.Prólogo.

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O início.

O umbral estava uma verdadeira bagunça. A primeira Grande Revolução dos Nälkäinen havia sido iniciada, para o desespero de todas as demais entidades e guias que tentavam, à todo custo, conter a fúria dos espíritos famintos. Forças de todas as matrizes se reuniram em um conselho, em busca de uma solução para o caos que se instaurara na Terra. Humanos sendo usados como fonte de energia, deixados ao ponto de esgotamento de suas almas, tais quais clamavam por socorro de qualquer ser de luz que pudesse ajudá-las. Por onde um Nälkäinen passava, o que sobrava eram apenas sentimentos frios e vazios, e dependendo do estado espiritual e fé da vítima, a restauração de suas energias se tornava quase impossível para as entidades que lhes acompanhava.
Foi determinado então que se fazia necessária a existência de guardiões vivos, que pudessem trabalhar no plano terreno para a proteção dessas almas — já que as entidades e guias ficavam muitas vezes limitadas ao plano espiritual —, e assim nasceram os primeiros Elementais.

Água, Ar, Fogo e Terra. Os quatro principais elementos da natureza, responsáveis pela energia que fazia o mundo ser mundo, e essa energia apenas poderia ser manipulada por seus guardiões. Cada guardião levava consigo um guia, aquele que representava os elementos, e estes eram responsáveis pelo desenvolvimento e aprimoramento de seus aprendizes, na arte de transformar toda a fonte de seus poderes em luz para derrotar os Nälkäinen, prendendo-os de volta no lugar de onde não deveriam ter saído.
Diferente das almas eternas, no entanto, os corpos terrenos padeciam com o tempo, e ficava nas mãos das próximas gerações assumir o papel de seus antepassados e proteger os humanos dos seres insaciáveis por suas lástimas e sentimentos negativos.

Os sucessores pulavam uma geração, portanto, eram sempre os netos e nunca os filhos que assumiam o lugar do guardião anterior, e a substituição apenas aconteceria quando seus avós falecessem.
E vem sendo assim, ano após ano, século após século, controlando o índice de Nälkäinen ultrapassando o primeiro estágio de força e garantindo assim a saúde das almas em vidas terrenas.

Até o momento atual.

(•❥•)

As lágrimas caíam sem controle algum, acompanhadas por soluços altos e sôfregos. Agarrava o corpo da irmã mais velha com força, esta que se encontrava tão devastada quanto a si.
Não era justo. Com tantas pessoas ruins no mundo, por que Deus tinha de levar logo as boas? Primeiro seu pai, depois sua mãe, e agora sua avó. A mulher que cuidou dele e de Joohyun desde a morte precoce de seus pais, a heroína que lutara contra todas as dificuldades para sustentar sozinha duas crianças, e que não havia sido capaz de vencer seu pior inimigo: o câncer.
A pior parte da doença, além da esperança de um final feliz, é o sofrimento que o enfermo passa nos últimos anos, meses e dias de vida. Beomgyu assistiu a avó definhar, enquanto o tumor se espalhava por todo o corpo, até que ela não fosse nada além do que uma massa de câncer ambulante. Doeu. Doeu assistí-la perder os seus tão adorados cabelos longos de fios cinzas e saudáveis. Doeu vê-la perder o brilho nos olhos igualmente acinzentados — estes que foram herdados por Beomgyu —, tornando-se opacos, até estarem sem vida alguma. Acreditava que dor alguma superaria a de perder seus pais, mas apenas quando a senhora se foi o Choi entendeu verdadeiramente o significado de dor e viu que nada do que passara em vida chegaria àquela angústia.
E ali, enquanto o caixão descia rumo à sete palmos da terra, carregando a pessoa que mais amava e provavelmente a única que o amaria tão intensamente quanto ele, Beomgyu soube que um pedaço de si também morreu naquele dia.

[...]

— Quem são vocês? O que querem comigo? — assustado, o moreno deu dois passos para trás tentando fugir das quatro figuras encapuzadas que o encurralavam em meio ao beco escuro. — Se tentarem alguma coisa, eu irei gritar!

O aviso foi motivo de riso entre os outros quatro. Um deles, o mais baixo de todos, deu um passo em sua direção, qual foi refletido com outro de Beomgyu, para trás.

— Não viemos com intenção de lhe ferir, pelo contrário. Precisamos que venha conosco. — disse a figura, num tom de voz delicado, e se não fosse pelo medo do Choi, muito facilmente deixaria-se levar pela voz angelical carregada por outrém.

— Ir com vocês? Nem fodendo! Qual foi? Isso é uma espécie de ritual satânico, onde vocês irão me arrastar para o meio da floresta, tirar meu coração e dar como oferenda para algum demônio? — questionou, lembrando de muitas histórias que ouvira onde tal acontecimento ocorria.

— Nälkäinen. — um outro rapaz disse, não era alto como os outros dois ao seu lado esquerdo, mas definitivamente não era baixo. O que o diferenciava dos demais, no entanto, era o tom de sarcasmo em sua voz e, claro, os fios cor de fogo que escapavam do capuz, surpreendendo Beomgyu pela intensidade com que brilhavam.

— O que disse? — indagou confuso com a resposta.

— Demônios não existem, tampouco o inferno, como é pregado aqui na Terra. Os Nälkäinen são almas desencarnadas que se alimentam de energias negativas exaladas pelos humanos. E o que vocês chamam por demônios, não são nada além de desprezíveis espíritos obsessores, incapazes de ficar no plano terreno, se não forem alimentados, e nós definitivamente não os adoramos. — a explicação que deveria esclarecer, apenas trouxe mais dúvidas ao moreno. Sua única certeza naquele momento era de que os quatro não passavam de lunáticos.

— Okay... Valeu aí pela aula sobre os Nalka sei lá das quantas, mas eu realmente preciso ir. Não é o meu melhor dia, então se puderem me dar licença. — fez menção a sair, mas foi barrado pelos quatro.

— Sabemos que não é um dia fácil para você, e é exatamente por isso que estamos aqui hoje. Uma nova era se inicia com aquela que se pôs, e você, Choi Beomgyu, foi escolhido para suceder o lugar daquela que hoje nos deixou. — o rapaz mais alto disse, e sem que Beomgyu tivesse tempo de correr ou mesmo refletir o que fora dito à si, sentiu o mais baixo de todos tocar-lhe sua testa com o polegar.

A partir de então, apenas viu o escuro.

(•❥•)

Oi rs.

VOLTEEEEI!!!
Sentiram falta da tia? Espero que sim! Como eu havia dito em um dos comentários lá na rede vizinha, estava procurando a obra mais adequada para desenvolver um plot decente e trazer para vocês. E bem, cá estou eu. Acreditem, eu demorei MUITO para encontrar algo que realmente me agradasse e me inspirasse a escrever, até que tive um estalo do nada e esse surto de inspiração resultou nessa obra que mal começou e eu já estou adorando desenvolver.

Os Elementais trata-se de uma história que junta um pouquinho de todas as crenças desta que vos falas, fazendo referência aos fundamentos do espiritismo, mesclando com as crenças de que os elementos da natureza são guardados por seres de luz, e também sugerindo uma leve crítica àqueles que à todo custo buscam se cegar e tornar ignorantes os que os cercam. Minha intenção, no entanto, não é denegrir, ofender ou mesmo forçar alguém a acreditar no que for apresentado aqui. Apesar das referências religiosas, a obra em si é voltada para o entretenimento de vocês, e eu espero de todo o coração que gostem.
Comentem, compartilhem e deixem a tia saber se estão gostando. Primeiro capítulo sairá ainda hoje, então fiquem atentas. No mais, é isso.

Bjs da Bruh.

Os Elementais • BeomJun✧YeonGyuOnde histórias criam vida. Descubra agora