Unicórnios e Amor - Sillie

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P.O.V Sadie

A Millie me deixa louca, já falei isso?

E dessa vez eu não quero me referir da forma boa, como quando estamos sozinhas, não, agora eu digo que ela quer me deixar louca de verdade mesmo.

Durante anos, durante muitos anos, eu quis ter um novo bebê, quis com todo o meu coração, mas a Senhora Não Suporto Crianças, fez isso praticamente parecer impossível, também teve aquela outra vez que o destino não nos ajudou muito e nós não falamos sobre isso. E agora do nada, simplesmente do nada, ela decide que devíamos ter outra criança?

Não sei se me agrada muito essa ideia, pois me parece muito um reflexo da Anna estar crescendo e não precisar mais da nossa proteção, e a ultima coisa que eu quero é uma criança traumatizada porque uma de suas mães não a ama como deveria.

Também tem toda aquela historia com a ginecologista e a pré-menopausa, acho que tudo contribuiu para ela chegar nessa decisão impulsiva.

- Mãe, você viu meus fones novos? - Anna pergunta chegando na sala.

- Os seus fones novos, ou os fones que são da Millie e você vive pegando sem ela saber?

- Que pergunta besta, mãe - Diz com um ar quase de indignada que me faz rir.

- Estão lá em cima no lugar de sempre.

- Tem certeza?

- Sim, a Millie nunca usa aquilo.

- Obrigada - Me agradece com um beijinho na bochecha antes de sair correndo lá para cima.

Não importa o tempo que passar, tem certas manias que nunca irão mudar, como o fato da Anna ser bagunceira e nunca deixar nada em ordem, como ela vive pegando as coisas da Millie sem autorização nenhuma e achando que tem direitos sobre, como meu dia ao lado da minha filha são mais felizes, e como eu amo todas as suas imperfeições.

Eu quero muito passar esse amor para outra pessoinha, quero mesmo, talvez até reparar os erros que eu cometi com a Anna no começo, fazer tudo diferente.

Mas ai eu entro nas outras questões anteriores, isso é mesmo sobre o amor ao próximo ou só uma maneira de nos sentirmos bem com nós mesmos?

- O que nós vamos comer hoje? - Pergunta voltando para sala.

- Você pode escolher, não estou muito no clima para nada hoje.

- Por quê? - Pergunta se sentando ao meu lado.

A Millie ainda não contou sua nova ideia e novo plano de futuro para filha que já temos, acho que ela está esperando virar algo mais completo, mais real, para no fim incluir Anna nessas decisões.

- Apenas pensamentos - A respondo suspirando.

- Sobre?

Anna também era insistente sobre um assunto, se contarmos agora para ela é capaz de fazer mil perguntas por minuto e não deixar ninguém responder, ela ficaria tão animada que não duvido da sua capacidade de montar um quarto para o bebê sozinha. 

Ou, talvez ela repudie esse ideia e mande a gente caçar outra coisa para fazer e parar com isso, que o tempo para tal coisa já passou.

Na verdade, nessa questão de tempo, ele está congelado, literalmente, eu mandei congelar meus óvulos quando me casei, porque lá no fundo eu sabia que um dia iria os querer bem e saudáveis.

- Eu não sei ao certo, preciso de um pouco mais de tempo para pensar - A respondo me levantando, tentando fugir dessa conversa.

- Você está muito estranha - Comenta me seguindo - Eu vou pedir uma pizza, tá? Quero comer mais cedo porque mais tarde tenho um encontro.

- Onde você e o Adam vão dessa vez?

- Não é com o Adam, nós estamos dando uma pausa, ele está insuportável, brigou comigo ontem por algo que eu não faço ideia - Fala com a maior naturalidade do mundo - Eu vou sair com uma garota, o nome dela é Scarlett.

Nem vou comentar o fato de que até ontem os dois estavam no maior love.

- O que aconteceu com vocês?

- Eu não sei, mas não vou ficar aqui esperando a boa vontade dele.

- Devo me preocupar com essa sua fase de descobertas e um relacionamento nada convencional? - Ela finge pensar um pouco.

- Não, an an, eu estou de boa - Responde dando de ombros - Quero ter um bom currículo antes de ir para faculdade.

- Isso me soa mau, Anna, muito mau.

- Que nada, eu sei me cuidar.

Tinha isso também, o fato da minha filhinha estar se tornando uma prostituta de primeira, tem necessidade dela ficar fazendo o que está fazendo? Não tem, e eu odeio isso!

Claro que eu não posso demostrar, porque a Millie já está fazendo o papel da chata e implicando com tudo, o que só da mais combustível para Anna fazer o que está fazendo.

Será que é alguma coisa no D.N.A.? Meu lado nada puro com o lado estragado da família da Millie não podia dar em nada diferente.

Apesar de tudo, eu tive uma filha perfeita, a menina dos olhos de qualquer um, educada, divertida, bonita, ela é simplesmente a filha perfeita, a rosa que brotou ondo só tinha pedras. Se mesmo tudo para dar errado, eu tive tanta perfeição, fico tentada em saber como seria com tudo planejado e muito bem esperado.        

Vou para o escritório, onde estávamos guardando todos os nossos álbuns de fotografias, procurando os meus mais antigos, de quando a Anna era pequena. Eu não tinha fotos da minha gestação, nem teve muita graça também, minha barriga só começou aparecer depois do segundo trimestre mesmo.

Me arrependo de não ter fotos daquela época, assim como as únicas fotos que tenho de seus primeiros meses são as poucas que os meus pais tiraram. Isso seria algo que eu faria de diferente, teria muitas e muitas mais fotos.

- O que está fazendo? - Minha atenção é tirada das fotos por Millie - Sabia que você não pode ficar delegando suas funções para sempre e ir trabalhar?

- Se formos ter um bebê, eu nunca mais vou trabalhar com nada.

- Então nós vamos ter um bebê? - Pergunta sorrindo enquanto se junta a mim, olhando as fotos.

- Sabia que eu fui uma mãe de merda no começo? - Comento olhando paras fotos - Eu escolhi ficar com ela, mas quando ela realmente esteve aqui, eu detestei cada segundo, acho que levei de uns três a quatro meses para conseguirmos criar uma conexão de verdade.

- Você comentou.

- Se formos faze isso, quero fazer direito - Digo finalmente a encarando - Eu quero uma gravidez nova, planejada e desejada, a gravidez ideal, e você vai ter que estar comigo sempre! Porque depois que começarmos com isso, não tem como voltarmos atrás, seremos responsáveis por mais uma vida!

- E em algum momento eu já te abandonei? - Pergunta acariciando meu rosto - Eu te amo muito, e nada do que eu estou falando é da boca para fora.

- Então nós teremos um bebê?

- Nós teremos um bebê!

Quebro o curto espaço entre a gente, a beijando por todo seu rosto, passando meus braços envolta de seu pescoço, praticamente me sentando em seu colo, aproveitando o momento e tentando não programar em minha mente um novo futuro com essa criança que já começou a existir.

- Eu te amo - Digo entre o beijo - Eu te amo, eu te amo, eu te amo.

- Eu também te amo, ruivinha - Fala verdadeiramente sorrindo - E mal posso esperar para ter outro ruivinho ou ruivinha em minha vida.

- Eu também não. A gente vai ter um bebê!

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Oii, tudo bem com vocês??

Capítulo um pouquinho atrasado, mas de noite tem mais!!!

Beijinhos <3<3<3