Faz o L

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Seus pelos se eriçaram por inteiro. Sua respiração se tornou errática, hiperventilada. Podia sentir a aura bolsonarística daquele lobo fluindo aos montes, ameaçando sua reles existência petista. Seu sangue trabalhador escorria da testa, manchando a face proletária do Gato.

Lembranças irradiavam sua mente. Lembrava-se de quando recebera aquele delicioso pão com mortadela. Recordava a belíssima carreata do Partido dos Trabalhadores, juntamente às multidões de baixa classe que festejavam a posse de Luís Ignácio Lula da Silva. Todas as suas memórias afetivas para com seu partido piscavam diante de seus olhos, no entanto, uma delas estava em falta: o recebimento de sua picanha.

— Qual é o problema? Não recebeu a sua picanha? — O lobo provocou, num tom digno de um apoiador de Jair prestes a menosprezar alguém. Em seguida, chutou a espada em direção ao petista. — Faz o L. — E encarou o esquerdalha, tal qual um predador de comunistas. — Faz. Esse. L.

Faz o L, Gato de Botas.Onde histórias criam vida. Descubra agora