Capítulo 2

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Eu acho que estou perdendo o controle
Tudo fora de controle
Por que você apareceu na minha vida desse jeito?
Closer, 2022

Eu sou o que? Um stalker? Um adolescente? Será que tô achando que tô em algum tipo de drama? Pela cara que meu hyung está fazendo acho que ele está pensando semelhante, saímos do museu e viemos para esse café, estamos do outro lado da rua encarando a entrada à pelo menos cinco minutos. E então me veio a mente.

- E se ela tiver num encontro? - pensei em voz alta

- Nesse horário? Encontros são geralmente noturnos - meu cúmplice respondeu, se divertindo com a situação.

-É, faz sentido, mas não sei o que fazer, como agir - qual era o meu problema? - e se eu parecer um stalker?

-E se você parece só alguém entrando casualmente num café pra fazer uma refeição? - disse revirando os olhos, a ironia era palpável - Você já está na vantagem.

-Que seria?

-Aigo, ela já te conhece e gosta de você - respondeu como se fosse obvio- as vezes parece que você realmente esquece quem é

-Aish, não pensei nisso - fico pouco envergonhado

- Ok, porque não entramos, fazemos uma boa refeição, você vê a garota e eu consigo comida, todo mundo feliz - mas prático e didático impossível, ele tomou a frente e atravessou a rua sem me dar tempo pra responder.

O cheiro de café nos deu boas vindas, poucas mesas ocupadas, escolhemos uma no lado oposto onde ela estava, fomos rapidamente atendidos e então pude absorver a cena que acontecia próxima às imensas janelas de vidro do local. No sofá estavam um homem na casa dos 40 anos provavelmente, usava um blazer alinhado, cabelo curto com um enorme topete grisalho, barba cheia e bem feita, alternava a atenção entre a "garota do museu" e o celular, com ele tinha uma mulher com longos cabelos loiros e sorriso dócil, estava usando um terninho azul escuro e tinha uma ótima postura, estava totalmente focada no que a garota à sua frente estava falando, sorria e concordava.
A "garota do museu" falava e gesticulava, alternando a atenção entre o homem a mulher e o macbook a sua frente, estava sem o casaco pesado, usava uma regata de gola alta,seus cabelos estavam presos no alto da cabeça por um palito e alguns fios rebeldes se desprendia do penteado improvisado, ela usava uma franja a qual estava impecável, seus olhos amendoados combinavam perfeitamente com as maçãs do rosto salientes que a fazia fechar os olhos quando sorria e o nariz pequeno e arredondado era salpicado com pequenas sardas, tinha lábios finos e o rosto arredondado, o uso de maquiagem era mínimo. A conversa estava animada com base no quanto ela falava e sorria. Já vi a garota, não tenho um plano, porém, tenho um imenso café gelado a minha frente, isso é um começo.

Estava me sentindo um péssimo amigo, já que não estava sozinho, mas não tirava os olhos dela, quando nossa refeição chegou, consegui me concentrar um pouco no meu hyung, ele ficou tão entusiasmado quanto eu, as obras, às ambientações, tudo como foi disposto. A curadoria daquele lugar era impecável, perfeito. Não vou negar que apesar de amar estar entre as obras, fico um pouco apreensivo e tento me mover com o máximo de cautela, acho que o desastre é o meu carma, então sempre procuro ter um cuidado a mais. Poderíamos ficar horas falando sobre arte e já o fizemos diversas vezes, contudo precisávamos ir em busca do terceiro membro da nossa "pequena excursão" que chegaria dali algumas horas no aeroporto, quanto a garota? Olhei novamente ao redor e não a vi, me senti um pouco frustrado,mas, talvez tenha sido melhor assim. Levantei pra ir ao banheiro antes de seguirmos para o aeroporto, o lugar agora estava mais cheio e o fluxo de garçons circulando era maior, uma figura pequena vinha saindo de um dos banheiros de cabeça baixa concentrada no celular, atravessando o caminho de um garçom com uma bandeja ligeiramente cheia, a colisão era visível tanto quanto a bagunça que tudo aquilo iria gerar, acelerei a passada, peguei-a pelo braço e a puxando pra junto do meu peito, lhe tirando assim do caminho do garçom, tudo aconteceu muito rápido, até perceber que minha mão estava na sua cintura a outra no braço, suas duas mãos apoiadas no meu peito e seus olhos me olhando em pânico. O pânico tomou conta de mim, eu estava tocando numa mulher, sem a permissão dela e ela estava apavorada com isso,a soltei instantaneamente, o que acho que foi mais um erro, pois ela acabou caindo sentada no chão. A cena estava formada, ofereci a mão pra ajudá-la a levantar ao mesmo tempo que outros dois homens também, olhei ao redor e éramos o centro das atenções, droga como sair dessa situação? Ela apoiou na minha mão um pouco sem graça com toda a situação, dispensado a ajuda dos outros e dizendo que estava tudo bem.

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