma parte de mim morreu ao receber essa notícia, a melhor parte de mim.

Imediatamente lágrimas se fizeram em meus olhos,  tudo aquilo parecia ser um pesadelo, um pesadelo do qual eu estou lutando para acordar, mas a dor que sinto é a única coisa que me faz acreditar de que tudo isso é real.

A menos de 13h minha mãe estava fazendo panquecas para mim, a menos de 13h ela estava planejando o que iríamos fazer no final de semana, estávamos conversando sobre minha faculdade, e ela estava dizendo que quando eu me formasse ela não iria aguentar ficar sem chorar e que seria o segundo dia mais feliz da vida dela.

Como isso pôde acontecer antes de eu lhe proporcionar o segundo melhor dia da sua vida?

Como isso pôde acontecer antes que eu lhe falasse o quanto sou grato por tudo o que ela me fez durante esses dezessete anos?, Antes que eu eu dissesse para ela que a amo mais do que tudo neste mundo?

Eu estava tão desesperado que mal pude pensar em algo muito importante, com que eu irei morar daqui para frente?

{. . .} Três dias depois

Se a minha mãe estivesse aqui ela estaria segurando a minha mão bem firme, porque sabe que eu tenho muito medo de altura.

Olho para janela do avião e tento não deixar transparecer que estou desesperado.

Estou deixando meus amigos para trás, a cidade que eu vivo desde que nasci, estou deixando tudo com o que eu já estava acostumado.

Nunca em minha vida eu imaginaria que isso aconteceria. Não posso mentir, eu estou com medo, medo do que vem pela frente, medo de sair da minha zona de conforto, medo de conhecer o meu pai pela primeira vez e ele não ser igual o super-herói que eu escrevia em minhas cartinhas de dias dos pais, mesmo sem o conhecer.

É estranho como de uma hora para outra tudo pode mudar.
Mas talvez a mudança tenha sido ainda maior para mim porque durante toda a minha vida eu sempre vivi da mesma forma.

Tudo aconteceu tão rápido, mal pude me apresentar.

Eu me chamo Henry Bowers, eu tenho dezessete anos e estou no último ano do ensino médio. Pretendo fazer faculdade de astronomia, porque o universo sempre me chamou muito atenção.

Eu sempre vivi dentro de uma bolha, com um único grupo de amigos desde a infância e na mesma escola desde do primeiro ano do fundamental.

A vida decidiu estourar está bolha da forma mais trágica possível.

Nem tudo que se enfrenta pode ser modificado, mas nada pode ser modificado até que seja enfrentado.

Eu vou conseguir passar por isso, pela minha mãe, que sempre sonhou em me ver se formar em uma faculdade.
Pelo meu avô, que me ensinou tudo que sei sobre astronomia, pelos meus amigos, que mesmo que tenham ficado para trás ainda estão me apoiando de longe. E claro, por mim, que aguentei firme durante dezessete anos, que não desisti mesmo quando todos me fizeram acreditar que eu era um inútil.

Dessa nova jornada eu só sei de uma coisa, não será fácil.

{. . .} Três horas depois.

Ao entrar naquele aeroporto me sinto extremamente perdido.
Olho para os lados tentando adivinhar quem é o meu pai pois não sei de nenhuma característica física dele.

Quando viro para trás vejo um homem que aparenta ser um pouco novo demais para ser pai de um garoto de dezessete anos, mas ele tem um cartaz bem grande, onde está escrito "seja bem-vindo a Manhattan, Henry".

Sem saber o que fazer fico em êxtase olhando fixamente para o homem.

— Henry. — Ele sorri e vem correndo em minha direção. Ele parecia está muito feliz para quem nunca se importou em me procurar.

— Você é o Liam, certo? — Pergunto me afastando do abraço e pondo as minhas mãos no bolso da minha calça jeans.

— Não, este é o meu pai, eu sou seu irmão, muito prazer, me chamo Andrew.
Desculpe pelo que meu pai fez com você, ter vivido esse tempo todo sem o conhecer deve ter sido muito difícil, eu também sinto muito pelo o que aconteceu com sua mãe. — Me embrulha o estômago ouvir ele falar essas coisas. Mas, nada me deixa mais enjoado do que saber que eu tenho um irmão que parece ter uma idade bem próxima a minha e que meu pai escolheu viver com ele.

Olha, eu sei que tudo parece muito assustador para você. Porém eu lhe prometo que você irá se dar muito bem nessa nova jornada, estou aqui para o que precisar, amanhã no seu primeiro dia de aula você verá que todos aqui são muito legais, talvez você já até faça novos amigos. — Ele fala tentando soar empolgado.

— Muito obrigado, Andrew, é muito gentil da sua parte. Está tudo sendo muito complicado para mim, mas fico aliviado em saber que posso contar com você. — Falo tentando não deixar transparecer que estou nervoso ao falar.

— De nada, maninho, agora vamos para casa que você precisa descansar. Eu ainda quero lhe mostrar a cidade hoje a noite e lhe apresentar os meus amigos, o papai chega só amanhã de viagem, mas ele estava muito ansioso pela sua vinda.  — Sem mais nada a dizer eu apenas assinto e lhe sigo até o táxi.

Nem tudo que se enfrenta pode ser modificado, mas nada pode ser modificado até que seja enfrentado

Sair do seu planeta é necessário às vezes.














different universes Onde histórias criam vida. Descubra agora