Capítulo 153

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Olhei para ele e ele estava a todo momento me encarando. Não tirava seus olhos de mim. Eu sabia que ele estava olhando até mesmo quando eu estava de costas para ele. Seu olhar me penetrava e me arrepiava a todo instante. Até que decidir quebrar o gelo.

– Christopher... – Ele somente continuou me olhando e não disse nada, então continuei – Você também pode ir embora para casa se quiser... Acredito que também precise descansar.
– Dulce não vou a lugar nenhum por 2 motivos – Ele disse rapidamente – Primeiro, porque eu disse que jamais irei abandonar você de novo. Não posso ir embora e te deixar aqui sozinha. E segundo que é a Annie, ela também é muito importante pra mim e não posso ir sem saber que está tudo bem. 
– Entendo. Mas por mim não precisa ficar. 
– Dulce... 
– Christopher, quando a Anahí melhorar podemos conversar e resolver as coisas, colocar de ver um ponto final nessa história para que a gente consiga seguir em paz. 
– Se nesse no final dessa história estivermos eu e você juntos, não vejo a hora dessa conversa chegar. 

Fico sem reação, sem resposta. Todo mundo sabe e principalmente eu, o quanto eu o amo e o quanto eu quero que fiquemos juntos, mas como posso perdoar o que ele fez comigo? Como posso viver sabendo que ele não confia em mim e agora que eu também não posso confiar 100% nele? 

– Não crie expectativas positivas  – Respondo. 

O Doutor chega dizendo que já fizeram a transfusão de sangue e que Annie e o bebê estão a salvos e que podemos descansar que amanhã ela já poderá receber visitas. Agradecemos ao Doutor e ele se despede de nós. 

– Bom, então é isso – Digo para Christopher – Já são 23h37, vou para casa descansar. 
– Dulce, posso te acompanhar? Já está tarde... 
– Não, irei para o meu apartamento e não precisa. Sei me virar sozinha e você sabe bem disso. 
– Dulce, por favor! – Ele implora. 

Quero dizer que não, mas acabo cedendo: 
– Tudo bem – Respondo e saio andando e ele logo vem atrás, sem pestanejar. 

Chamamos um taxi e entramos. 

O dia foi intenso e exaustivo demais, então acabo encostando e cochilando nos ombros de Christopher e sinto que ele me abraça e acaricia minha testa. Apesar de meus olhos estarem totalmente pesados a ponto de não abrirem por mais que eu tente, acabo me deixando levar e relaxando em seus braços. 

Quando chegamos levanto um tanto sonolenta e Christopher me acompanha até a porta do meu apartamento... 

– Christopher, obrigada por me acompanhar. 
– Dulce, você me acompanhou e ficou comigo a todo momento após eu ser baleado. Isso não foi nada. Não foi mais do que qualquer homem educado faria.
– Concordo – Sorrio meio sonolenta – Então até mais. 
– Durma bem Dul – Ele diz e eu finalmente entro em meu apartamento. 

Assim que fecho a porta meus olhos começam a lacrimejar e sei que vou começar a chorar novamente. Respiro fundo e tento em recompor. "Chega de chorar Dulce!" repito para mim mesma. 

Vou em direção ao banheiro e começo a tirar minhas roupas para tomar um banho bem quente e tentar relaxar e alinhar os meus pensamentos. 
Quando saio do banho vejo escuto meu celular apitar com o som de uma nova mensagem e meu coração logo acelera pois presumo de quem seja. 

"Dul, quero te dizer que não irei insistir em conversar ou nada que você não queira fazer por agora.vSei que não há justificava para a minha atitude e não há como desfazer o que fiz, mas eu preciso te explicar e contar tudo o que aconteceu em algum momento.  Nós precisamos.

Mesmo que isso resulte no nosso fim definitivo. Não vou invadir a sua vida mais. Estarei de longe, porém sempre ao seu lado pro que você precisar e não irei partir nunca mais.Eu te amo ruiva." 

"Ok Dulce, pode chorar" digo a mim mesma novamente após ler as palavras de Christopher. Eu o amo e me pergunto porque? Como meu coração foi me trair dessa forma? As lágrimas correm por meu rosto incontrolavelmente. Sinto um vazio gigantesco e por mais que eu não queira vê-lo e não queria estar com ele por tudo o que aconteceu, o que eu mais necessito agora é o seu abraço, o seu colo e o seu beijo.

(...) 

Pro Christopher:

Três meses se passaram após a última mensagem que enviei para Dulce. As coisas meio que voltaram aos eixos gradativamente. Anahí está bem e pós o susto, começou a aceitar melhor a gestação. Agora com 6 meses, já mostra sua barriguinha e sempre que nos encontramos eu dou um presentinho para ela e meu sobrinho. 

Alguns dias após a alta de Anahí, meu pai entrou em contato comigo e me explicou que convocou todos os seus homens que eram da região e pagou a todos que tivessem o tipo de sangue de Annie para doar. Tinha uma dívida com ele, mas ele somente disse que a minha forma de pagamento seria tomando um rumo diferente da vida dele. 
A princípio não entendi, mas ele havia se sentido culpado pelo fato de me ver preso pela televisão e que quando soube que eu iria para lá vê-lo, tinha outros planos para mim e que não permitiria que eu trabalhasse para ele em sua gangue. 

Então com isso, por mais que eu odeie ter que depender do cara que abandonou a minha mãe, ele começou a pagar uma faculdade para mim. Como eu havia conseguido voltar para o restaurante, estava trabalhando a noite e estudando de dia. Era cansativo, mas me permitia não ter tempo para pensar em Dulce 24h. 

Mel e eu nos entendemos também e ao menos tinha minhas grande amigas de volta. Annie e ela. Mas a principal, a mulher da minha vida ainda estava longe, distante, mas eu sei que apesar de 3 meses sem trocarmos uma só palavra, o momento que ela citou na mensagem estava próximo de chegar e eu não esperava que fosse hoje. 

"Obrigada por suas palavras e me dar esse tempo. Eu prometo te procurar no meu momento para que possamos ter essa conversa." 

Essa foi a sua última mensagem gravada no meu celular desde aquele dia e quando estou saindo faculdade meu coração acelera e a vejo parada linda, impecável. Com seu vestido justo, cabelo bem arrumado. Julgo que ela tenha acabado de sair do Banco e faz sentido... Assim que ela me avista vem até mim, que sem ação não consigo dizer uma só palavra, então ela o faz: 

– Então Christopher –  Ela olha nos meus olhos – podemos conversar?  

Aquele Olhar - VONDYOnde histórias criam vida. Descubra agora