°•Piloto•°

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  Tudo sobre mim, muitas das vezes parece nada , na verdade, quase sempre. Se eu parar e analisar, eu sou um aglomerado de muitas coisas que se resumem em uma matéria fútil, fraca, vazia, sem sentido, descartável e insignificante.

  Não é como se fosse algo revolucionário e pensar essas coisas me faz o ser humano mais reflexivo existente, retomar essas questões frequentemente na minha mente apenas afirma o quão mínima é minha passagem por essa massa de terra e rochas compactadas.

  Futilidades e pensamentos disfuncionais que todos sabemos que temos, alguns ignoram e outros alimentam, eu prefiro discutir com eles. Não é como se toda essa problemática pudesse ser encarada como fruto de uma mente ansiosa e depressiva, e por isso deve ser trancada e esquecida com cápsulas de remédios de ação paliativa.

   A voz que ecoa, grita e geme em minha mente não é um atraso, talvez esteja tentando me ajudar, talvez com uma abordagem mais rústica, pode até estar tentando me matar, mas isso ela só vai conseguir se eu não souber ouvi-la devidamente.

   Se penso que sou um fracasso e devia ter me esforçado mais, por qual motivo eu deveria dizer que isso é apenas um pensamento destrutivo? Por qual motivo eu diria que isso é ser cruel demais comigo mesma? Talvez esse seja o maior problema, não reconhecer que as vezes as vozes estão certas, apenas não sabem dizer isso de uma forma sutil.

   Dialogar com meus próprios demônios as vezes me permite uma visualização melhor das coisas que eu sozinha não conseguiria ver, mas que pessoas de fora apenas passariam a mão na minha cabeça e diriam um clássico "vai ficar tudo bem", claro que esse carinho e preocupação ajudam muito em momentos de extremo surto, mas é importante saber o que realmente faz sentido, pelo menos, na minha cabeça.

   O tradicional " As vozes não param", tão verdadeiro, a realidade de toda massa insignificante nesse corpo celeste. Como se livram de si mesmos? Válvulas de escape, bebidas, drogas, religiosidade, materialismo, vaidade, ou o querido fone no último volume.

  Os queridinhos monstrinhos que moram na minha cabeça, me perturbam, as vezes eu escuto eles, as vezes eu grito com eles, as vezes eu debato, as vezes abafo, nunca sei como vai ser no fim, mas é dessas incertezas, que eu sinto que posso dizer, que saem as minhas lamentações.

Boa noite
22 de dezembro de 2023

Talvez um início

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