CAPÍTULO DOZE

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—Malessa—

— Onde ele está?

     Falei alto para os Caçadores no salão de refeições do prédio do Complexo.

     A sala composta por três grandes mesas, com todo tipo de comida e bebida. A parede logo atrás, possui quatro janelas de vidro em fileira, até preencherem todo o espaço da parede, esticadas verticalmente e, assim, deixando a sala bem iluminada. Dava de ver boa parte da capital se, se aproximasse um pouco mais.

     O salão não está lotado como de costume, pois Kamari e Kenai não estão aqui, Argos e Asena também não. Pelo visto, os Novatos ainda estão em reunião com Kenai, como ele disse que faria mais cedo. E alguns Caçadores foram designados para Complexos humanos que têm acordos conosco. Fora os que estão em seus postos na Barreira junto com os guardas, e em outros afazeres dentro da cidade, mas esses são poucos.

     Não que o lugar já não estava mortalmente silencioso, tirando por uma mesa específica, mas tudo ficou ainda mais quieto quando eu ultrapassei as duas grandes portas abertas, Zand ao meu encalço.

Procuramos por Lirix em todo o prédio, mas é como se tivesse evaporado. Então minha única alternativa é ir diretamente à fonte de informações, os próprios Caçadores. Notei a presença de alguns rabugentos, irritantes, egocêntricos e na sua maioria, velhos em idade e habilidades. Alguns ergueram os olhares frios para nós, outros nem sequer tiraram os olhos da comida ou do sangue servido, e outros apenas sorriram como cumprimento.

     A sala estava quase vazia, mas os poucos vampiros ali sabiam exatamente do que eu estava falando. Eles já deviam saber que a matilha não estava onde deveria estar, e com certeza sabiam que Lirix era o Caçador que eu estava procurando, por ter sido o último a entrar no quarto designado aos lobisomens.

     — Muito vaga, preciso de mais detalhes. — Ewrys falou preguiçosamente de onde estava sentado no canto da sala, perto de uma das janelas do lado direito, um pouco afastado dos outros. — Não sei se sabe, mas o número de monstros em Nêmesis têm aumentado bastante nos últimos meses, de acordo com os nossos gentis cidadãos. — ele observa as unhas entediado, então ergue um olhar indolente para mim. — Aqueles que você fez um belo trabalho em apavorar no outro dia, sabe?

     — Está falando do homem que quase urinou nas calças, ou do resto do povo que não achou a cabeça do Feral tão atraente quanto eu acho? — inclino a cabeça de lado, igualmente entediada.

     O vampiro sorri libertinamente, me analisando com afinco demais para meu gosto e paciência.

     Ewrys Garsoh era, na grande maioria das vezes, um cretino desgraçado. Mas eu tinha que admitir que suas habilidades no ramo da caça não eram de se jogar fora. Porém, esqueço de tudo isso enquanto tento não deixar ele tirar minha pouca sanidade restante. Mas creio que será difícil.

O homem cujo a barbara estava rasa, os cabelos pretos desgrenhados pela testa, a jaqueta cobrindo a típica roupa preta de algodão, o maxilar definido contraído em divertimento, e o maldito sorriso descarado resolveu testar meus limites. Por que alguém tão irritante tinha que ser tão bonito?

     — Falo dos dois, para ser sincero. Mas sabe de uma coisa, Skylar? — ele me varre com os olhos estupidamente verdes, e me lança um sorriso que é tudo, menos inocente. — Achei sua entrada de ontem espetacular. Mas acho que faria mais impacto se você tivesse dado a cabeça da criatura para uma criança chutar.

~ɪᴍᴘéʀɪᴏ ᴅᴇ ᴅᴇᴜꜱᴇꜱ ᴇ ᴍᴏɴꜱᴛʀᴏꜱ~Onde histórias criam vida. Descubra agora