Capítulo 1 - Abertura

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— Ser pobre é uma merda — resmungou Ian ofegante, ele havia corrido para pegar o ônibus e quando ele finalmente chegou o motorista arrastou o carro como se quisesse tirar sarro dele.

Ele sabia que o dia seria ruim, chegar atrasado no trabalho era o suficiente para estragar tudo. Se ele não chegasse na hora teria que compensar o tempo de atraso, o que o faria se atrasar para o seu segundo emprego e isso significava ficar até o fechamento, e se ele ficasse até o fechamento chegaria ainda mais tarde em casa o que significava menos horas de sono, que já eram tão poucas.

Essa vida de jornada dupla estava acabando com ele, mas que escolha ele tinha? Ele tinha um subemprego de merda em uma empresa de merda com um salário de merda e com as suas qualificações era tudo que podia conseguir, ao menos o seu segundo trabalho era divertido e pagava um pouco melhor, mas ele não tinha carteira assinada nem nenhum benefício e era isso que o prendia naquele inferno.

Não é como se ele tivesse dívidas, ou que tivesse que sustentar outra pessoa além dele mesmo, pois ele não tinha. Mas a vida era dura e tudo era caro e um órfão tinha que se virar como podia.

Como uma criança que cresceu sem pais, sem amor e carinho, recebendo menos que o básico no orfanato, ele tinha se tornado um adulto decente que trabalhava e pagava suas contas, mas a que custo? Ian passava grande parte das horas do seu dia trabalhando e o tempo que sobrava ele usava para dormir.

Mas o jovem rapaz tinha um sonho, ele sabia que era um sonho impossível, no entanto, isso não o impedia de desejar. Ele queria deixar de ser aquele rapaz franzino que ele via no espelho pra se tornar uma pessoa poderosa, sua sede por poder e dinheiro era grande e ele gostava de pensar que seria capaz de fazer tudo para alcança-la, mas, na verdade ele estava preso naquela rotina de merda.

E o que um órfão, com dois empregos de merda que tinha 4 horas diárias de sono, poderia fazer para mudar isso? Nada, apenas sonhar.

Como esperado o dia foi um inferno, Ian teve que compensar suas horas na empresa e chegar tarde a seu segundo emprego, onde ele era bartender e já foi recebido com gritos e xingamentos, a boate Luxúria estava super lotada e parecia que iria receber alguém muito importante.

— Soube que Dante reservou a ala VIP toda para ele — disse uma cliente para sua amiga enquanto esperava a sua bebida ficar pronta.

— Sério? — A amiga suspirou — Estamos com sorte então! Quem sabe não somos escolhidas pra fazer companhia a ele?

— Se toca garota! Você acha que a gente está aos pés dele? Ele é o dono da porra toda, não vai se contentar com duas garotas sem graça como nós.

As bebidas foram entregues e as moças continuaram discutindo se tinham ou não chance com o tal de Dante. O bartender ficou muito curioso, sempre ouvia esse nome, mas ele não sabia de quem se tratava, ele era uma pessoa muito alheia ao mundo, não assistia televisão nem lia notícias, tudo que fazia quando não estava trabalhando era dormir ou ouvir música, ou mais exatamente ouvir música enquanto cochilava no ônibus.

A agitação aumentou ainda mais quando um homem alto e largo, com maxilar quadrado e firme e com olhos de águia ornados por sobrancelhas grossas, entrou na boate, ele vestia um terno de linho preto e sapatos de couro. Sua presença era imponente, ele exalava poder e confiança.

A atenção de Ian foi capturada por tal homem, afinal ele era o homem dos seus sonhos! Ele queria ser como ele, ter o poder e o dinheiro que ele tinha, ele queria ser capaz de correr atrás de suas ambições e agarrá-las com todas as forças. Mas isso não passava de um sonho, uma breve e doce ilusão.

O homem deu uma volta pela boate como quem avalia o ambiente e se direcionou para a área VIP.

"Então esse deve ser o tal Dante, não é à toa que falam sempre dele."

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