Foi exatamente como imaginei: uma vista deslumbrante! Desde o azul da água, às dunas; do quebrar das ondas, ao sol escaldante; a brisa… um cenário simplesmente encantador! Mas um rapaz do interior não sabe que, as ondas, de vez em quando são violentas. Distraí-me enquanto posava para uma foto, quando de repente uma onda embateu contra mim e senti as águas me arrastarem cada vez mais para distante da beira. A maré estava alta. Haviam no local, placas que proibiam a presença de banhistas. Meu amigo e eu não reparámos sequer que haviam tais placas, de tão eufóricos que estávamos! Era a primeira vez que víamos o mar de tão perto. Tudo o que a gente queria era desfrutar daquele momento ímpar. Nossas famílias tinham viajado de férias para a capital coincidentemente no mesmo período, e quando soubemos da presença um do outro naquela cidade, agendamos uma saída clandestina, como quase sempre fazíamos na nossa província, quando fôssemos ao rio. Não sabíamos nós que, o que era para ser mais um momento de lazer/aventura, acabaria em tragédia! Contei-vos que meu amigo e eu íamos ao rio de vez em quando. O que eu não contei é que nenhum de nós sabia nadar! Sempre achei que quando uma pessoa está à beira da morte, para além de sentir a vida a sair-lhe pelas vistas, visse uma tela exibindo seus pecados... Eu porém, não senti coisa alguma além dos pulmões enchendo com água, e a voz do meu amigo no fundo a clamar desesperadamente por ajuda! São as únicas coisas das quais me lembro antes de apagar.
— Ainda está respirando!— disse uma moça com um rosto angelical. Era a salva-vidas. Ela tinha sido literalmente um anjo para mim. E o melhor de tudo, acho que tinha me beijado! "Não pode ter me reanimado sem que me tenha beijado. Pelo menos é assim que acontece (a famosa respiração boca à boca)", pensei. Se pela salva-vidas, se pela paisagem ou por quase ter perdido a vida, não sei. Mas de uma coisa tenho certeza: a primeira vez que vi o mar foi inesquecível!