O acaso é o culpado

Capítulo 1

São Paulo, 1980

Sábado; 08:00 AM

Acordo sentindo o sol batendo em meu rosto e o calor das cobertas fazendo meu corpo suar em todos os lugares. Abro os olhos ainda sonolenta, esticando os braços para desligar o despertador que não para de gritar. Me sentei na cama respirando fundo, pensando no novo dia que começaria. Levanto-me andando devagar até o banheiro, aonde retiro a roupa a colocando dentro do cesto de roupas e em seguida, abrindo o chuveiro tomando um banho relaxante.
  Após o banho, me enrolo na toalha saindo do banheiro andando até meu quarto. Pego a roupa que já havia escolhido na noite passada e a visto. Em seguida os coturnos, aliás, eu só uso coturnos. Penteio os cabelos, passo a maquiagem em meu rosto, fraca, pois vou trabalhar. Chegando na cozinha, abro a geladeira pegando uma caixa de leite, Nescau e uma manteiga. Puxo a cadeira e me sento abrindo o pacote de pão, começando a tomar meu café.

09:30 AM

Termino de dar uma arrumada na casa e vou até o telefone para ligar ao meu pai. O mesmo atende e me diz para esperar que em dez minutos estaria aqui para me buscar. Meu pai sempre me leva trabalhar nos finais de semana, no pesqueiro aonde faço freelance. Como fica muito longe de minha casa, na saída da cidade, é bem difícil de ir e sempre tento pagar para meu pai, mas ele nunca aceita, apenas me ajuda de bom grado.

18:30 PM

Após um dia longo e exaustivo de trabalho, volto para a casa junto de meu pai que me deixa em casa e logo vai embora. Hoje é sábado, vou sair com alguns amigos, estou cansada mas não estou morta e quero aproveitar minha noite, afinal, ninguém é de ferro e muito menos eu que sou sagitariana e adoro uma farra com muita bebida. Ligo para minhas amigas, confirmando o local aonde vamos nos encontrar e como sempre, na praça da cidade, porquê é o ponto realmente de encontro nosso. Após tomar um banho, vou até a cozinha preparar algo para comer, faço um omelete enquanto o macarrão cozinha, a melhor coisa de morar sozinho é que não ficam muitos pratos para lavar, até porquê eu sou a preguiça em pessoa. Olho no relógio e percebo que já são 19:45, então decido começar a me arrumar. 

Procuro algumas roupas, mas nada me agrada, então decido cortar uma camiseta preta e usar uma saia jeans escura, seguida de minha jaqueta jeans clara, meia arrastão e claro, meu coturno plataforma 5cm de salto. Por ser baixinha, sempre optei por comprar coturnos ou tênis com um pouco de salto, não que eu odeie ter 1,50 de altura, mas, ás vezes me sinto melhor tendo 5cm a mais. Vou para o banheiro aonde começo fazer meu delineado gatinho e ajeito minhas tranças. Terminando de me arrumar, corro para a cozinha, eu sempre esqueço a comida no fogo! coloco o macarrão com molho no prato que estava o omelete e começo a comer rápido, pois eu sempre chego atrasada nos lugares, mas não é por opção, eu juro. Assim que acabo de comer, coloco tudo dentro da pia e volto ao banheiro para escovar os dentes. Tudo pronto, é hora de pegar minha mochila pequena no mickey, trancar a casa e sair para a farra. 

João Henrique 

20:00 pm 

Saio do trabalho super cansado, meu patrão é baite de um filho da puta! de verdade, aquele cara só sabe encher meu saco e dos caras que trabalham comigo, tô por um fio de deixar ele na mão e vazar daquele lugar. Preciso beber e esquecer essa merda de dia. Vou até o orelhão mais proxímo e ligo para a casa do meu melhor amigo, o Magal. Ele já estava para sair de casa e disse que iria vir me encontrar em frente ao trabalho, isso sim é amigo. Me sento em um banco da praça, esperando ele chegar. Acendo um cigarro e fico olhando as pessoas passando, levando suas vidas monótonas. Isso é um saco! hoje eu tô muito estressado, credo. Na real, eu queria mesmo era uma gatinha pra passar o tempo comigo e mimar ela, ás vezes a vida de solteiro cansa. Meu amigo Magal já arrumou uma mina pra ele, a loirinha é legal e os dois se dão bem pelo que eu vejo e nossa, eu queria uma mina pra chamar ela pra ir em casa ver um filme tomando um vinho. Minha ex era insuportável, deve ser por isso que larguei mão, ninguém merece.