Dois

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Um ano depois...

Eu acabo de acordar e tenho a visão de luzes extremamente claras na minha frente. Aquele cheiro... eu conhecia bem o cheiro de hospital e aquilo me dava nos nervos.
Me sentei, me sentindo meio tonta, mas logo minha visão ficou mais clara e comecei a me lembrar do que havia ocorrido. Meu namorado havia se envolvido em uma briga com um idiota que deu em cima de mim no mês passado e o cara acabou tentando esfaquear ele, então eu coloquei minha mão na frente e levei a facada no lugar dele.

- Ele deve estar preocupado - pensei -

Procurei meu celular, mas parecia que não havia nada ali comigo, só eu e aqueles soros e remédios ligados as minhas veias. Suspirei fundo e apertei o botão que estava ao meu lado para chamar alguma enfermeira, que logo veio em prontidão, abrindo a porta e me olhando surpresa.

- Uau, você já acordou? Não fazem nem 2 horas que saiu da cirurgia.

-Eu quero ir pra casa, como faço?

-Você ainda não pode sair, querida.

- Quando vou poder?

-Se tudo estiver certo, acredito que amanhã. -ela disse olhando algo na minha ficha e depois direcionando o olhar para mim- - Está com dor?

Neguei com a cabeça.

- Vou trazer algo para você comer, o que acha?

-Pode ser, obrigada. -sorri fraco e ela retribuiu, se virando em direção a saída, mas eu a interrompi- -É... tem alguém me acompanhando?

-Seus irmãos estão aqui.

-Pode chama-los?

-Certo, apenas um.

Logo vejo ela se afastar e em poucos minutos Rindou aparece pela porta com um semblante extremamente preocupado.

-S/n, que porra foi essa? Você tá bem? Eu tava muito preocupado - disse choroso e me abraçando-

-Eu tô bem, mano. Fica tranquilo!

-Por que porras você se envolve com esse idiota do Baji, é a segunda vez que ele te coloca em uma situação dessas. Eu vou acabar com ele. - ele dizia ainda grudado em mim, com a cabeça encostada no meu ombro.

-Mano, olha pra mim! -falei seria e ele direcionou o rosto para mim- - Eu to bem, e nem estou sentindo nada. Foi só um cortinho, e o Kei não tem culpa de nada, ele estava me defendendo.

-Uau, te defendeu tão bem que você veio parar no hospital. Um namorado excepcional mesmo! -falou irônico me fazendo revirar os olhos-

-Cadê o Ran, hein? -falei brava com ele-

-Quer tomar bronca do nosso irmão mais velho? Se eu fosse você se contentava comigo.

-Que saco. Traz meu celular Rindou, eu quero falar com o Kei.

-Você não tem jeito, não é? Quer que eu ligue pro nosso pai?

-Sai daqui, você tá me irritando. Me deixa sozinha. -falei incomodada com a presença do meu gêmeo, mesmo sabendo que ele só estava dizendo aquilo por estar preocupado.

-Eu não vou. Você nasceu comigo e vai ter que me aturar até o inferno. -ele disse com tom de deboche, descontraindo o clima que havia se tornado.

-Odeio você! -falei fazendo bico e ele me abraçou, deixando um beijo no topo da minha cabeça e me deixando sem graça-

-Odeia, não é? E eu te amo, sabia? -Apertou minha bochecha, me fazendo chorar de raiva- -Ué, ta chorando por que, maninha? - perguntou preocupado-

-Não sei, to emotiva. Quero o Baji, cadê ele?

-Você não tem jeito, né? Vou chama-lo. -disse se virando e indo chamar meu namorado-

Nesse meio tempo, a enfermeira trouxe algo leve para eu me alimentar e aproveitei, até que baji apareceu na porta com um semblante totalmente assustado-

-S/n, você tá bem? Me desculpa, amor, não era pra isso ter acontecido! -eu olhei pra ele e sorri-

-Você não precisa se preocupar. Eu to bem, amor! Estava com saudades! -falei me agarrando ao  pescoço do maior e me encaixando em seu peitoral.

-Você não pode fazer essas coisas amor, poderia ter sido mais grave. Não sabe o quanto eu fiquei preocupado. -ele disse acariciando meu cabelo-

-Eu te amo, e faria muito mais por você!

-Não fala assim, sério! Por favor, pare de se arriscar por mim.

-Não posso te prometer nada.

-Você é tão difícil.

-Sim -falei beijando o canto da boca dele-

-Os Haitani vão acabar comigo.

-Eles não vão fazer nada com você. E além do mais, desde quando você se preocupa com eles, hein? -perguntei rindo-

-Não é que eles sejam um problema, mas eu não quero arranjar briga com seus irmãos. Até porque, o rindou é a sua cara e seria estranho bater nele. - ele disse e nós rimos-

O Kei estava meio estranho e ao passar da tarde ele precisou sair para que as enfermeiras e médicos fizessem os exames e logo pudessem me dar alta.

No outro dia pela manhã, acordei e logo tive alta, me encontrando com meus irmãos na sequência. Ran parecia bravo, mas estava tentando me mimar, e Rin só me irritava. Ele fazia isso quando estava bravo com alguma atitude minha.

-O Kei não veio hoje?

-Não, seu namoradinho precisou ir.

-Ah ok. -falei meio triste, mas entendia que ele não poderia ficar ali o tempo todo-

Chegamos em nosso apartamento e meus irmãos haviam pedido para a sra Yumi, nossa diarista, preparar uma super mesa de café da manhã, até parecia com os aniversários de um de nós.

- Uau, pra que tudo isso?

-Pra mimar minha princesinha que está doente. - Ran falou e me abraçou de lado.

-Humm, Rindou disse que você estava bravo comigo -falei fazendo birra-

-S/n, você tem 17 anos, para de ser implicante.

-Você é um chato, nem parece meu irmão.

-Calem a boca vocês dois, porque estão brigando?  Não costumam fazer isso.

-Rindou brigou comigo ontem.

-Porque você precisa ser mais cuidadosa, não quero mais ter que me preocupar com essas coisas.

-Eu sou cuidadosa, foi apenas uma situação.

-Parem de brigar e se resolvam logo. -Ran falou autoritário e Rin veio me abraçar, como se nada tivesse ocorrido-

-Mimada... te amo tanto -ele disse me rodando no ar-

-Eu te amo só um pouquinho.

Tomamos café e eu fui para o meu quarto descansar. Olhei meu celular e não havia nenhuma mensagem recente do kei, então decidi perguntar se ele estava bem.

-Amor, tudo bem?
Eu já cheguei em casa, se quiser, passa aqui mais tarde...

Esperei alguns minutos e não tive retorno, então acabei dormindo.

Baji - YoursOnde histórias criam vida. Descubra agora