Treze - Se ao menos fosse real...

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A cabeça de Youngjae estava distante; não dormia bem faziam dias e sentia uma inquietação estranha no corpo todo. O beijo se repetia o dia todo na sua mente e o que o deixava ainda mais nervoso era lembrar do sorriso que Daehyun lhe deu ao sair; ele tinha uma expressão alegre e calma, contrastando com o ambiente frágil e tenso, havia balançado a cabeça em um comprimento e desejado "boa noite" como se fosse a situação mais normal do mundo. Mas não era!

A pontada de felicidade que sentia no coração ao lembrar da cena não era normal. A pontada de esperança que sentia a cada vez que escutava passos no corredor não era normal. A pontada de tristeza que sentia ao perceber que ele não bateria na sua porta não era normal. Estar tão ansioso e consternado por um homem não era normal. Nada normal em sua vida, não se lembrava de ter sentido desejo por algum homem e isso o enlouquecia!

Toda vez que deitava a cabeça no travesseiro, sua mente não lhe deixava pregar os olhos por um segundo sequer. Sentia-se inconformado, desamparado, sozinho e iludido. Todos os sentimentos voltavam em uma enxurrada persistente, o querendo levar ao fundo do poço. E Youngjae não sabia se conseguiria mais se manter no topo.

Não sabia colocar com palavras o por que aquela enxurrada de sentimentos o perturbava com cada vez mais frequência. Já havia percebido que estava conturbado antes, mas após o beijo, tudo pareceu ir de mal a pior. Rezar lhe acalmava por poucos minutos, não dando nem tempo de respirar fundo duas vezes.

Infelizmente, não tinha tempo para remoer os seus problemas naquele momento. Não naquele dia, não naquela hora. Esperaria até chegar em seu apartamento, onde poderia choramingar para as paredes como estava fazendo naqueles tempos.

Chacoalhou a cabeça algumas vezes para espantar o sono; viu a porta abrir um pouco e a secretária lhe chamar tímida:

— Tem alguém querendo falar com o senhor. — E deu espaço para quem quer que fosse entrar. O moreno escorregou da cadeira, dando um pulo e levantando no mesmo instante. Tudo se revirou em seu interior e, mesmo sem perceber, um fio de esperança e felicidade iluminou seus olhos abatidos. — Licença.

Daehyun sorriu largamente, abrindo os braços e o chamando para um comprimento íntimo. Yoo recuou alguns passos, se deixando encostar na enorme janela atrás de si.

— O-O que faz aqui!?

— Oras, vim te visitar.

— Eu pedi para não se aproximar mais de mim! Está tudo muito recente. — Praticamente rosnou, com os dentes e punhos cerrados e olhando a sua volta, procurando por algum enxerido estampado no vidro. Não havia ninguém a não ser Saehan, que estava concentrada demais em seu computador.

"Por que eu estou agindo assim? Eu não queria vê-lo até agora? Por que eu sou tão estranho? Eu quero outro beijo? Eu quero realmente vê-lo?" suas dúvidas não o deixavam em paz, muito pelo contrário, apenas aumentavam.

— Não sou do tipo que cumpre ordens, meu caro. — Andou a passos largos até ele, o puxando pela gravata. Aproximou a boca do ouvido de Youngjae, não recebendo resistência alguma e sussurrou provocativo: — E estou disposto a te fazer mudar de ideia.

Então se afastou um pouco, lambendo os lábios e os mordendo com desejo. Sorriu quando viu os olhos arregalados do vizinho acompanharem cada movimento seu e, sem aguentar mais a tortura, puxou-o para um beijo necessitado. Uma de suas mãos fez um caminho lento até o pescoço descoberto de Youngjae e arranhou com força, arrancando um gemido leve do rapaz. Suas línguas estavam entrelaçadas e sedentas por mais contato, por uma aproximação maior. Foram andando sem uma direção certa, até baterem na mesa e se escorarem nela. Daehyun empurrou os papéis no chão sem dó, derrubando também o telefone que tocava insistente e algumas canetas. A bagunça mal importava.

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