PRÓLOGO

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A poltrona G12 estava vazia....O que era estranho levando em conta o quanto aquela sala de cinema estava cheia.

Quando comprou os ingressos G11 e G12, Felipe não imaginava que a poltrona do seu lado não teria um acompanhante. Ele tinha reservado os lugares com antecedência pois estava conversando com um garoto que conheceu naquele aplicativo frustrante de relacionamento, que só encontrava pessoas com conversas sem conteúdo, que quando não vinham com um papo genérico de "curte o que?" apareciam idiotas que sem nenhuma cerimônia já iniciava a conversa contando como tinha curiosidade em ficar com um homem trans. Entretanto, Felipe acabou concluindo que aplicativos de relacionamento nem sempre são frustrantes e tóxicos, já que esse cara parecia diferente.

Conversaram por semanas, e quando marcaram o encontro para irem assistir um filme, ele enviou sua parte por PIX para que Felipe fizesse a compra dos ingressos. E mesmo tendo levado um "bolo", não foi o suficiente para que desistisse da sessão. Sentou-se então na poltrona G11, deixando a G12 vazia, separando-o do até então desconhecido Eduardo.

Já Eduardo, se sentou na poltrona G13 pois era a única disponível na parte superior da sala - ele odiava as cadeiras da parte de baixo, a necessidade de precisar olhar para cima, quase que debruçando o pescoço na poltrona, lhe causava desconforto. Quando se sentou ao lado daquela poltrona vazia, se conteve e esperou um momento para que tivesse certeza que ninguém apareceria para ocupar o local, e com uns quarenta minutos de sessão, enfim teve coragem de perguntar para o garoto que estava a uma poltrona de distância à sua.

-Será que não vai aparecer ninguém aqui - cochichou ele apontando para a poltrona G12. - Minha bolsa está pesada e está machucando os meus pés.

-Não, não vai aparecer ninguém não, essa poltrona aí era do babac... da pessoa que viria comigo, pode colocar sua mochila aí sem problemas- afirmou Felipe em cochicho, para não atrapalhar a experiência cinematográfica das pessoas que ocupavam as poltronas que rodeavam os dois.

Esse foi o primeiro diálogo de Felipe e Eduardo, ou Lipe e Duda, que em um futuro não muito distante, se tornaria a forma que um chamaria o outro.

Mas naquele momento...

Naquela sessão...

Naquele cinema... eram apenas dois desconhecidos. 

Poltrona G12Onde histórias criam vida. Descubra agora