Tranco-me dentro do estúdio e começo a colocar o material todo que me pertencia nos sacos pertencentes.
Vejo-me um pouco atrapalhada, ao guardar tanta coisa e carregar imsensos sacos, mas tento ter o máximo cuidado possível. Nada poderia correr mal agora.
Vou até ao pequeno computador no estúdio, pousando antes todas as coisas num cantinho. Abro todas as minhas pastas e coloco-me a ver todas as sessões que já fiz desde que cá cheguei.
Vejo o caminho que consegui percorrer enquanto cá estive, e um orgulho invade-me. Este era o meu sonho, eu estava a viver o meu sonho. Eu tinha tudo aquilo que queria. Um emprego, um emprego numa agência como fotógrafa profissional.
Sempre me disseram que eu nunca iria chegar muito longe, que isso nunca me iria dar uma vida estável, que eu não iria ter qualquer tipo de opção quando saísse da escola. E aqui estou eu! Los Angeles, a cidade que me abriu as portas quando eu precisei. Eu consegui o que muita gente dizia ser impossível. Eu consegui colocar tudo em ordem, organizar a minha vida. Pelo menos, a nível profissional.
Sei que todos os momentos que cá passei foram momentos únicos e eu espero carregar todos eles até ao meu último suspiro. Ganhei amizades para a vida, e disso não tenho dúvidas. Trataram-me sempre tão bem, fui recebida como uma princesa. E na verdade fui. Eu era uma rapariga de outro país, uma rapariga com apenas uns meros 18 anos, ainda mal feitos e mesmo assim, eles aceitaram-me sem qualquer preconceito.
E agora pergunto-me, como é que com apenas 18 anos eu me consegui meter no meio de uma história como esta? Eu perdi o rumo, eu perdi tudo aquilo que tinha consquistado até aqui. Eu lutei para conseguir seguir em frente, mas ao contrário do que esperava os resultados foram negativos. Por breves momentos, consegui sentir o poder de se fazer aquilo que mais amamos. De poder comandar na nossa vida, ser alguém independente. E realmente custou-me a vida, convencer os meus pais a deixar-me partir para cá. Pais não, mãe. O meu pai sempre foi muito conpreensivo comigo, sempre me apoiou em tudo. Sempre foi o pai mais pacífico de sempre comigo.
Mas as coisas tinham mudado. Eu tinha mudado. Neste momento eu carregava um coração a mais dentro de mim, eu iria dar à luz uma nova vida, um novo ser. Não é algo magnífico de se dizer? Mas assustador também. E de todas as pessoas do mundo, apenas consigo pensar em como direi isto aos meus pais. Qual será a reação dos dois quando souberem que vão ser avós.
Tenho medo que isto não seja aceite. Que o meu pai não me aceite mais, não aceite o meu bebé.
Fecho os olhos por meio segundo, tentando segurar as lágrimas e um suspiro preenche o vazio do silêncio.
Três batidas são ecoadas pelo resto da sala e eu olho atentamente para a imagem que agora passa no meu computador.
A imagem da Caroline estava completamente nitida à minha frente e logo me lembro desta sessão fotográfica. Observo cada detalhe do rosto da mesma. O sorriso que eu sempre achei falso, parece ser realmente um sorriso de felicidade.Sei que ouvi imensas coisas naquele dia, mas a verdade é que eu não podia fazer nada, nem criticar. Eu também o tinha feito. O Calum também o tinha feito. E eu começava agora realmente a pensar no quão egoísta eu fui. Eu queria realmente obrigar o Calum a abandonar a namorada e o seu filho por minha causa.
Sei que ele tem tantas responsabilidades como eu, porque uma criança não se faz sozinha. Mas também não posso obrigar o Calum a nada. E a Caroline, apesar do seu feitio mesquinha, era uma rapariga imensamente bonita. Eu não podia mais intormeter-me na vida deles.
Eu era um pedaço do passado da vida de Calum, quer eu queira ou não. Eu era uma pedra no meio do caminho dos dois. E eu tinha de me afastar.
Volto a ouvir mais três batidas vindas da porta trancada do estúdio e levanto-me devagar indo em direção à porta.
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Re(encontra-me)
Fanfic2 anos, 2 anos se passaram desde que o meu grande amor escapou-me por entre os dedos. 2 anos se passaram desde que o vi entrar naquele maldito avião e se ir embora, sem nunca mais dar notícias. Sequela da fic "Encontra-me | C.H."