Agze bateu novamente na porta da solteirona, mas desta vez foi melhor recebido.
— Por aqui. — guiou pelo corredor e indicou o seu quarto. — Já não tem nada na base, já que o fundo se rompeu.
— Mas os cabides estão cheios. — apontou.
— Sim, mas pensei que não fosse um problema. — franziu.
— E como trabalho com uma pilha de vestidos roçando na minha cabeça?
A mulher concordou contrariada e começou a retirar os cabides e jogou em cima da cama.
— Com o peso de tantos vestidos, a cama vai ser a próxima a quebrar. — zombou e abriu a caixa de ferramentas. — Parece ter uma loja aqui dentro.
— São muitos anos de vestidos.
— Vejo que sim. — se abaixou.
Ela se sentou na poltrona do quarto e ficou olhando-o.
— Não precisa ficar me vigiando. — sorriu de lado sem lhe olhar.
— É melhor prevenir do que remediar.
— E vai ficar aí parada esperando que eu roube vestidos?
— Não roubará vestidos, mas...
— Quem sabe, talvez eu fique bonito. — zombou.
— Não creio que seja prudente e muito menos que caiba em algum deles. — desdenhou.
— Eu sou magro o suficiente, mesmo que a senhora precise que um pouco de carne a mais. — riu.
— A minha saúde está perfeita, obrigada. — cruzou os braços amuada com o comentário. Tinha espelho, sabia que era magra em excesso, ao menos o blush disfarçava a magreza de seu rosto.
Ele concordava com a cabeça. Um ruído cortava o silêncio e ele começava a martelar a madeira do fundo do armário.
Silvana ia buscar um livro para se distrair e voltava a se sentar. Buscava um copo de água a pedido e voltava depois de comer um bolo.
— Vim trazer o copo. — mostrou. — Já sabia o caminho, porém confesso estar magoado de não me oferecer bolo.
— O senhor veio trabalhar e não se aproveitar da bondade alheia. — pigarreou.
— A isto daria até o nome de educação. — sibilou.
— O senhor quer um pedaço de bolo? — resmungou e revirou os olhos.
— Eu aceito, óbvio. — puxou a cadeira e deixou a caixa de ferramentas em cima da mesa.
— Eu coloco num prato e o senhor come na vossa casa.
Ele sorriu e puxou o prato dela.
— Não vai me servir? — a olhou no fundo dos olhos e viu a mulher desconcertada. — Eu me sirvo. Para ir embora de barriga cheia.
— O senhor é muito abusado. — reclamou e cruzou os braços.
— E a senhora é amarga, cada um tem seus defeitos. — atestou, mordendo o bolo.
— Eu... — se preparava para discutir, mas não o fazia. — Eu vou buscar seu dinheiro.
— Sim, senhora.
Ele mastigava com vontade e se servia do refresco que estava em cima da mesa.
A olhou ir até ele e estendeu as notas. Ele a olhou não convencido.
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Magris A história de uma cidade
RomanceMagris: A historia de uma cidade se trata de um mundo mágico dominado há dez séculos por uma família originalmente bruxa, contudo Magris é uma das poucas cidades que está terminantemente proibida de fazer uso da magia ou da manipulação dos elementos...