Estava escuro. Muito escuro. A ponto do jovem não conseguir enxergar a estrada nem mesmo com o farol alto ligado.
Ele se encontrava sozinho, sem ninguém ao seu lado, nem fisicamente, muito menos emocionalmente.
Tinha acabado de fugir daquela cidade repugnante.
Abandonou sua mãe, ah, sua mãe, sua doce e querida mãe. Às vezes podia ser durona e irritante, mas sempre estava ali para ajudar quem sequer precisasse, dava ótimos conselhos e não suportava injustiças, o jovem loiro admitia: ele a admirava tanto.
Abandonou seu pai, oh, seu pai, seu amável e leal pai. Nem sempre presente por conta do trabalho, mas sempre um ombro de apoio, este era realmente necessário em qualquer situação de conflito: sabia acabar com uma discussão apenas com sua presença acalmante.
Abandonou sua escola, ugh, a escola, seu antigo inferno. Toda vez que pisava naquele lugar tinha que obrigatoriamente pôr uma máscara de superioridade a todos. Sentia a necessidade de tratar os outros mal para se sentir um pouco melhor, nem sequer entendia o porquê, apenas sabia que "precisava" fazer aquilo. Todos o odiavam lá. E você pode ter certeza de que este sentimento era recíproco.
Mas qual sentido teria a vida agora, se tudo que ele amava e odiava estava no passado? Sim, no passado, mortos no passado.
Seus pais morreram com um ataque terrorista de super vilões.
E sua escola? Ele já tinha se formado no último ano, não iria voltar naquele inferno nem que o pagasse.
Abandonando o túmulo de seus pais naquele terror de lugar, ele sentia culpa sim, mas um pedido de desculpas baixinho conseguiu fugir dos lábios do garoto enquanto por um impulso de angústia, entrou em seu carro: um Cadillac vermelho 1969, o qual foi dado de presente de aniversário por seus pais, era o sonho do pai o ver dirigindo tal automóvel. Sentiu um aperto gigante no peito, decidiu despejar toda aquela dor no acelerador e adentrou a estrada do bairro.
Estava de noite, não olhava para os lados, não queria ver aquelas casas, não queria ver aquelas árvores, não queria ver aquele lugar, nem que fosse sua última chance de ter aquela visão.
Odiava aquele lugar, queria se livrar dele o mais cedo possível.
Sem rumo, apenas dirigindo, avistou uma placa que refletiu a luz do farol, já entendia que dali em diante não estava mais dentro da cidade.
Do tamanho de uma gota d'água, surgiu no seu coração um pouquinho de esperança e liberdade. Foi agradável aquela sensação, fazia tempo que não sentia algo assim antes.
Depois de umas 2 a 3 horas apenas dirigindo, o jovem sente sua cabeça doer, doía muito, era irritante, sentiu sua pressão levemente cair, a visão ficando escura dificultava mais ainda ele a dirigir, isso tenha ocorrido talvez por conta de sua última refeição ter sido um sanduíche antes do meio dia.
Depois da morte de seus pais, o garoto não ligava mais para sua própria saúde, nem se importava se comia ou não.
Logo viu uma luz, uma luz forte, mas distante, era uma luz bonita. Aparentava ser uma casa, não, uma mansão. Poucos segundos depois da dedução, ele leu a placa "Hotel California".
Ele estava cansado, reconhecia isso, ele nem tinha pensado em onde iria dormir. Não pensou nem em fazer malas, quem dirá em arrumar um lugar para ficar.
Sabia que se tivesse que parar, iria dormir alí mesmo no carro.
Mas teve sorte, encontrou um hotel - convenhamos, muito, MUITO bonito - para ficar, não se importava quanto era, ele podia pagar qualquer quantia de dinheiro, além disso, era apenas uma noite mesmo.
Estacionou o carro em qualquer lugar por ali, era bem vazio na verdade, dava até um pouco de medo, mas precisava se mostrar confiante para não parecer um perdedor que morava na rua. O que não era lá uma grande mentira.
Estava caminhando para entrar no lugar quando avistou uma figura masculina, tinha um corpo um tanto bonito, cabelos vermelhos como seu próprio automóvel, tinha um expressão serena e solitária em seu rosto, que apesar da mesma, era um rosto muito bonito, verdadeiramente adorável de se ver. De cabeça baixa, pelo visto não tinha ouvido o carro chegar e estacionar.
Estava fumando de olhos fechados, parecia não gostar de fumar, mas o loiro encontrou dentro de si um sentimento de conforto e acolhimento ao ver aquela pessoa.
- Com licença? Você trabalha aqui? - meio receoso, ainda teve alguma coragem de perguntar ao outro, iria o chamar de "senhor", mas quando chegou mais perto, percebeu que aquele aparentava ter quase a mesma idade que ele.
O de cabelos ruivos, pareceu meio assustado com a voz repentina, mas tentou manter uma expressão neutra em seu rosto, então respondeu.
- Olá, eu trabalho aqui sim, mas... como posso te ajudar?
- Eu gostaria de passar a noite aqui, pelo visto é o único hotel nesse fim de mundo.
- Ah... verdade haha - o homem desconhecido começou a parecer mais simpático - Vem cá - Disse com um sorriso sugestivo para o outro - Você pode me acompanhar até a bancada então, por favor?
- Ah claro... - Respondeu o loiro, ainda com um leve receio daquele clima pesado e da áurea confusamente confiante do outro.
Foi entregue um cartão na mão do jovem, aquela era a "chave" do quarto que ficaria hospedado, também foi pedido que assinasse seu nome, mais especificamente seu nome completo, em um papel com uma prancheta estranha na bancada da recepção, no papel tinham alguns textos sobre serviços de quarto e outras baboseiras que o loiro teve muita preguiça para ler e apenas assinou.
O ambiente era escuro, porém frio, o ruivo tirou da mesa de canto um candelabro triplo, tirou um fósforo (sabe-se lá de onde) e foi andando e acendendo as velas.
"Pode me seguir, vou te guiar até seu quarto, o número é 4040, não esquece tá?" - O ruivo agora parecia uma pessoa bem simpática e alegre, ele tentava quebrar qualquer tipo de clima profissional ou assustador com uma simples frase e um sorriso meigo.
- 4040, huh? O número da esperança... Acho que faz um bom tempo que não ouço esse número.
O loiro parecia bem concentrado nos detalhes do ambiente enquanto andava, era um lugar bonito e antigo, o mesmo carpete em todos os corredores, as lâmpadas todas desligadas e muitas, muitas portas. Todas fechadas.
Foram andando em silêncio, subiram uma escada grande e larga, viraram algumas esquinas e adentraram em alguns corredores.
- Por que tão longe?? Este lugar é tão vazio que aposto que a maioria desses quartos estão livres.
- Desculpe, esse era o último quarto disponível. Todos os outros 4039 estão ocupados ou reservados, tenho certeza que muitos estão vazios, mas só precisam de manutenção e não podem ser usados, nunca tive tempo de conferir pra ver se é mesmo isso, sabe? Haha
- Oh... se bem que faz sentido...
- Me perdoe se isso soar invasivo, mas posso saber seu nome?
- Por que não me diz o seu primeiro? - o loiro rebateu a pergunta, ainda estava meio desconfiado, era de sua natureza não confiar muito nos outros.
- Meu nome é Eijirou Kirishima, pode me falar o seu agora??
- ... Bakugo, Katsuki Bakugo.
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HOTEL CALIFORNIA
Fanfiction๑˙AU - BNHA ๑˙KIRIBAKU SHIPP ๑˙Em uma noite vazia, o jovem Katsuki Bakugo teve que parar em um hotel, onde conheceu Eijirou Kirishima, ambos têm que sair deste lugar o quanto antes. Mas se não saírem, o que eles têm a perder? Precisam realmente desc...