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Cara

O Sol brilhava lá fora, me fazendo acordar mais cedo do que eu pretendia, meus olhos foram impedidos de permanecer fechados, vejo algumas folhas mechendo com o vento, não tinham um movimento brusco, aparentando o vento não estar tão forte.
O espelho mostrava um rosto acabado e cansado assim que acordei, mechi no olho na forma de tentar parecer menos que estava tão exausta. Olho ao redor procurando algo para vestir antes de ir ao banheiro, pego um roupão que antes estava jogado no chão perto de uma revista de alguns anos atrás, ando até o meu banheiro com o intuito de poder tomar um banho, pois tenho uma lembrança que não pude tomar ontem.
A água cai em minha pele me dando uma sensação de conforto e segurança, como se mesmo que apenas algumas gotas sejam tão fracas, juntas elas rompem barreiras, dando a mim o sentimento de que nada pode me acontecer. Fico sob a água por alguns minutos relaxando meus músculos e fazendo meu coração desacelerar aos poucos.
Lembro de que preciso pagar créditos de água e encerro o banho, pego a toalha e passo pelo meu corpo cautelosamente com o intuito de secar-me.
Do lado de fora do banho, avisto meu calendário, e toda a paz que tinha se afasta abruptamente, largando um coração acelerado em meu peito, por mais que eu soubesse que não poderia parar o tempo ou ao menos desaceleralo, ainda me sinto desconfortável e ansiosa em relação ao Símbolo.
Acalmo-me e ponho minhas roupas, algo como uma calça velha jeans e uma blusa de manga comprida num tom verde desbotado.
Saio do meu quarto finalmente e caminho em direção à cozinha, como sempre a casa está extremamente bagunçada, com alguns créditos de comida e água na mesa de centro da sala, latas e garrafas de cervejas baratas pelo chão e revistas antigas espalhadas sobre a bancada.
Observo de relance uma matéria na revista de cima: "Bomba atinge a antiga região conhecida como França, na Europa, danos críticos colocam a OMSG em estado de alerta a respeito de um possível ataque a países de maior expressão mundial", a matéria é datada de 2032, alguns anos antes de eu nascer, lembro-me de sentar a mesa da cozinha com minha mãe e avó para ouvir um pouco sobre como o mundo era antes das guerras e conflitos, sobre como éramos livres e possuíamos direitos capazes de nos proteger de outras pessoas, mas tudo se foi depois que os ataques começaram. Primeiro foram destinados a pequenos países na antiga África, algumas semanas depois tivemos o primeiro ataque à Europa, um antigo país chamado França, depois disso, nunca mais fomos os mesmos, cada vez mais ataques surgiam e a nova ordem foi acionada. O mundo não é mais como era antigamente, e mesmo que quando nasci não houvesse nenhum tipo de resquício do mundo antigo, as vezes me imagino vivendo há quarenta anos e pensando como seria ser livre e talvez, até feliz.
Pego uma banana e uma xícara de café morna, e começo a comer.
Ouço um barulho de vozes altas pela janela, algo como berros de desespero vindo da casa do vizinho, tento me lembrar o que poderia causar tal estardalhaço, então vem-me a mente que dia é hoje. Me apronto e abro a porta rapidamente e saio da minha pequena casa branca, correndo pela calçada e indo em direção à casa da vizinho:
-Você precisa vir com a gente, é sua obrigação.-O Guarda da Fundação falava de forma ríspida com o jovem Fillian, que tinha o rosto com aparência de raiva e medo extremo, e todas as suas aparentes emoções possuiam justificativas claras. Ele estava com medo por não saber se sairia vivo da guerra, e com raiva por se sentir impotente e forçado a fazer algo que ele nunca faria por conta própria, matar a custo de uma guerra inútil.

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