Isabela podia sentir uma grande energia emanando de seu mestre envolvendo a pedra. Verom tinha parado de falar e recitava um encanto em baixo tom, concentrado. A pedra de teleporte começou a estremecer e Isabela notou algo a mais perigoso. Pequenas partículas de energia vermelha saiam do corpo de Verom.
Isso significava que ele estava ativando uma habilidade que usava a sua própria vitalidade. A vitalidade, quando usada dessa maneira em técnicas, se esvaía da pessoa, reduzindo drasticamente seus anos de vida. Sem esquecer que Verom já era um homem velho e ainda estava extremamente cansado naquele momento.
― Mestre, o que está fazendo? Sua vitalidade está sendo drenada! ― disse Isabela querendo parar aquela técnica, mas se ela o fizesse estaria jogando todo o sacrifício de seu mestre pela janela.
Verom não se incomodou, ele continuou concentrado, lançando seu poder para a pedra. Essa era a única forma de salvar sua discípula.
― Nunca imaginei ficar nesse tipo de situação... Eu pensei que um dia eu poderia retribuir tudo que o senhor fez por mim, mas vejo o quanto eu fui tola ao acreditar nisso... ― disse Isabela tristemente, olhando de lado.
Verom continuou por mais alguns segundos enquanto Isabela ficou em silêncio, até finalmente parar. A pedra ficou parada no chão, pulsando em uma forte coloração de energia azul, indicando que ela estava pronta para ser utilizada.
― Sua retribuição a mim em forma de agradecimento será ter um vida plena e segura. Eu quero que fique com isso. ― disse Verom, estendendo seu próprio bracelete do infinito.
― Eu não posso... ― disse Isabela, olhando surpresa. Aquele bracelete carregava todos os bens adquiridos em vida de seu mestre.
― Eu vou morrer hoje e quem ficaria com isso seriam os inimigos. Eu não tenho família, Isabela, não tenho ninguém pra deixar esses bens. Só tenho você, que é como uma filha para mim. Aceite! ― insistiu ele, mantendo o bracelete estendido. Isabela relutou um pouco antes de estender a mão e aceitar.
― Com isso, tudo está feito. Eu desejo sorte em seus futuros caminhos. ― disse Verom, dando um passo adiante e envolvendo sua discípula carinhosamente em um abraço, enquanto lhe dava um beijo sobre os cabelos.
― Por que tem que terminar assim? ― perguntou Isabela tristemente, dando um abraço de volta em seu mestre.
― Não há jeito melhor de terminar. Vou morrer aqui hoje, mas você vai fugir e nunca vai deixar esses cretinos te pegarem. ― repetiu Verom. Ele disse aquilo várias vezes sobre morrer para que Isabela se conformasse,podendo superar sem pensar em vinganças futuras.
― O senhor fica repetindo que vai morrer como se não fosse nada! Pare de me dizer isso porque dói! ― disse Isabela com lágrimas nos olhos. Isabela dificilmente chorava por alguém, ela tinha um tipo de coração duro que só batia por Rael, ela só veio descobrir isso bem mais tarde. Mesmo agora, em uma despedida que deveria ser muito mais intensa, tudo que ela conseguia fazer era derramar algumas poucas lágrimas.
― Você sempre foi uma mulher forte e controlada, quando fugir quero que me esqueça e siga com a sua vida. Vingança não leva ninguém a nada, e não é esse o caminho que quero para minha discípula.
― Por que o senhor me escolheu desde o começo? Perguntei isso várias vezes, mais você nunca me respondeu antes. ― disse Isabela, se lembrando que quase foi morta a mando de seu pai.
― Por causa de sua habilidade de nascença, o escudo de chamas. Nesse mundo ele não existe. Essa habilidade que você carrega e esse seu poder com as chamas não parece coisa do nosso mundo. É como se você, mesmo sendo mais fraca, estivesse em outro nível. ― disse Verom.
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O Herdeiro do Mundo 2
FantasyRael, filho do patriarca da família Torres, nasceu sem o braço direito(TEMPORÁRIO), tornando impossível seguir o caminho de um artista marcial(cultivador), por isso o seu clã que era o maior dos cinco clãs mais fortes do continente sul, teve o nome...