O novo vendedor esperava do lado de fora, com os braços cruzados e uma expressão emburrada. Batendo os pés repetidas vezes, Daehyun fingiu o melhor sorriso que pôde quando o provador abriu.
— Combina com a senhora. — Falou sem nem mesmo entender o que pronunciava. Já havia repetido tanto aquela frase que era apenas um murmúrio incompreensível na sua cabeça. A mulher concordou veemente, girando no lugar e apalpando o próprio corpo. — Vai pagar no cartão ou em dinheiro?
...
Colocando um pouco de açúcar no café, Youngjae se recostou na pequena pia da copa e soprou o líquido amargo. Haviam algumas pessoas ali, esvaziando a cabeça e relaxando antes de voltarem ao trabalho, mas nenhuma se atrevia a conversar com ele. Estavam alocados em seus próprios grupos, conversando e tentando contar vantagem a todo minuto, como se fossem os heróis da pátria e o que falassem, acontecia.
"A soberba é um pecado capital, crianças" martelou na cabeça, irritado com os colegas de trabalho. As palavras estavam dançando na ponta da sua língua, prontas para saírem e esbofetearem a todos, mas se conteve, tomando um gole mais exagerado de café. Com as bochechas cheias e ardentes com o líquido escaldante, tentou sorrir para sua secretária que se aproximava.
— Está tudo bem, Senhor Yoo?
— Sim, sim. Só me empolguei um pouco. — Piscou um dos olhos, brincalhão. Notou as bochechas dela corarem, desviando os olhos escuros para o chão. Se sentiu bem consigo mesmo por causar aquilo. — Faz tempo que trabalha aqui?
— A-Ah, não. Cheguei um pouco depois do senhor.
— Por favor, não me chame de "senhor". Sou tão novo quanto o seu namorado. Ou tenho a mesma idade do seu futuro. — "EPA! Esse não sou eu" um sinal vermelho piscou em sua cabeça, o fazendo acordar para a vida. Ele não era daquele jeito mesmo e o desespero fazia suas ações beirarem o incômodo. Parecia que a cada dia que passava, ele caía em si que não casaria nunca e partia pra cima de qualquer coisa que lhe desse chance, sem nem perceber que estava ridículo.
Saehan deu um risada fina e desconcertada, nada atraente ou boa de se ouvir. Aproximou-se de Youngjae e piscou os olhos devagar, tentando ser sexy, deu dois tapinhas na mão do moreno:
— Até que você é engraçadinho.
"Mas o quê!? Engraçadinho!? Não sou palhaço para ser engraçado" pensou emburrado, engolindo mais uma quantidade generosa de café e caminhando rápido para sua sala. Precisava rezar o terço, pelo menos, três vezes para purificar a mente e os atos.
...
O telefone tocava sem parar, implorando para que alguém o atendesse. Youngjae abriu a porta do seu apartamento rapidamente, já falando com a pessoa do outro lado:
— Pois não? Com quem eu falo?
— Não conhece mais o número do seu irmão? — Reclamou Youngwon, suspirando alto para incomodá-lo. — É só se mudar para outro país que mal lembra da família.
— Como você é exagerado, Meu Deus! Estamos há alguns quilômetros de distância e eu nem sabia que vo...
— Preciso de hora certa para conversar com você, então?! Mil desculpas, da próxima vez eu marco antes com a sua secretária.
Revirando os olhos, Youngjae deixou uma risada escapar:
— Fala logo o que você quer, mané. — Caminhou até seu quarto, deixando seu paletó e gravata em cima da cama. Retirou os sapatos e voltou para a sala, relaxando no sofá.
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Cobertor
FanficYoo Youngjae, um rapaz religioso e centrado, procura por uma moça com os mesmos princípios que os seus. Deixa a Ilha de Ulleung, onde vivia com seus pais, para tentar realizar seu sonho em Seul. Nunca tivera muito contato com o mundo exterior e será...