A aposta era simples. Quem cantasse melhor ganharia. Porém, ele não se fez por satisfeito.
Baekhyun cuidou de tudo, organizou um evento no Colégio, o que a princípio eu não tinha a mínima noção. Foi ao chegar na manhã do dia seguinte, que descobri o quão enorme tinha se tornado aquela disputa. Havia um pôster. Algo grande o suficiente para ser fixado em uma porta inteira, e de fato eu vi este cartaz na maioria das entradas possíveis daquela escola.
O pôster dizia pelo o que estávamos disputando, e a minha escravidão estava exposta, tal como a promessa dele de se desculpar na frente do Colégio todo.
As pessoas que iriam escolher quem ganharia. As minhas chances se diluíam a cada segundo, ninguém gostava de mim.
Não saber daquilo me deixou irritada.
Arranquei um pôster por puro ímpeto, e corri a escola toda a procura-lo. Quando a minha adrenalina ameaçava de acabar, e eu pensava em desistir de encontra-lo, um comentário maldoso sobre a minha derrota eminente soava no ar e minha busca recomeçava.
Finalmente o encontrei. Baekhyun treinava boxe no prédio de esportes. O que mais eu deveria saber sobre ele?
Então, foi neste momento, vendo-o treinar em cima do tatame, desferindo golpes num inimigo invisível aos meus olhos, que me permiti hipnotizar por aqueles movimentos bruscos e precisos. Ele parecia realmente feliz. E eu nunca o tinha visto daquela maneira.
Minha raiva, adrenalina, o que quer que seja, se esvaeceu. E me senti um pouco vazia.
Baekhyun me viu, e parou imediatamente. Primeiro, surpreso. Depois, o sorriso, mas não um sorriso qualquer, um sorriso pleno, sem malicia. Fiquei sem ar. Aquele sorriso me tirou o ar. O que?
Balancei a cabeça desesperadamente retomando consciência do que estava fazendo ali.
"Você!" gritei, e apontei para ele.
Ele desceu do tatame.
"O que é isso?" estiquei o cartaz na ponta do seu nariz, e ele recuou.
Então riu.
"A nossa aposta." Afirmou, como se fosse obvio o fato de ter contado a escola toda, e o pior, um show. Era isso o que ele queria.
"Não combinei de cantar na frente da escola toda." Bufei.
"E como acha que seriamos julgados?" Baekhyun foi até uma mesa próxima e pegou uma garrafinha de água, bebeu alguns goles e virou-se para mim novamente.
"Não dessa forma." Aleguei.
"E o que poderia ser mais justo que uma democracia?" sorriu maroto.
"Não é justo. As pessoas vão votar em você, porque você é como um rei nessa escola." Julguei.
"Não sou como um rei, este é o Kai." Rebateu, caminhando até mim.
"Então você é o segundo rei, se ele é o dono da escola, você é filho do diretor." Cruzei os braços.
Falar de seu pai o fez perder o sorriso, e substitui-lo por uma expressão incomoda, e até nervosa.
Sim, Baekhyun era filho do diretor, porém todos fingiam não saber. E fui tão ingênua ao falar sobre o pai dele, que o coreano suspirou, ao invés de me bater bem forte com aquelas luvas de boxe. Mas eu não sabia o motivo do garoto odiá-lo. Não ainda.
"Não fale do meu pai." Disse seco. "E muito menos me compare a ele, não sou como ele." Alertou.
Estranhei aquelas palavras, e levantei as sobrancelhas.
"Não te comparei a ele eu só disse que..." comecei.
"Calada." Mandou Baekhyun, tirando finalmente, as luvas de boxe.
"Acho que devemos falar sobre essa aposta de novo." Conclui, esticando o cartaz até ele novamente.
Ele chegou próximo a mim, fui capaz de sentir o suor em seu corpo. Dei um passo para trás.
"O que quer dizer? Como acha que seria justo? Ganharei de qualquer forma." Disse passando as mãos pelos cabelos molhados.
"Convencido." Murmurei.
Ele deu de ombros, e mordeu os lábios.
"Porque?" perguntou. "Acha que pode ganhar? Sinto em lhe dizer, mas não pode ganhar de mim." Riu-se.
"Como pode ser tão convencido e tão arrogante?" limpei a garganta. "Devíamos escolher jurados." Sugeri.
"Os alunos. Esses são os jurados, sua anta." Ele pegou o cartaz e esfregou na minha cara.
"Os alunos, vai ser injusto." Segurei o pulso dele, tirando o pôster do meu rosto.
"Porque?" fingiu não saber, e fixou meus olhos.
Senti um frio na barriga, que arrepiou meu corpo.
"Porque... Porque todos gostam de você aqui, você ganhara de qualquer jeito. Tem que ser pessoas de fora." Apertei o pulso dele, foi quando percebi que ainda o segurava, o larguei imediatamente.
"Pessoas de fora?" repetiu. "Está levando isso muito a sério, não acha?" sorriu irônico.
Suspirei, e voltei-me para a saída, mas ele segurou meu braço. E eu paralisei.
"Já sabe o que vai cantar?" perguntou.
Não me dei ao trabalho de virar.
"Não." Respondi, o frio na barriga, de novo.
"Deveria pelo menos entrar no prédio Musical." Afirmou.
Me virei para o coreano devagar, os cabelos negros molhados, o suor sobre seu corpo, desviei os olhos imediatamente. Pensamentos importunos. Não. Limpei a garganta, e disse, com um sorriso, um tanto encabulado:
"Tenho que ir."
Ele me soltou lentamente.
"Não perguntou o que vou cantar." Observou.
"Não me importo." Falei, e tentei ir embora de novo, porém ele segurou minha mão dessa vez.
"Não se importa? Deveria se importar, não podemos simplesmente cantar a mesma música." Alertou.
"Não se preocupe. Não gostamos das mesmas músicas. " aleguei.
"Porque? Você é fissurada em música clássica? Porque se for, não precisamos nos preocupar mesmo." Ironizou.
"Quando eu decidir o que vou cantar, vou te dizer." Disse, me afastando.
Foi quando Chanyeol apareceu na porta, antes que eu saísse.
Ele nos encarou. Estava todo vestido de branco, como as mãos nos bolsos, e nos fixava com certa diversão nos olhos.
"Chan-chanyeol" gaguejei.
"Eu soube da aposta." Apontou para o pôster colado na porta da academia.
"Isso..." comecei, insegura.
"Não sabia que gostava de música." Se encantou Chanyeol.
"É eu..." meu rosto se avermelhou.
"Só um idiota não teria notado." Por um momento havia esquecido que Baekhyun ainda estava ali.
"O que?" perguntou Chanyeol, desentendido.
"Chanyeol, qualquer idiota que reparasse nela iria perceber. Ela tem música em todo lugar. Nos chaveiros bregas. Quando para na frente do prédio Musical e fica hipnotizada. Quando fica cantarolando nos corredores da escola..." Baekhyun parou subitamente, ao ver ambas as expressões de espanto, do outro coreano e a minha.
Chanyeol riu.
"Acredito que eu seja um pouco lerdo, Baek." Afirmou, com um sorriso.
Baek? Eles eram amigos? E quais são as chances do cara mais arrogante do Colégio, ser amigo do mais humilde?
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Love Hurts • Baekhyun •
Fiksi PenggemarTantos garotos no mundo. E eu fui me apaixonar justamente por você, Baekhyun. Seja menos frio. E nunca aposte o que você não pode perder. ➹ Baekhyun ➹