All of the Stars - WENCLAIR

Prólogo

     A morte.

    A mais irrefutável e temida dos conhecimentos banais e errôneos do ser humano. A única certeza que temos dentro de um mundo cruel, onde nem a própria vida escapa de uma magnitude sombria presente em cada passo, cada respiração, cada olhar. A morte, certeira e indomável, é o suficiente para amedrontar aquele que se diz o mais corajoso dos homens.

    Ela tem o controle de tudo, e tudo gira entorno da morte, a energia universal que puxa todos para ela, um buraco negro invisível, onde a vida, cheia de luz e aventura, resiste até sua última gota de existência para que sua aproximação demore o máximo, para ter o milésimo de segundo a mais antes do destino final, o núcleo cósmico responsável pelo terror da morte.

    Isso já é o suficiente para que o conceito da existência plena e pura seja modificado, por que agora existe o tempo, o impiedoso tempo antes da morte, que sempre estará lá, para lembrar-te sem nenhuma cerimônia, que você tem um dia a menos. É aterrorizante. A estaticidade chega e parasita seu próprio eu e te faz viver em constante medo. O tempo está acabando.

    Muitos caem na firme e grudenta teia da morte, com o tempo como guarda implacável.

    Mas eu não.

    O medo é psicológico, um mecanismo cerebral para te alertar do perigo, te afastar daquilo que pode ceifar sua vida de forma cruel. Mas em um conceito irrevogável de tempo e morte inevitáveis, o medo é inútil.

    Se vamos acabar no mesmo lugar, no mesmo destino, por que ceder a um sentimento que te faz assistir de forma incisiva o que te espera, um camarote sombrio e cheio de tortura?

    Sem medo, você luta. Sem medo, você enfrenta o invencível mesmo para que apenas sinta a adrenalina de enfrentar o mais poderoso dos deuses. E eu não tenho medo.

    Ao menos era o que eu pensava.

    E agora estava eu, caindo na escuridão, onde não tinha mais nada.

    Eu estava com medo.

    Eu, Wednesday Addams, não tinha ninguém pra me puxar de volta pra luz.