MaiaraFaz quase 6 anos que Fernando e eu nos conhecemos. Foi clichê e sem graça como tudo aconteceu, mas foi o suficiente para me fazer apaixonar-se perdidamente por ele.
Aconteceu de nos esbarramos enquanto andávamos no mesmo corredor da biblioteca, na escola. Eu lembro-me de estar apressada demais para enxergar se vinha alguém no caminho, tinha os livros sobre física quântica — que tinha pegado para minha prima —, e estava apressada para levá-los até a sala que ela estudava. Até que acabei esbarrando nele.
Nossos olhos se encontraram quando sua mão se estendeu para me ajudar a levantar. Lembro de ter vontade de xingar até sua última geração, mas tudo foi pelo ralo ao encarar seus olhos. Os belos e malditos olhos de Fernando, com seu sorriso capaz de molhar qualquer calcinha alheia. Ele era lindo. O miserável sempre foi gostoso e absurdamente lindo.
Como eu disse antes, foi tudo muito clichê. Depois do nosso encontro desastroso, houveram muitos outros. Jurei que ele me perseguia de alguma forma, mas descartei ao encontrá-lo na mesma cafeteria que eu costumava frequentar. Não teria como ele saber daquela informação sem ser próximo o suficiente de mim.
E foi em uma tarde de domingo, quando eu estava voltando do meu trabalho de meio período em um café da esquina, que nos encontramos como sempre, mas tudo pareceu diferente de antes.
A chuva caia forte naquele começo de noite. Eu estava completamente encharcada e correndo com minha bolsa preta sobre minha cabeça, invejando as outras pessoas que tinham o corpo protegido pelo guarda-chuva.
Mamãe tinha me avisado do possível temporal que estava por vir, mas não quis acreditar. — já que pela manhã, o céu não dava sinais de que haveria chuva —, mas como dizem, as mães sentem quando algo vai dar errado.
Encontrei ao longe uma loja ainda aberta e corri para entrar nela. Suspirei fundo quando do lado de dentro dela, tudo estava quentinho, graças ao aquecedor, e me protegendo do temporal que acontecia do lado de fora.
Decidi que aproveitaria a oportunidade para comprar alguns produtos para higiene que estavam faltando na minha casa. Caminhei até o fundo do corredor, encontrado o que procurava e o colocando na cesta que tinha pegado na entrada da lojinha.
Já me preparava para uma possível batalha pelo meu amado sabonete, mas quando virei, pronta para dizer poucas e boas para a outra pessoa, meus olhos encontraram com os de Fernando.
- Maiara... que coincidência! - Me espantei um pouco ao ouvir a voz dele. Era grossa, bonita e rouca, o que me fez estremecer um pouco no lugar.
Mesmo depois de tanto tempo de encontros por acaso, nunca tínhamos verdadeiramente nos falado. Apenas trocamos umas simples palavras, como: Me desculpe, com licença e bom dia.
- Ham... digo o mesmo. - Tentei não parecer mal educada. Me senti intimidada com a presença marcante que ele tinha. Com seu sorriso que fazia meu coração se acelerar e envergonhada com nossa proximidade.
- Não sabia que gostamos da mesma marca de sabonete. - Ouvi seu riso baixo. - Chega a ser engraçado.
- Pois é... a vida é cheia de surpresas.
Depois de uma conversa um pouco sem graça sobre sabonetes, no corredor de uma lojinha qualquer, nos tornamos próximos. As conversas quando nos esbarrávamos, duravam por quase horas e em algum momento nos tornamos amigos.
Onde eu estava com meus amigas, Fernando estava também. E depois de quase um ano de amizade, notei o quanto estava diferente perto dele. O quanto me sentia mal ao imaginá-lo do lado de outra garota. Sim... eu estava apaixonada.
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Golpe trocado - Maioto
FanfictionQuando eu voltei para Nova York, depois de uma viagem ao Brasil, pretendia fazer uma surpresa ao meu noivo, Fernando. Mas quem foi pega de surpresa, fui eu, ao vê-lo com minha melhor amiga no apartamento que tínhamos comprado juntos, depois de muito...