Capítulo 04

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Alya Potter

Quando foi que eu comecei a me importar com Draco Malfoy? Quando foi que eu comecei a nota-lo? Ou a sentir falta dele? Das piadas?  Até dos comentários desagradáveis? Draco poderia estar ali, mas definitivamente aquilo que eu enxergava não era ele.

O garoto estava magro, com olheiras profundas e roxas, pálido, faltava a maioria das aulas e estava sempre sozinho.

— No que tanto pensa ? — Harry questionou, roubando um pedaço de maçã caramelada do meu prato. Rony e Hermione estavam ao seu lado, Hermione comia a sua refeição calmamente e Ron parecia que não comia a meses.

— Não quero passar o natal com os Dursley. — Mentira! Faltava pouco mais de um mês para o natal e eu sequer havia pensando nisso.

— Ah, por falar nisso, mamãe disse para eu convidá-los. — Ron disse com a boca cheia de frango. — Vai ser um prazer recebê-los.

Harry sorriu animado, e eu também tentei parecer animada, mas a verdade era que eu não estava muito interessada no natal.

Meus pensamentos voltaram a Draco e seu comportamento estranho.

Draco Malfoy

— Cara? — Blaise me olhou com uma feição irritada, aparentemente ele falava a bastante tempo e só agora percebeu que eu não prestava atenção. — Você está viajando legal. Tá tudo bem ?

— Sim. Sim, eu só preciso de ar. Vou para a Torre de astronomia.

— Mas a gente tem aula agora.

Eu dei os ombros e continuei andando até chegar na torre. Notei que eu não estava sozinho. Talvez fosse até melhor assim, teria alguém para me impedir de me jogar da torre de astronomia. Não me toquei de quem era, a pessoa estava muito afastada e de costas, quase não dava para ver o seu rosto, porém, de qualquer forma, eu reconheceria aquele cabelo e aquele corpo em qualquer lugar.

— Matando aula? — Perguntei, me sentando e  tirando um cigarro do bolso e acendendo, puxando a fumaça e soltando. Eu não era muito acostumado a fumar. Na verdade, só comecei depois que recebi essa maldita marca, mas não fazia isso com muita frequência, só quando estava muito estressado.

Alya se virou.

— Eu precisava de ar. — Ela deu os ombros e se aproximou, se sentando ao meu lado. — Fumar faz mal, você sabia ?

— Sabia. — Respondi sem dar muita importância.

Alya me encarou, parecendo querer dizer algo, mas ficou quieta. Então, seguimos em silêncio por longos minutos. Eu tinha muita coisa para dizer a ela, mas tinha medo de começar a falar e não conseguir mais parar.

A marca em meu braço começou a doer, era como uma ardência leve para me lembrar sempre de que ela estava ali, me incomodava muito mas eu aprenderia a me acostumar.

— Você vai a Hosgmead no próximo final de semana ? — Alya quebrou o silêncio.

— Não.

— Fiquei sabendo que a  Ella da Corvinal iria te chamar para dar um passeio. — Ela disse com a voz um pouco sugestiva.

— Porque se importa? Essa com ciúmes, Potter ? — Eu perguntei tentando soar o mesmo de sempre e, soltei a fumaça pelos meus lábios.

Achei que ela soltaria uma piadinha ou diria qualquer coisa, mas ela ficou quieta, ficou apenas me observando fumar, olhando para mim como se quisesse gravar minhas feições.

— Até parece. — Ela sussurrou ainda séria, ainda me observando, mas sinceramente não senti firmeza em sua resposta.

Dei os ombros, sem muita importância.

— E você ?

— Não sei se vou. — Ela respondeu, desviando o seu olhar de mim.

— Fiquei sabendo que foi acompanhada pelo Longbottom no último final de semana.

— É, está com ciúmes, Malfoy? — Ela refez a minha pergunta em tom de brincadeira, querendo tirar o clima serio que se instaurava.

— Talvez. — Respondi sem pensar muito e ela pareceu muito surpresa com a minha resposta.

Alya ficou quieta novamente, olhando para suas mãos. Acho que ela só não queria olhar para mim mesmo. Notei que ela ficou muito vermelha com o que eu disse.

— Te deixei até sem palavras. — Eu disse sem muito humor.

Silêncio. Ela continuou olhando suas mãos como se fossem a coisa mais interessante do mundo.





— Draco?

— Huh?

Alya ficou pensativa, ela queria dizer algo, mas não disse.

— Nada. Não é nada.

Me levantei, caminhando mais para frente, observando melhor o céu. A quanto tempo eu estava ali ? Eu já não sabia, mas aparentemente a bastante tempo porque já estava anoitecendo,  provavelmente as aulas já haviam acabado, mas eu não queria sair daqui, apesar do vento gelado batendo no meu rosto, um calor estranhamente reconfortante atingia o meu corpo.

Alya se juntou a mim, ficando parada ao meu lado sem dizer nada, mas ela me olhava como se tivesse milhões de coisas para me dizer.

— Você me deixa confusa. — Ela sussurrou tão baixo que eu quase não conseguir ouvir. Eu me virei para ela, encarando seus olhos magoados e isso doeu tanto em mim que eu senti o ar faltar, como se alguém tivesse apertando o meu pescoço.

— Sinto muito por isso. — Respondi no mesmo tom.

— Você é muito complicado. 

— Eu sei.

— E eu posso morrer por isso...

— Não. — Eu tentei soar confiante, mas minha voz saiu falha. 

Acho que nos próximos segundos ela reuniu toda a coragem que havia em seu corpo, pois ficou nas pontas dos pés, me agarrou pela nuca e selou nossos lábios.
A boca dela tinha um gosto doce que provavelmente me deixaria viciado. Eu sabia que deveria ter recuado no momento em que ela se aproximou, mas algo em mim só queria ficar cada vez mais perto de Alya.

Ela se afastou de mim e quando eu pensei que ela voltaria a sua sã consciência e mostraria arrependimento, Alya me olhou nos olhos, minhas mãos ainda estavam em sua cintura, achei que ela iria se afastar, eu não a culparia por isso, eu sou uma completa confusão e eu não quero e não posso meter ela na bagunça que é a minha vida. Mas sinceramente, eu não tenho controle nenhum sobre o meu corpo quando os lábios de Alya Potter estão juntos aos meus. Novamente a morena ficou na ponta dos pés e voltou a selar nossos lábios.

All for you - Draco MalfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora