Youngjae pediu para o taxista parar em algum centro comercial bem agitado, onde muitos jovens frequentavam.
— Pretende se divertir essa noite? — Puxou papo, de um modo malicioso. Virando o rosto para o vidro, o moreno fez uma careta desgostosa.
— É... Quase isso.
— Quando tinha sua idade, não deixava meus finais de semana em branco. Todos os dias saía com uma garota diferente. — Youngjae analisou a feição do homem pelo retrovisor, imaginando o quanto daquilo era verdade. Não muito, supôs. Os cabelos, agora meio esbranquiçados, carregavam um tingimento mal sucedido, deixando-os duros e sem brilho. Seu nariz angular e comprido, desfigurava a boca pequena e os olhos em fendas. — Tem que aproveitar mesmo. Casar hoje dia? 'Pra quê!?
— Uhum. — Murmurou desgostoso. Se em sua cidade, entre seus amigos e familiares, isso fosse comentado, diriam que o taxista estava com um espírito maligno no corpo; caíra na tentação de um dos sete pecados, tentando convencer outros jovens a fazerem o mesmo.
O automóvel parou em frente à uma rua repleta de pessoas. Aquela hora, todas as lojas estavam abertas e o movimento era realmente grande.
Desceu do carro com as pernas bambas e a expectativa lá em cima. Optou por entrar em um bar mais sofisticado e não tão agitado, onde uma música cativante fazia-se soar.
Sentou no balcão e recusou qualquer tipo de bebida que o barman lhe ofereceu. Os olhos estavam atentos e seus dedos batiam freneticamente no tampão de madeira. Por que havia entrado em um lugar daqueles? Como chegaria em uma mulher decente? O que faria?
Percebeu estar olhando para uma loira a tempo demais, e esta lhe sorria provocante. Saiu do canto em que estava e caminhou lentamente até Youngjae, que engolia em seco. Seu vestido decotado azul, deixava as bonitas curvas a mostra e o olhos bem pintados chamavam a atenção.
— Procurando por companhia, bonitão? — A mulher sussurrou em seu ouvido, mordendo o lóbulo. Com o contato repentino, saltou do banco e prostrou-se de pé. Passou as mãos pela roupa, tentando disfarçar o suor; fez uma reverência desengonçada e sorriu sem graça. — Para que tanta formalidade?
— Sempre deve-se tratar uma dama com formalidade. — Respondeu sincero e confuso. Ela riu, jogando a cabeça para trás e balançando suas madeixas tingidas.
— Quero ver até onde essa sua formalidade vai. — Não esperou por respostas e logo se jogou nos braços do moreno, distribuindo vários beijos pelo pescoço e rosto. Youngjae empurrou-a levemente, desviando dos lábios pintados. — Não me recuse, oppa.
A mulher modificou seu tom de voz para um falsamente fofo, chegando a doer os tímpanos.
— Qual é o seu nome? — Perguntou trêmulo, sentando no banco novamente. Fez questão de deixar um espaço considerável entre eles.
— Por que isso importa? — Avançou alguns passos, tentando ataca-lo. Revirou os olhos e suspirou frustrada. — Me chamo Sammy. Podemos continuar com...
— Sou Youngjae, prazer. — Agarrou a mão da mulher, balançando-a para cima e para baixo. — Você... Você trabalha com o quê?
— Presto serviços a homens solitários. — Passou um dedo pelo maxilar de Yoo. — Eles me pagam e eu... — Subiu pelo queixo. — Faço... — Pelos lábios. — O que quiserem. — Abaixou mais o tom de voz, sussurrando provocativa: — Qualquer coisa.
— Ahn... Eu... Foi muito bom te conhecer. Até a próxima. — Saiu do bar rapidamente, arfando. Chamou por um táxi, desesperado para fugir daquilo.
Afinal, o que era "aquilo"? Uma prostituta havia tentado conquistá-lo. Não havia sequer uma moça boa para ele? Talvez estivesse procurando no lugar errado. Ou talvez a "mulher dos seus sonhos" não existisse mesmo.
...
No dia seguinte, Youngjae ligou para sua corretora, pedindo pelo telefone do síndico. Marcou para se encontrarem no saguão.
— Boa tarde, senhor.
— Boa tarde, jovem. Queria falar comigo? — O homem não aparentava ter mais de 50 anos e mantinha um sorriso simpático no rosto.
— Bom, o meu vizinho é meio... Desorganizado. Todas as coisas dele estão espalhadas pelo corredor e não passa uma boa imagem para os meus visitantes. — Yoo, na verdade, não recebia ninguém e não o faria tão cedo, mas fazer um pouco de drama poderia ajudar.
— Qual o seu apartamento? — Entraram no elevador e, ao Youngjae apertar o botão de seu andar, a expressão do homem mudou. — Sinto muito. Sinto muito mesmo.
— Como? Desculpa, não entendi.
— O seu vizinho... Ele é meu filho. Me perdoe, vou dar um jeito nisso. — Puxou o celular do bolso e discou rapidamente alguns números. A porta se abriu e o síndico deixou sua boca escancarar. Estava realmente envergonhado. Ao primeiro sinal da pessoa atendê-lo, berrou furioso: — JUNG DAEHYUN!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cobertor
FanfictionYoo Youngjae, um rapaz religioso e centrado, procura por uma moça com os mesmos princípios que os seus. Deixa a Ilha de Ulleung, onde vivia com seus pais, para tentar realizar seu sonho em Seul. Nunca tivera muito contato com o mundo exterior e será...