A vida passada de uma Lady.

Capítulo-1 Lowen

Ouço o barulho do despertador ranger em meus ouvidos, com a música de Omar Apollo, meu cantor preferido desde quê eu me entendo por gente. Enrolo tanto para me levantar da cama que posso ouvir meu irmão de oito anos assistindo Give then a modern update na sala de star que fica justamente em baixo do meu quarto, após muita enrolação levanto de minha cama de casal -odeio ter cama de casal- não gosto do fato de ter que limpar todo dia uma cama cujo só dorme uma pessoa, ao menos se tivesse duas, eu não teria tanto trabalho e além disso eu não estou nenhum pouco interessada em me relacionar romanticamente agora, meu último ex me fez lidar sozinha com todos os problemas, enquanto eu o ajudava na sua pior fase. Justin e eu nunca mais tivéssemos contato, me relacionei com ele quando eu tinha meus catorze anos de idade -Ta aí os anos que não vou recuperar.- me relacionei com outros caras depois de Justin, nenhum deles me surpreendeu quando me deixaram, todo aquele sexo e bebidas me ajudaram a ter mais histórias para contar, mas não conto de fadas para viver. Caminho até o banheiro e fecho a porta quando me viro e me deparo com meu rosto ainda mais amassado que na manhã passada, meus cabelos estão sebosos e bagunçados o que me faz fazer uma careta e ir direto pro chuveiro, passei o banho todo pensando em como vai ser o dia do trabalho hoje, a empresa anda pegando muito no meu pé -tudo bem que sou só uma secretária, porém, como amiga de Denn eu pensei que seria mais respeitada- assim que desligo o chuveiro e me enrolo na toalha procuro por minhas pantufas de gatinho cor de rosa e quando não as encontro, me vejo segurando a vontade de berrar para que Filipy a traga para mim, ele sempre pega minhas coisas sem permissão.
Termino de me arrumar, só preciso comer minha torrada com os ovos e bacon, tomar meu suco de laranja, para que eu possa acordar, então desço as escadas e vou direto para a cozinha e já vejo minha mãe fritando os ovos e o bacon, não penso nem duas vezes e vou direto para o armário pegando um copo de vidro mediano e o suco na geladeira, procuro por ele mas não o encontro.
-O suco acabou.-diz minha mãe.-Tem mais um saquinho aqui.-Afirma, apontando para uma gaveta semiaberta.
-Obrigada, mãe.-Olho.-tem de laranja?-pergunto.
-Tem sim, comprei ontem.-afirma.
-Achei.-Digo, pegando o saquinho, tenho dificuldade em fechar a gaveta, mas felizmente  consigo e assim me levanto deixando o saco plástico do suco em cima da cômoda, caminho até outro armário e pego a jarra de suco vazia já colocando de baixo da torneira da pia, ligo, espero ele encher.
-Théo já foi pro trabalho?-Pergunto. Mas ela não dá uma resposta além de me olhar com um sorriso.-vou considerar como um sim.
-Pode levar Filipy para a escola hoje? farei hora extra hoje e não vou ter muito tempo de levar seu irmão.
-Claro.
-Ok. Obrigada.-Agradece já depositado o ovos e o bacon em cima do pão, ela pega o prato e o leva na minha direção, pego o prato e ela me dá um beijo na bochecha antes de se retirar da cozinha me deixando sozinha com meus pensamentos -gosto muito disso- na minha opinião, ficar sozinha é um luxo. Você pode ouvir seus pensamentos e cair nos seus sonhos, vou até a jarra e desligo a torneira, abro o saco plástico e coloco todo aquele pó de suco na jarra, pego uma colher grande e mexo e o despejo dentro do copo. Guardo a jarra e vou comer.
Minha mãe conheceu Théo quando Filipy ainda tinha um ano, sobre Théo tenho receio de que ele não gosta da minha mãe, mas ela é inocente demais para descobrir essa tal possibilidade, ele como um personal trainer, alto e jovem acabei por pegar várias vezes ele me olhando as estreitas, e por isso eu sempre me mantive a distância, decidi começar a frequentar à biblioteca do centro, assim não me encontraria com ele, acabei me apaixonando pelos livros muito cedo, até tentei escrever um livro mas minha falta de criatividade impediu que eu terminasse o primeiro capítulo. As vezes penso o que teria sido se meu pai não tivesse abandonado a minha mãe — abandonado a gente — Será que seríamos mais feliz? Será que eu seria desse jeito? Minha mãe seria assim? Essas perguntas nunca terão respostas, termino de comer e beber meu suco, ando até o banheiro para escovar os dentes, quando termino vejo Filipy entrando no meu quarto e colocando minhas pantufas no lugar — sabia que ele tinha pego. — ele já está arrumado, está até com gel no cabelo.
-Todo arrumadinho, gostando de alguém?-exclamo brincando.
-Tenho só oito anos.-Afirma.
-Me espere no carro, já vou descer.
-Não me faça chegar atrasado.-Diz ele saindo do quarto.
-Ok.
Termino de colocar os utensílios na minha bolsa, estou mais do que nervosa para ir ao serviço hoje mas não tenho tempo para pensar sobre isso, vou direto para o andar de baixo, pego as minhas chaves e saio da residência, fecho e tranco a porta. Entro no carro já o ligando, dirijo até a escola de Filipy, passamos a viagem inteira comentando sobre quem ganharia do Batman, será o Bob esponja ou a mulher maravilha? quando chegamos na escola de Filipy ele se despede com um aceno e corre até os amigos, vejo Ivan, como sempre usando sua camisa branca da prada, seus tênis olympikus e sua calça xadrez tartã, Ivan é o tipo de cara que transa no primeiro encontro e nem da notícias no dia seguinte,  éramos muito amigos até o dia em quê transamos atrás da igreja na véspera do natal do ano retrasado e ele não dar notícias por duas semanas. O vejo deixando a sua irmã na porta da escola e se vira na minha direção — merda, é tarde de mais para sumir? — tento fingir que não o vejo se aproximar mas fica impossível quando ele começa a dar pequenas batidas na janela do motorista com as pontas de seu dedo indicador, aperto o botão e o vidro abaixa, no mesmo instante Ivan já se debruça no vidro e fica me olhando com aqueles olhos azuis hipnotizantes — Odeio me sentir atraída por ele mesmo depois do que ele fez comigo.  — olho para ele e vejo aquele sorriso, as sombrancelhas grossas e o cabelo curto preto o que me faz bufar.
-Esta com pressa, Lowen?-Pergunta com sarcasmo.
-Não.-Respondo com ironia.
-Como tá a dona Ashley? Melhorou da cirurgia?
-Sim.
-Vai ter uma reunião dos secretários no trabalho hoje, vê se não se atrasa de novo.
— Babaca. —
-Não vou, agora licença, Ivan.
-Esta mais grossa do que ontem, ou foi delírio meu?- Fala com um sorriso no rosto.
-Ivan.
-Te vejo na reunião, princesa.-Diz ele se afastando do carro se virando e caminhando até seu Toyota Hilux vermelho.
Princesa? Princesa? Quem ele pensa que é para me chamar assim? Algum tipo de Deus grego? Ele é bonito, mas o que tem de bonito, tem de babaca, ligo o carro e vou até a empresa. Nem lembro qual foi a última vez que entrei nessa empresa sem ser vista como a "Secretaria aspirante da França", sinceramente acho ridículo julgarem alguém por sua nacionalidade, mas costumo ignorar os olhares e os comentários não solicitados. Quando estive aqui pela primeira vez, Sam e Penny foram os únicos que me acolheram, sendo honesta não entendo o que fez a gente se aproximar, Penny é mãe de dois filhos enquanto Sam passa os fins de semana bêbado ou fumando atrás do Mr. Hoppy Cabral, um bar quê vamos uma vez por a semana comemorar a repercussão de nossos produtos — seus produtos. — secretários vão apenas para comer ou beber uma cerveja amarga, o que eu acho uma maravilha pois não pagamos nada, todos ficam tão a animados que esquecem de dividir a conta — falei que acho uma maravilha? — meus pensamentos são voltados a realidade quando sinto uma mão pesada em meu ombro. Denn me olha com um sorriso aparentemente gentil em seus lábios medianos, é um dos sócios mais bem sucedidos da nossa marca, no momento está usando roupas sociais e seu cabelo como sempre bem arrumado.
— Me alegra quê a senhorita tenha vindo para a empresa, muito dos funcionários acabaram não vindo para a tal. – Diz ele, sério.
—Por quê muitos dos funcionários não vieram? – Ele meda um sinal para que eu o siga pelo ambiente. O sol vago batendo nos vidros azulados me causam uma certa aflição, pois todos os ventiladores estão desligados e o calor começou a fazer boa vinda.
—Questões pessoais, seja lá o que for iram perder a entrega de salário.
—Salário? – Viro-me para ele, surpresa.
—O  senhor Ryan decidiu se aposentar, irá nos dar dois meses de salário andiantado em compensação a sua escolha, quem ficarás no lugar dele, eu sinceramente não tenho certeza. Mas ficarei honrado em ter 4 milhões de dolores andiantados. – Afirma, animado.
—Ryan se aposentar? Nessa idade? Ele não é jovem de mais?
—Quanta curiosidade, Lowen.
—Desculpe. Só acho ele jovem de mais.
—Ele é jovem. Agora, me acompanhe até minha sala?
—Claro.
    O sigo pelo salão, até chegar em sua sala. Mas admito estar levemente preocupada com o que me aguarda.