17. Não é prudente abrir velhas feridas

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Draco

Ao virar a esquina para as masmorras, o longo e anelado cabelo vermelho foi a primeira coisa que me chamou atenção. Pritchard estava me esperando, sentada no canto da parede e criando desenhos coloridos na parede oposta com a ponta da varinha. Fiz questão de fazer bastante barulho enquanto me aproximava para que fosse ela quem tivesse que me chamar.

- Malfoy! - Nunca pensei que me sentiria tão bem em ouvir uma pessoa chamar meu nome. Mas, pensando bem, essa não era qualquer pessoa, era a minha garota, chamando por mim. Ao me virar automaticamente percebi a expressão estressada que ela tinha no rosto, como sempre.

- Me esperando, marrenta? - perguntei, fazendo todo o esforço possível para parecer indiferente, quando tudo que eu queria era sorrir em pura felicidade.

- Sem gracinhas, Malfoy. - Ela se levantou, tirou a sujeira da capa e voltou a me encarar com os braços cruzados.

- Você não está tentando devolver meus presentes de novo, está?

- Quando você parar de me enviar presentes, eu paro de devolver.

- Interessante proposta, Pritchard, mas não.

- Draco... - Ela falou meu primeiro nome, pela segunda vez, e eu senti que poderia ceder a qualquer coisa que ela me pedisse nesse momento.

- Por Merlin, só aceita o maldito chocolate.

- Então eu vou dar todos eles pro Ron. - Essa garota faz isso pra me irritar, só pode ser. Pritchard sempre arruma um jeito de enfiar o maldito Weasley filho em qualquer discussão nossa e eu estou a um passo de explodir.

- Talvez eu comece a envenenar todos eles, que tal? - Eu respondi sem hesitação e observei como os seus olhos foram de choque para raiva. Lilith era muito expressiva e qualquer um poderia adivinhar o que ela está pensando só de olhar em seus olhos. - Espere aqui, tenho algo muito especial para você hoje. Sei que vai adorar.

- Eu não quero nada de você. - Ela rebateu como uma garota riquinha e mimada, o que me fez rir porque esses dois últimos adjetivos combinam bem mais comigo. Entrei na comunal da sonserina sem olhar para trás, eu sabia que ela ia me esperar de qualquer jeito, Pritchard não terminou de dizer tudo o que queria e eu despertei a sua curiosidade .

Quando a porta se fechou atrás de mim, corri até as escadas para o dormitório masculino, subindo os degraus de dois em dois para ser o mais rápido possível.

- Qual foi, Draco!? - Zabini gritou parando de beijar a quintanista que deveria estar fazendo um projeto de herbologia com ele.

- Foi mal, cara, vou ser rápido - abri a última gaveta da cômoda de cabeceira e peguei o pequeno embrulho e me apressei para sair. Blaise ainda me olhava com impaciência e Victória estava desajeitada na cama, com as mãos nos joelhos e cabeça baixa para que o cabelo volumoso cobrisse seu rosto.

De volta para o corredor do lado de fora da comunal, Lilith ainda estava lá, como eu tinha previsto antes, mas agora ela parecia mais relaxada, encostada na parede e balançando a perna esquerda de um lado para o outro. Dessa vez ela não se importou em ajeitar a postura para parecer mais durona, apenas continuou lá, observando eu me aproximar.

Pritchard olhou para o embrulho em minhas mãos com desconfiança e quando eu o entreguei, ela demorou para pegá-lo. Quando ela abriu a tampa da caixa e finalmente viu o que tinha dentro, suas pálpebras tremeram e os olhos lacrimejaram. Lilith me entregou a embalagem como se estivesse no piloto automático, talvez ela até tivesse esquecido que eu estava ali, mas não posso negar que valeu a pena.

- Como você sabia? - Ela perguntou baixinho.

- Seu pai e o meu são muito próximos, sabia.

Lilith apenas concordou com um aceno e começou a andar para fora das masmorras, sem olhar para trás, com toda a sua atenção voltada apenas para a velha caixinha de música em suas mãos. Quando pensei que a ruiva não iria falar mais nada, ela parou, inclinou o rosto sobre os ombros e murmurou um singelo - Obrigada - antes de voltar a andar.

autodestrutivo × draco malfoyOnde histórias criam vida. Descubra agora