Quatorze - Energia restaurada

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Ele me encantou. Ele é especial. — Daehyun comentou entre um suspiro sonhador e outro, deixando a cabeça descansar no balcão da cozinha. Seus olhos brilhavam de felicidade e mesmo quem não o conhecia, sabia que uma coisa extremamente boa havia acontecido com ele. Seu pai, espantado, tentava achar as palavras certas para ajudá-lo:

— Você... Tem certeza disso?

— Mais do que certeza.

— Você... Nem conhece ele direito. Mal conversaram.

— Mas eu já tenho certeza de que com ele vai ser diferente.

— Você... Tem certeza disso? — Repetiu a pergunta, fazendo o filho levantar os olhos antes desfocados e encará-lo incrédulo.

— Pai, eu já disse que tenho certeza!

— É difícil imaginar você levando algo à sério.

— Muito obrigado pelo voto de confiança. — Uma olhadela no relógio foi o suficiente para terminar de acabar com seu humor. Expirou fundo, levantando do banquinho. — Tenho que ir para a loja.

Deu um beijo na testa de sua mãe e fez um cumprimento com seu pai, pegando a mochila no sofá e caminhando até a porta. O seu andar era tão sôfrego que parecia mais um dia na guilhotina do que um dia no trabalho. Escutou um assobio conhecido e virou lentamente até o Senhor Jung, que parecia ter achado as palavras que queria:

— Desculpe pela minha indelicadeza, filho. Eu acredito que você merece uma pessoa ótima, assim como o Youngjae. Vocês são tão opostos, mas parecem dar certo. Se isso te faz feliz, resolva essa situação de uma vez.

Daehyun deixou um sorriso de alívio e gratidão moldarem seus lábios, relaxando os ombros e o olhar que havia se tornado tenso. Voltou a fazer o seu caminho, não sem antes murmurar o mais sincero "obrigado" que já falara na vida; antes de fechar a porta totalmente, pôde ouvir as claras palavras de seu pai:

— Se Yoo Youngjae é o seu futuro, pode contar comigo para te ajudar no que for preciso.

...

Daehyun espiou pelo olho mágico para conferir a barulheira que faziam no corredor; quase cuspiu seu coração quando viu o vizinho sair carregando malas e mais malas.

Abriu a porta meio desesperado, fazendo o outro parar no meio do caminho; as bochechas ficaram rosadas de repente e a boca abriu, como se quisesse falar alguma coisa.

— Você vai embora? — Indagou direto, se apoiando no batente, de repente exausto e preocupado. Youngjae, ainda cor de rosa, balançou a cabeça, incapaz de dizer qualquer palavra. — Por que as malas? O que está acontecendo?

— E-Eu... Eu vou viajar.

— E vai ficar quanto tempo fora? Quer que eu cuide do apartamento para você? Não vai mesmo embora, né?!

Youngjae não pôde evitar o sorriso seguido de um riso desconcertado. Balançou a cabeça em negação, fechando a porta de uma vez; tentou se apoiar na parede para não derrubar nenhuma mala ou sacola.

— Eu não vou embora. Vou apenas visitar os meus pais e meus irmãos. E não, muito obrigado, minha faxineira dá um jeito.

— Por quanto tempo...? Por quanto tempo vou ficar sem você?

O vizinho engasgou alto, voltando à cor vermelha nas bochechas e a boca aberta. Seu coração bateu tão forte que teve medo de ser escutado; parecia que até ele comemorava.

"Quão clichê isso é?!" pensou consigo mesmo enquanto revirava os olhos. Não conseguia aceitar o fato de que se sentia feliz e realizado perto do outro. Não conseguia aceitar o fato de que sentia alguma coisa por ele.

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