Almas Gêmeas

✠°•°CAP |31|°•°✠

Izuku chegou na sua casa no início da noite. Não sentia vontade alguma de ir para a escola sabendo que seus amigos estavam no hospital se recuperando, mesmo que falasse com todos na sala, ninguém ali era seu amigo de verdade como Bakugo e Kirishima.

Jogando a mochila em qualquer lugar, Kemono correu para lhe cumprimentar, a filhotinha de Katsuki estava passando um tempo com eles enquanto o ômega estava no hospital. Shouto andava ocupado e pediu para cuidarem dela por pouco tempo, ele até deu um saco gigante de ração, aquilo duraria mais de 1 mês. Kemono pulou em Midoriya e depois ficou olhando para trás dele, como se esperasse mais alguém aparecer.

— Oi garota. Não são seus pais ainda, desculpa.

Acariciou o pelo macio dela ficando triste ao ver que Kemono deitava olhando para a porta. Em pouco tempo ela ficou apegada a Katsuki e Shouto, agora sentia muita falta deles.

Izuku deixou Kemono na sala e foi procurar por sua mãe e Hitoshi. Não demorou a encontrá-los no quarto da mais velha. Afrouxando a gravata, Izuku se aproximou notando a mala aberta sobre a cama. Hitoshi dobrava algumas roupas e as guardava na mala, Inko ajudava a fazer o mesmo. Izuku sentiu como se alguém houvesse jogado um balde de água fria em sua cabeça. Hitoshi precisava voltar.

— O que estão fazendo? - perguntou tentando disfarçar sua decepção.

— Oi querido, bem vindo de volta. - cumprimentou a beta com um sorriso carinhoso.

— Oi Izuku. - falou Hito, e sua voz era tão monótona. O ômega nem mesmo olhou na direção do namorado e continuou a dobrar as roupas.

— As férias de Hito acabaram semana passada, ele precisa voltar logo. - explicou Inko calmamente.

Izuku encarou o menor em busca de mais explicações. Não sabia que as aulas haviam voltado, na verdade, esperava que nunca mais voltassem e que Hitoshi ficasse ali. Já haviam conversado muito sobre isso, e mesmo assim, Izuku não queria deixar que se fosse. Depois de todos os acontecimentos das últimas semanas, o alfa ficava ainda mais nervoso. Depois do sequestro, Hito nem mesmo olhava pela janela, evitava sair e tinha problemas para dormir a noite. Mesmo que o menor tentasse esconder, Izuku percebia como ele ficava com medo de estar sozinho. Por isso Inko mudou o horário de trabalho outra vez, ficava o dia em casa e trabalhava pela noite, assim Hito nunca ficava sozinho. Mesmo com medo, ele queria partir e ficar nos EUA.

— É mesmo? Ele precisa se apressar então, não pode perder as aulas da faculdade. - respondeu forçando um sorriso.

Hitoshi permaneceu calado. Mesmo depois que Inko saiu e se despediu, o ômega não disse nada. Ele terminou de arrumar a mala e foi jantar com o alfa, e depois simplesmente foi se deitar. Izuku sabia que não era normal, precisava falar com ele.

Respirando fundo, o alfa entrou no quarto da mãe e deitou ao lado do namorado. Pela primeira vez, desde que chegou, Hitoshi olhou em seus olhos. Aqueles olhos que antes tinham sempre um olhar inteligente e tímido, estavam tristes e sem vida. O menor estava marcado com aquele trauma para sempre, e Izuku odiava não poder fazer nada.

— Fala comigo. - pediu o alfa levando sua mão até o rosto do ômega. Deixou que seus dedos tocassem a pele macia e perfumada da bochecha dele. Fechando os olhos, Hito aceitou o carinho de bom grado.

— O que você quer que eu fale?

— Qualquer coisa. Como está se sentindo?

— Com medo. - respondeu sincero.

Não se contentando apenas com aquele leve carinho em sua face, Hitoshi se aproximou mais do alfa e o abraçou.

— Então eu vou ficar aqui até que se sinta mais seguro. - declarou.