XI - Inimigo

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Acordo com um susto, acordo com falta de ar e suando. Levanto da minha cama ofegante como se eu tivesse acabado de voltar dos mortos. Está escuro aqui, mas ainda assim consigo enxergar o que está a minha volta. Estou no meu acampamento. Há uma fogueira ao centro que se encontra apagada. Tendo apenas cinzas, e do outro lado dela consigo ver Dorothea que está a dormir sossegada. Ela está sem a parte superior do seu traje, estando apenas de sutiã. Deve ser mais confortável para ela. De certa forma, eu me sinto aliviada de poder estar no mundo real e viva.

- '' está tudo bem? Parece assustada.''

De repente, eu escuto uma voz grossa e familiar vinda da escuridão. Instantaneamente coloco meus olhos no dono dessa voz, e eu avisto um grande e forte lobisomem de pelo cinza e olhos azuis, esse que me observa com um leve sorriso em sua boca e tranquilidade em seus olhos. Esse é Fenrir! Ele está bem! Não consigo evitar e deixo essa felicidade evidente em minha face. Eu solto um suspiro de alivio. Com as minhas pálpebras baixas, eu solto um sorriso de boca fechada em quanto suspiro o nome daquele que me fala.

- '' Fenrir...''

Em seguida, eu me arrasto para perto do lobisomem, e sem qualquer aviso prévio, eu me jogo em seus braços. Descanso a minha cabeça em seu peito forte e peludo em quanto eu o envolvo em seus braços. Dessa vez não há atrasos, e eu sinto o meu ato ser retribuído. Os braços fortes de Fenrir me envolvem em um abraço gentil e caloroso. Eu estou tão feliz em te ver. Consigo sentir Fenrir respirando em alivio em quanto seu peito infla e se retrai. Após alguns segundos, eu escuto a sua voz novamente.

- '' fiquei sabendo que alguém é a minha heroína.''

Diz Fenrir em um tom cômico. Eu me viro para olhar para o seu rosto, e ele me observa com um sorriso malicioso. Oh, provavelmente Fenrir acordou um pouco mais cedo, e a Dorothea deu todos os créditos do resgate a mim. Ver o Fenrir a me olhar dessa forma até me faz ficar corada, é estranho vê-lo sorrindo, mas acho que é de se esperar quando se esteve tão perto da morte. Desvio o meu olhar, e disfarçando a minha alegria eu digo:

- '' na verdade quem salvou a sua vida foi a Dorothea. ela é realmente incrível.''

Ainda com um sorriso, Fenrir revira os seus olhos, provavelmente ignorando tudo o que eu disse. Ainda não desfazemos do abraço. É um tanto engraçado, há alguns dias atrás eu nunca iria me imaginar nessa situação, eu até evitava chegar perto de Fenrir, e agora eu estou abraçada com um Lobisomem, inimigo da humanidade. Não quero deixar o meu guia desconfortável, então decido encerrar o abraço e me sento ao seu lado, em quanto ainda nos olhamos. Decido mudar de assunto, então pergunto:

- '' acordou agora?''

- '' Não, eu só não consigo dormir.''

Fenrir desvia o seu olhar de mim, e deita as suas costas ao chão em quanto observa o céu estrelado que nos cerca. Eu faço o mesmo, eu me deito ao chão e observo as varias estrelas no céu no escuro. Até que eu decido falar

- '' o que você está olhando?''

Pergunto ao lobisomem. Sem tirar os olhos do céu ele responde.

- '' estou vendo as estrelas.''

O céu é terrivelmente escuro, as nuvens ficam quase transparentes. É assustador, e sinceramente eu não consigo ver nada de tão interessante.

- '' mas está de noite, o céu é tão sem graça assim''

Escuto o Fenrir a dar uma leve risada, e então ele diz:

- '' você me ensinou a ver as nuvens, agora eu vou te ensinar a ver as estrelas.''

Fenrir aponta com o seu indicador para o céu e então diz:

Histórias De Inverno (A Chapeuzinho Vermelho e o Lobo)Onde histórias criam vida. Descubra agora