Te perder é ruim demais

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Há alguns dias Otto estava bastante pensativo a respeito de sua última conversa com Luísa, por mais que tentasse negar, esconder seus sentimentos já estava ficando insuportável, Otto tinha total certeza de que apesar de todo o tempo que se passou, de Marcelo e Tânia, ele nunca havia deixado de amar Luísa e que todo aquele sentimento havia voltado como uma avalanche derrubando todas as paredes que ele mesmo havia construído ao redor de seu coração. Otto, por um tempo, por comentários de sua mãe, Poliana e amigos próximos e até mesmo por si próprio, acreditou que Luísa também estava sentindo o mesmo desejo, as mesmas emoções, a paixão que queimava no mais íntimo, mas diante de alguns acontecimentos começou a repensar tudo isso, Otto até pensou em conversar com Luísa sobre seus sentimentos, mas ouvir que ela estava extremamente desconfortável com os comentários sobre eles o deixou inseguro e a última coisa que ele queria era deixá-la desconfortável de qualquer forma, Otto sempre respeitou os desejos de Luísa e se ela de fato não queria ficar com ele, como assim pensava, iria novamente respeitar tal decisão.

Os dias iam se passando e Otto, inconscientemente ou não, ia colocando uma certa distância entre Luísa e ele, Sara era responsável por atender todas as ligações de Luísa e passava para Otto algum recado que a mesma julgava importante, mas a maioria das ligações eram apenas a mulher tentando manter um contato que aos poucos ela percebia estar perdendo.

Cláudia havia finalmente conseguido terminar seu TCC e sido aprovada, obviamente para celebrar tal momento ela decidiu fazer uma pequena reunião na padaria, todos os amigos próximos haviam sido convidados e alguns colegas de faculdade, Poliana havia ido com Luísa e depois iria para a casa de sua amiga, Kesya, Otto, após muita insistência de sua filha, chegou pouco tempo depois da celebração começar, ao chegar logo avistou Luísa e Poliana, sabia que não poderia ignorá-la e então se aproximou.

"Pai, você finalmente chegou." – Disse Poliana abraçando-o. "Já estava quase indo te buscar."

"Quanto exagero, filha." – Otto sorriu para a menina tentando disfarçar o nervosismo em estar perto de Luísa, que estava extremamente linda em um vestido cor de rosa colado ao corpo, cabelo solto, uma leve maquiagem e um salto preto. "Boa noite, Luísa." – Falou ainda mantendo Poliana em seus braços para evitar o desejo de abraçar a mulher à sua frente.

"Otto." – Disse com um doce sorriso nos lábios. "Boa noite, tudo bem?"

"Sim, e você?" – Poliana, se remexendo no abraço do pai, conseguiu se soltar e os deixou sozinhos, para um leve desespero de Otto.

"Tudo bem também. Te liguei nesses últimos dias, mas acredito que você esteve bastante ocupado, pois todas as vezes Sara quem me atendeu." – Luísa, naquele momento, percebeu que Otto estava distante, não a olhava nos olhos como das outras vezes.

"Luísa, será que podemos ir para um local mais tranquilo? Gostaria de falar algumas coisas com você." – Pediu Otto dessa vez encarando-a. "Serei breve."

Luísa sentiu uma sensação pesada com aquele pedido, Otto tinha um olhar perdido, triste talvez, estava até mesmo sendo um pouco frio com ela, mas em uma concordância silenciosa ela aceitou ir para outro local, eles foram para uma área interna da padaria, quase perto da entrada da casa de Durval.

"Bom, creio que aqui podemos conversar sem sermos interrompidos." – Disse ela virando-se para Otto e tentando esconder o quanto estava apreensiva.

"Luísa, eu tenho pensado bastante na nossa última conversa." – Começou Otto. "Quando você disse que estava se sentindo extremamente desconfortável com os comentários a respeito de nós dois." – A mulher tentou falar, mas Otto logo a cortou. "Por favor, me deixe terminar. Eu jamais faria qualquer coisa para te deixar desconfortável ou te desrespeitar e cheguei à conclusão de que se é assim que você se sente, o melhor a ser feito neste momento é nos afastarmos."

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