Jade
Quando voltei do ES, ponderei todos os aspectos da nossa relação. A intensidade como as coisas estavam acontecendo e optei por seguir o mesmo conselho que dei ao PA: não tomar nenhuma decisão precipitada. Avisei a ele que cheguei bem através de uma mensagem e reforcei o pedido para que deixássemos para conversar pessoalmente, que eu precisava daquela semana para mim, eu precisava entender tudo que aconteceu e aprender a lidar com algo que até agora eu nunca tinha passado. O PA realmente me deu o espaço que eu precisava.
Eu não me permiti pensar em todo o caos que aquelas fotos causaram na minha vida durante aquela semana. PA viria para São Paulo no fim de semana e eu não poderia mais fugir do assunto, eu precisaria encarar e nós dois juntos precisaríamos alinhar as nossas vidas, vontades, desejos e agenda e se ficar juntos fosse realmente algo que ambos quisessem, precisaríamos melhorar a comunicação entre a gente para que nunca mais fôssemos surpreendidos com algo como o que aconteceu.
Eu me escondi atrás dos milhares de trabalhos que eu tinha pra entregar e deixei que a Nina postasse e atualizasse as minhas redes, não aguentava mais ver no feed e nas marcações as milhões de especulações sobre tudo. Na quarta-feira terminei o último trabalho da semana e fui para Cotia, ficar com meu pai até o PA chegar, eu precisava de colo.
PA
Foi uma semana difícil. Tentei me concentrar nos treinos, mas não estava bem. Minha única preocupação era se a Jade me ouviria, me perdoaria, se a gente ficaria bem. Eu sabia como ela funcionava sobre segundas chances e isso estava me deixando cada vez mais ansioso.
Finalmente, o sábado chegou. Fui no primeiro voo do dia, queria chegar o mais rápido possível em São Paulo. A Nina tinha me dito que ela estava na casa do pai no interior e só voltaria para São Paulo no fim do dia, resolvi ir eu mesmo buscá-la. O Léo sabia que eu estava indo e avisou ao Sr. Carlos.
Eram 10 da manhã quando eu cheguei na porta do pai dela. Ele me recebeu com um olhar de questionamento e antes que ele me perguntasse algo eu falei:
- Eu prometo ao Senhor que não é verdade o que estão falando na internet. Eu não magoaria a Jade propositalmente. Eu amo a sua filha.
Ele me abraçou e disse:
- Eu sei, campeão, mas não é pra mim que você precisa dizer isso. É para uma menininha que tá dormindo no segundo quarto à esquerda e que só faz chorar desde que chegou aqui. Vai lá.
Eu abri a porta com cuidado e a minha melhor vista estava ali. A Jade era linda de todas as formas, mas dormindo ela parecia um sonho. Eu amava observá-la.
Ela se mexeu e despertou:
- Pai?!
- Não, Deja. Sou eu. Seu pai me deixou subir.
- PA? Mas você não chegaria à tarde? O que você tá fazendo aqui?
- Eu não aguentava mais ficar sem falar com você. Eu errei, Deja. Me perdoa. Eu prometo que nunca mais vou fazer nada para te magoar novamente. Eu te amo, Jade. Como nunca amei ninguém.
A Jade começou a chorar e aquilo partiu meu coração em mil pedaços. Eu não suportava vê-la chorando e ainda mais sabendo que a culpa era minha.
- Não chora, linda. Por favor. Não chora.
- Doeu tanto. Acordar com aquelas imagens, depois das promessas que fizemos um ao outro. Eu não preciso que você abra mão da sua vida e nem de longe é isso que eu quero, você pode ter suas amigas, sair com elas, mas eu não quero ficar de fora. Não quero que você me esconda as coisas. Não quero ser a última a saber. Não quero descobrir o que meu namorado faz através da internet.
- Nunca mais, eu te prometo.
- PA, eu sei que talvez você ainda esteja se adaptando a esse novo mundo, mas a internet é cruel. Por isso eu sempre prefiro contar a minha versão do que deixar que criem por mim. E eles costumam criar as piores e apesar de muita coisa me atravessar, sem me abater, mas em relação a você eu não consigo ser assim. Não quero que nosso relacionamento seja refém da internet.
- Não vai ser, Deja. Eu nunca mais vou fazer nada que te exponha dessa forma. Eu prometo.
- Eu acho que talvez a gente precise...
Meu coração parou por alguns segundos eu não tava preparado para o final daquela frase.
Eu a abracei. Apertei ela no meu peito, do lugar que eu não queria que ela saísse nunca mais.
- Não acaba essa frase, Jade. A gente tem muito pra viver junto ainda. Por favor.
- Hã?
Eu afastei pra olhar pra ela.
JADE
Os olhos do PA estavam marejados de lágrima. Acho que ele pensou que eu ia terminar com ele.
Eu trouxe ele de volta para o abraço.
- Eu só ia dizer que acho que a gente precisa expor menos o nosso namoro. Sei que é meio impossível, mas acho que a gente pode desacelerar as coisas nas redes e viver o real com mais calma. A gente se conheceu em frente às câmeras, nosso primeiro beijo foi assistido por milhões de pessoas ao vivo, assumimos namoro pra mais outros milhões de pessoas verem, eu realmente acho que a gente precisa viver mais off-line, a gente precisa disso. Era isso que eu ia dizer.
O PA só me beijou. De maneira urgente, concordando com tudo que eu falei. E estar ali com ele de novo, era como voltar a respirar depois de um mergulho longo.
- Eu vou ficar com você até o final, Deja.
