Entre Mil Motivos Para Morrer, Meu Único Para Viver

Jeito chato

07:10 AM - Quarta-feira

Escola EMEF ABL

— Bom dia turma. Hoje teremos uma aluna nova — Esse costume chato da professora de matemática de contar as coisas logo de cara é meio chato

Uma garota de cabelos lisos, loira e bem mais alta que eu se levanta e vai até o quadro

— Bom dia. Meu nome é Jessy, tenho 15 anos e espero ser bem recebida aqui — Coitada. Não sabe nem que a gente é o capeta e que eles tratam até a mãe mal

A garota se senta novamente e começa a conversar com o pior garoto da turma. Ele ilude a pessoa, diz que ama e tudo mais, e depois traí e ainda dá um jeito de sair como culpado e certinho da história

— Oiii — Do nada essa menina vem falar comigo. Levei uma susto enorme

— Oi — Respondi, num desgosto que só a peste

— Nossa, tá de mau-humor?

— Sim — Desaparece menina

— Triste. Qual seu nome — Ela vai ficar aqui mesmo?

— Esqueci — Mas que diacho chato

— HELOÀ E JESSY. QUEREM IR AS DUAS PARA A DIRETORIA? — Quase tomamos no meio do nosso cu

— Nós duas, vírgula, só eu, ela não fez nada — Muito respondona essa menina

— Como é? Quer que eu chame seus pais aqui? — Acho que ela quer hein

— Pode chamar, eles não irão vir mesmo — Queria a vida dela

— Jessy, pra fora de sala — Graças a Deus

Quando a aula finalmente acabou. Levantei, guardei meu material e quando ia sair de sala, adivinha quem me esperava lá? Ela mesma, a chatisse em forma de Jessy, me dando um susto

— Oiiiii — Ela deu um grito que só Deus

— AIII, QUE SUSTO — Nunca me assustei tanto na vida

— Quer ir embora comigo? — Ela perguntou. E como vocês obviamente imaginaram a minha resposta foi um belo

— Não — Já era de se esperar que minha resposta fosse assim né.

—Por favor. Prometo não te assustar mais — Pensando bem

— Beleza. Só não fala nada durante o caminho — Eu disse e saímos juntas. Até que foi legal não ir embora sozinha

— Ainda não sei seu nome — Vai ficar querendo saber. Não sou obrigada a responder

— Problema. Não vou te dizer — Disse na maior calma e simpatia do mundo

— Por favor, por favor, por favor, por favor, por fav- — Ela repetiu tanto que eu desisti, e a cortei

— MEU NOME É HELOÀ, TA FELIZ AGORA? — Que garota chata do caramba

— E sua idade? — Vai pra porra, para de fazer perguntas

— Não sei — Quer ver que agora ela vai insistir nisso também

— Como você não sabe? — Deixei ela no vácuo. Não aguentava mais suas perguntas

Depois de tanto andar chegamos em minha casa. Assim que chegamos, ela deu a volta e aí eu percebi que ela veio até minha casa para ter que voltar e pegar outro caminho. Essa menina tem o que?

— É sério que você me acompanhou até aqui, para ter que voltar e pegar outro caminho? — Que menina doida

— Sim. Não queria que você fosse embora sozinha. Então te deixei na porta da sua casa, e agora vou embora. Tchau. Até amanhã.

— Tchau. Morra pelo caminho, menina chata — A última frase falei bem baixo, para com que ela não me escutasse

— Não desejo o mesmo para você — Ela sabe leitura labial? Que merda

Assim que entrei em casa, fiz o almoço e fui para o meu quarto tomar um banho. Me tranquei lá dentro para ter ao menos um minuto de paz. Mas foi apenas um minuto mesmo, e esse foi o melhor minuto que eu já tive dentro dessa casa.

Se passou um minuto desde que me tranquei, e ouvi meu tio abrir a porta com a chave reserva

— Ei gostosa — Odeio quando ele me chama assim. Me sinto suja, me sinto feia, me sinto triste.

E outra vez aconteceu. Eu já estava tão acostumada que nem lembrava quando, nem onde e nem como começou. Só tenho lembranças dos meu oito anos pra cima. E sei que com oito anos isso também já acontecia

Após ele terminar o ato, com bastante dificuldade, eu levantei, limpei o quarto, lavei as roupas e tomei outro banho. Me jogando na cama e dormindo pelo resto do dia. Fazia muito tempo que não tinha um sono tranquilo

Até que gostei de vir embora com a Jessy. Ela vir embora comigo foi o que animou um pouco do meu dia. Tirando seu jeito chato

Continua...