205 - Veneno

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Rael e companhia voltaram do cultivo. Suas esposas foram apressadas para o banheiro, elas queriam tomar um banho caseiro reconfortante depois de passar tantos dias se banhando em um córrego. Rael, que tinha tarefas impostas por ele mesmo, foi diretamente para cozinha, expôs sua fornalha e alguns ingredientes em cima da mesa. Ele tinha que testar e ver se já conseguiria criar as pílulas de Cristal de Ureno perfeitamente.

Andréa tinha ficado em casa como pedido e mostrava-se feliz com o retorno de seus anfitriões, mas Mara já tinha lançado um olhar severo sobre Rael, o lembrando do inevitável, logo ela teria que sair da casa. Rael queria achar uma maneira de contar para suas esposas que agora estava gostando de Andréa e queria tê-la como esposa, o problema é que ele não sabia por onde começar.

Rael teria que inventar uma desculpa muito boa para não dizer que a maior parte de seu desejo era devido a beleza da moça, o encanto que ela parecia ter sobre ele era fora do comum. Outra coisa que valia mencionar é que, para todos os efeitos, Andréa ainda continuava desmemoriada e ela podia até já ser casada com outro homem. Se pelo menos ela tivesse recuperado as memórias, Rael já podia avançar de nível mais rapidamente sem medo. O fato dela não lembrar de nada era o maior problema.

― Você subiu tantos níveis de cultivo em apenas dez dias? Isso é incrível! ― elogiou Andréa animada. Na realidade, ela se tremia por dentro pensando em como Rael conseguia avançar tão rapidamente, que tipo de cultivo monstruoso seria aquele? Ela não perguntava diretamente, mas se sentia assustada.

―Eu preciso de mais poder, muito mais. ― disse Rael em resposta. Ele estava ocupado, preparando os ingredientes para pôr na fornalha.

― Poder para derrubar o patriarca e sua esposa? ― perguntou Andréa.

― Nesse momento estou mais preocupado com outra coisa. ― disse Rael pensando na futura guerra com os devoradores.

― Que tipo de coisa?

― Eu não sei se você acreditaria, então acho melhor não contar.

― Eu acredito em você, pode me contar o que quiser. Sei que não mente para mim.

― É porque eu também não quero assustar você, acho melhor não contar. ― disse Rael depois de alguns segundos pensando.

― Se você não quer contar, tudo bem. ― disse Andréa sem se incomodar muito. De todo modo, Rael não ia durar muito mais.

Andréa ficou de costas para Rael, ela tinha acabado de preparar um chá e, sem Rael ver, ela adicionou uma pequena garrafa com um liquido azul no chá escuro.

― ‘Dessa vez eu quero ver se você não vai morrer...’ ― pensou a moça. O veneno que ela estava usando era um tipo raro e se chamava Eterno Sono. Ele causava uma grande sonolência no indivíduo, fazendo-o parecer cansado. Então, assim que ingerido, a pessoa era tomada por uma súbita vontade de dormir. A pessoa dormiria suavemente durante umas três horas e morreria dormindo. Andréa planejava fazer Rael tomar e fugir assim que ele caísse no sono. Para todos os efeitos, ninguém iria perceber e ela fugiria sem problemas, quando fossem descobrir o que havia acontecido, ela já estaria longe.

― Eu espero que você tenha ficado bem esses dias, eu fiquei preocupado e com saudades. Estou tentando trabalhar em uma maneira de conversar com minhas esposas sobre elas aceitarem você. Eu definitivamente quero você como esposa.

― ‘Idiota, eu tenho nojo de você!’ ― pensou ela friamente.

― Não seja apressado, eu estou bem assim com você. ― disse ela suavemente por trás de Rael enquanto mexia o chá já envenenado.

― Em alguns dias Mara pretende te mandar embora. Ela deu apenas um pequeno tempo para você ficar aqui. Se até lá eu não conseguir conversar com ela, arrumaremos uma casa para você aqui no território até eu dar um jeito em tudo. ― disse Rael.

O Herdeiro do Mundo 2Onde histórias criam vida. Descubra agora