Sorriam, é Carnaval! parte 2

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Enquanto estávamos no cassino, Renan havia se dirigido até o "Topo do recife" um dos bairros nobres de Nova Atlantis, as poucas pessoas que passavam pela rua, olhavam Renan com desdém de cima a baixo.
Logo ele se aproxima de uma mansão que parecia estar bastante agitada, como se a cidade toda estivesse lá dentro.
Chegando ao portão, ele deu uma boa olhada no geral, o muro branco perolado que cobria todo o redor da mansão, parecia não ter fim, os leões dourados em tamanho real adornando os portões de entrada, era de deixar qualquer um sem ar, a mansão então nem se fala, uma construção enorme e imponente assim como o céu azul.
Renan bate no portão e é recebido por um senhor com idade levemente avançada.
— O que desejas, caro senhor? Pergunta o homem.
— Quero falar com o Ítalo e rápido. — Responde Renan rispidamente.
— Mestre Rodrigues se encontra ocupado no momento, está entretendo os convidados. — responde o homem.
— Escuta aqui coroa, eu tô com pressa nessa porra, faz a merda do seu trabalho e chama o seu patrão aqui, eu não tô com paciência pra ficar de joguinhos hoje. — diz Renan em um tom agressivo.
De repente uma mão toca o ombro do homem no portão.
— Está tudo bem John, ele é meu convidado, só está um pouco atrasado. — diz Ítalo olhando para Renan.
— Até que enfim. — diz Renan entrando pelo portão.
— Vamos para o jardim, lá é mais reservado e podemos conversar melhor. — diz Ítalo guiando o caminho.
Ambos caminham um pouco até chegar em um jardim bem afastado dos demais, Ítalo se senta em um banco de mármore que havia alí perto, enquanto Renan permanece de pé, impaciente.
— E então meu fi, a que devo a honra da visita? Pergunta Ítalo olhando para Renan.
— Seguinte, vou ser rápido, você tá dentro do roubo ao Pérola de Poseidon, esteja pronto e apareça no "Rosa da perdição" quando for chamado. — diz Renan olhando para Ítalo.
— Não posso, sou cabra de família agora, tenho pessoas queridas agora que devo tomar conta, tá fora de cogitação. — diz Ítalo passando a mão na nuca, meio sem jeito.
— Ah, virou cabra de família, é? Bom saber. — diz Renan mudando seu tom.
— Enfim, se veio aqui só pra me recrutar, me perdoe mas perdeu a viagem. — diz Ítalo se levantando.
— Escuta aqui, você acha que pode simplesmente pular fora do esquema, assim sem mais nem menos? Não se esqueça que você só vive nessa mansão, nesse luxo, porque você tem as mãos sujas de sangue. — diz Renan ficando agressivo gradativamente.
— Meu passado não está em discussão aqui e sim meu futuro. — diz Ítalo se exaltando.
— Qual parte de "eu tô cagando pro seu futuro" você ainda não entendeu? Sabe o que eu faço com o seu "Futuro?" Eu mato quem quer que seja que você ame, bem na sua frente e não vai ser uma morte lenta, vai doer bastante e você vai implorar pra aquele sofrimento acabar, eu sei ser bacana, mas não me desafie, eu sei ser bem cruel quando necessário. — Diz Renan desembainhando a cimitarra.
Ítalo estava suando frio perante tal ameaça e não viu outra escolha a não ser participar do golpe, ao terminar as negociações, Renan voltou para o casarão, quase ao mesmo tempo em que eu e Lucas.
Estávamos quase todos lá, menos V...

Enquanto isso na delegacia...

— Já encontrei 2 dos vagabundos que estamos caçando. — diz Siqueira se reportando ao delegado.
— Como tem tanta certeza? Pergunta o delegado.
— É simples, a maioria dos criminosos mente tão mal quanto fazem seus crimes, é fácil descobrir quem é quem nessa brincadeira. — diz Siqueira acendendo seu cachimbo.
— E quem eram? Pode me dizer com clareza? Pergunta o delegado.
— Seguindo as descrições que me passaram, eram Victor e Lucas aparentemente, mas eles não são meu alvo por hora. — diz Siqueira folheando uns arquivos.
— E qual seu plano para pegá-los de uma vez? Pergunta o detetive local.
— Eu vou achar um elo fraco na cadeia de comando e explorar, tendo um bode expiatório torna mais fácil desmantelar tudo por dentro. — diz Siqueira se sentando enquanto lê os arquivos.
— Ao que tudo indica, esse elo fraco que você procura, é o V, ele é o membro mais misterioso da gangue, mas não é mais visto com tanta frequência e das poucas vezes que é visto, é no subúrbio de Topo do recife, geralmente no início da madrugada. — diz o detetive local.
— Então é lá que devo concentrar minhas buscas, tenho algo em mente que pode me ajudar, e precisarei de alguns homens a postos por lá e que estejam prontos ao meu sinal. — diz Siqueira pegando o arquivo pertinente aos líderes da gangue.

Mais tarde no casarão...

Killian havia reunido alguns rapazes de sua confiança, aproveitou que estava sozinho e foi buscar armas novas no mercado negro, passou o restante do dia enchendo a cara, mesmo tendo sido avisado para se manter sóbrio, todos estávamos nos arrumando para irmos para o Rosa da perdição, Gabriel havia nos contatado e marcado um encontro lá.
Ao chegarmos no bordel, somos recebidos por Rosemary, nos informa que separou uma sala para nos reunirmos, a imagem daquele lugar me dava náuseas, mulheres se exibindo como pedaços de carne, esperando a melhor oferta por seus corpos, a música horrível e o cheiro que empesteava o local era demais pra mim, só havia uma coisa naquele lugar deplorável que me trazia alegria, embora ninguém pudesse saber, Javier, o garçom recém contratado.
Encontramos Gabriel no bar tomando um drink, fazemos o sinal para que ele nos seguisse, assim ele o fez, entramos na sala e nos sentamos para discutirmos o plano final.
— Chamei vocês aqui hoje para discutirmos quando, como e por onde fazer todo o serviço. — diz Renan se ajeitando na cadeira.
— Quarta de cinzas é o melhor dia, será quando todo o dinheiro arrecadado estará em seu ápice, a segurança estará mais vulnerável. — diz Gabriel.
— Ok, mas nós ainda temos um problema, temos alguém de fora atrás de nós, Gabriel disse que contrataram um gringo pra acabar com tudo que nós construímos. — digo preocupado.
— Precisamos tomar mais cuidado, nós não sabemos o quanto ele sabe sobre nossos esquemas, só podemos ter certeza de que ele nem sonha sobre o assalto. — diz Killian.
Seguimos discutindo detalhes do plano, distribuindo funções e preparando os equipamentos para a grande noite.

Um pouco mais cedo no Topo do recife...

V caminhava despretensiosamente até uma casa mais afastada das demais, diferentemente das outras casas da região, aquela era um pouco mais modesta, sem ornamentações muito chamativas, uma paleta de cores bem discreta.
Ao longe em seu cavalo, Siqueira vasculhava as ruas com uma luneta, ele estava impaciente naquela madrugada, ele passou o olhar em todos os homens que havia solicitado, ao olhar para uma esquina bem distante ele avista V e sorri maliciosamente, a partir dali ele acompanha os passos do rapaz, até chegar na tal casa, assim que V adentra no local, Siqueira parte em seu cavalo para reunir os policiais para fechar a rua em emboscada, eles fecham as saídas da rua e cercam o entorno da propriedade.
Siqueira arremessa uma pedra que quebra uma das janelas da casa, V que estava em um momento íntimo com sua amada, foi forçado a interromper sua diversão e ir verificar a fonte do barulho, ele pega sua espada e sua pistola e vai para o lado de fora da casa, somente para ser surpreendido com um golpe na cabeça que o deixa inconsciente tempo o suficiente para ser amarrado e amordaçado em uma cadeira, ao acordar ele se depara com o investigador e vários homens da polícia invadindo sua casa e rendendo sua amada.
— Senhor, ele acordou. — diz um dos policiais.
— Ótimo, nosso convidado está pronto para começarmos a nossa conversa. — Diz Siqueira removendo a mordaça da boca de V.
— Vai se fuder. — Diz V cuspindo na cara de Siqueira.
— Você deveria ter mais modos, Verme imundo. — Diz Siqueira pouco antes de esmurrar a boca de V.
— O que você quer? Pergunta V.
— Bom, você vai me ajudar a destruir o seu grupinho, de dentro pra fora, e em troca eu te concedo anistia e vai poder viver longe daqui, com outro nome, outra oportunidade de fazer as coisas corretamente. — diz Siqueira andando de um lado pro outro.
— E por que acha que eu faria isso por você? Pergunta V olhando desconfiado.
— Simples, ou você colabora ou ela morre, e eu acredito que você não vai arriscar o pescoço de quem você ama por uma "causa" idiota. — diz Siqueira aproximando sua espada no pescoço da garota.
— SAI DE PERTO DELA, SEU DESGRAÇADO. — Grita V se remexendo na cadeira.
— Como quiser, mas se quiser ter mais notícias da sua namoradinha, vai fazer o que eu mandar, cavalheiros, podem levá-la. — diz Siqueira acenando com a mão.

E o que se sucedeu a isso foi uma longa noite de tortura e negociações...

Contos dos afogados: Rum, Sangue & OuroOnde histórias criam vida. Descubra agora