"Reclama que eu me afastei mas me tratava como segunda opção."
Júlia.
Ando de um lado para o outro no quarto, três caixas de teste de gravidez estão sobre a cama, intactos.
Eu esperava o Rafael mas ele estava demorando mais que o combinado, penso se não é melhor fazer sozinha.
Pego o celular e disco seu número, chama 1,2,3 vezes e cai na caixa postal.
Disco novamente e o mesmo acontece.
– Que droga, Rafael! – Será que ele ficou na faculdade por mais tempo e esqueceu de me avisar?
Posso esperar mais um pouco? Posso, então espero.
(...) Quase duas horas depois.
Tenho certeza que não ele não vai vir, pelo menos não hoje e se o celular descarregou não vamos conseguir conversar, então com a coragem que me resta pego os teste e entro no banheiro, faço os três igualmente e espero os 5 minutos passarem, fico parada na porta do banheiro.
Meu celular toca, indicando uma mensagem, penso que é ele e abro praticamente correndo, era um foto de um número desconhecido."Nem meu, nem seu. Que ele não reencarne dessa vez e siga morto, faça a sua parte e se mate também."
Abro a foto, Rafael está com as mãos e os pés amarrados, pálido, os lábios roxos e tem sangue na cabeça.
– Não meu Deus, não! – Sussurro, ele estava morto, o meu Rafael..
Ergo os olhos cheios de lágrimas e encaro os testes, dois traços nos três. Positivo.
Eu estava grávida e o Rafael morto, me deixou novamente, ele prometeu que não deixaria e deixou.
O passado se repete.
Caio de joelhos no chão com as mãos na barriga, não consigo parar de chorar, não consigo respirar.
Não posso viver sem ele.A sensação, eu nunca vou esquecer aquela sensação, de fraqueza, de impossibilidade e o medo, eu tremia tanto que nem respirar me era permitido.
Senti como se meu mundo tivesse desabado, como se tivessem arrancado uma parte de mim, uma parte muito importante, uma parte vital.
– Por favor, Deus, por favor, não tira ele de mim novamente.– Suplíco, eu estava de joelhos no chão, aos prantos, implorando que o criador me devolvesse a vida.
Olho os teste de gravidez que agora estavam sobre minha cama, meu olhar então se afasta dali para a minha gaveta, eu guardava frascos de remédios ali, remédios que eu usava quando doente mas que depois que eu melhorava, não tomava mais e por isso guardava.
Me levanto do chão, devagar vou até a gaveta e a abro, meu coração acelera como um maluco no peito.
Será que doiria? Não importa, nada é mais forte que a dor queimando meu peito, nada é pior que viver sem ele, eu demorei tanto pra achar ele, tanto pra gente ficar junto, tanto pra ambos ceder e acabar assim, não é justo, e sei, mas se eu quiser reencarnar novamente, se eu tiver a chance de ficar ao lado dele novamente, eu faria!
Aquela dor imensa estava me cegando.
E eu aceitei, se for para ambos morrermos, que assim seja.
Não me sobrou nada.
Pego os três frascos de comprimidos que eu tinha ali, os abro e viro aquela quantidade de remédios na mão, provavelmente uns 60 comprimidos ou mais.
Fecho os olhos e aperto os comprimidos na palma da minha mão.
– Me desculpa Rafael, eu achei que era forte mas não sou, julguei tanto a Laura pelo que fez e agora estou aqui fazendo novamente, eu a entendo agora, viver sem o amor da vida dela seria pior do que a morte, seria morrer um pouquinho, dia após dia, então farei isso por nós, para que nos encontremos novamente na próxima vida que vier, procure por mim e eu garanto que acharei você.
Abro a boca, pego um copp de água com a mão livre, olho os comprimidos, estava pronta.
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Why don't you stay?
FanficWhy don't stay? (Porque você não fica?) Ano 1950. Luan e Laura eram prometidos um ao outro, ele, um homem comum, vendedor de pão, filho único. Laura tinha dois irmãos pequenos e junto com seus pais fazia o que dava para não morrerem de fome na po...