c a p í t u l o ú n i c o

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E se eu te dissesse que nada disso foi por acaso?
MASTERMIND, taylor swift.

[...]

s a r a h  c a m e r o n.

Tem muitas coisas que eu já fiz para ajudar o meu melhor amigo; como passar a resposta durante a prova, fingir que ele está na minha casa para os pais não brigarem, roubar um cachorro da vizinha porque era o sonho dele ter um... JJ Maybank deveria agradecer por ter Sarah Cameron na vida dele. Mas, dessa vez, o pedido do garoto não era tão simples já que envolvia encontro duplo e John Booker Routledge. Eu poderia passar semanas ajudando JJ se John B não estivesse no meio.

JJ olhava para mim como o Gato de Botas olhava para o Shrek no primeiro filme. Ele sabia o meu ponto fraco, me conhecia tão bem quanto qualquer outra pessoa. Não é por acaso que ele estava me prometendo o mundo dessa vez, já sabia que não seria fácil me convencer a fazer essa loucura. Porém, como eu disse, ele sabia o meu ponto fraco e me prometeu ingressos para o show da minha banda favorita.

Às vezes, me pergunto até onde Maybank iria para conseguir o que queria. Dessa vez, não poupou esforços ao bolar um plano infalível apenas para sair com Kiara Carrera, a líder de torcida do nosso colégio. A garota só aceitou ir a um encontro com ele se tivesse outro casal para ir junto. Eu implorei para que ele chamasse Pope e Cleo, porém, existe um certo tipo de intriga entre as duas. As duas capitãs dos maiores times dos colégios de Outer Banks, não teria como ser diferente.

E, por não saber falar "não" para o meu melhor amigo, estou olhando meu reflexo no espelho e conferindo mais uma vez a minha roupa para ir ao encontro duplo. É só hoje que você precisa fingir gostar dele, Sarah, apenas hoje.

Porém, é praticamente impossível nutrir qualquer sentimento diferente de ódio por John B depois que ele me deixou plantada na porta de casa esperando por ele para ir ao baile de boas-vindas do ensino médio.

Sinto minhas bochechas queimarem ao lembrar disso e balanço minha cabeça, tentando espantar as lembranças. Minha raiva cresce quando percebo o atraso de quinze minutos de Routledge. Segundo tópico de coisas que não consigo suportar nele: seus atrasos. Sempre com desculpas muito bem calculadas para que todos acreditassem que sua falta de compromisso era, na verdade, um incidente no trânsito, um animal que precisou ser resgatado ou uma senhorinha que queria ajuda ao atravessar uma rua movimentada. Já ouvi todas essas. Ele era considerado o garoto de ouro de Outer Banks apenas porque ninguém o conhecia de verdade. Era uma máscara usada para conquistar todo mundo. Ninguém entendia meu ódio por ele e eu também não fazia questão que entendessem. Ele entendia.

A campainha tocou ao mesmo tempo que chegou notificação no meu celular. Meus olhos rolam automaticamente quando vejo John B pelo vidro da porta. Eu odiava o fato de que ele poderia usar qualquer coisa que ainda seria lindo.

— Bem na hora, Routledge. — Resmunguei ironicamente. Optei em não esperar por sua resposta e saí andando na frente, indo em direção a boa e velha Kombi.

Por algum motivo, quando sentei no banco de carona e John B sentou ao meu lado, eu pude sentir minhas mãos suarem e meu coração disparar. Ele ainda me causava todas as sensações de quando tínhamos quatorze anos e nada poderia ser mais irritante que isso.

The Neighbourhood tocava num volume baixo, mas eu reconheceria apenas pela vibração a música da minha banda preferida. Olho de soslaio para o garoto do meu lado e bufo ao ver sua concentração. Routledge não demora para perceber que eu o encaro, rapidamente corta o contato visual com a estrada e olha para mim, sorrindo. Porra.

— Eu sempre soube que em algum momento você iria em um encontro comigo, Sarah Cameron. — Sua voz preenche o automóvel, abafando a música.

— Isso não é um encontro. É um favor. — Retruco. — E presta atenção na rua.

MASTERMIND; jarah.Onde histórias criam vida. Descubra agora