Quinze - Rejeitando para não ser rejeitado

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Viajar de avião ainda não havia se tornado tão confortável, mas fora menos traumática; tomou um remédio para dormir o voo inteiro, evitando assim problemas e pensamentos importunos. Chegou em Ulleung sentindo leves tremores pelo corpo, porém, de resto, estava tudo bem. O clima continuava agradável como sempre e o ar nunca lhe parecera tão puro.

Andou até a sala de desembarque, esperando ser recebido de braços abertos por seus pais chorosos, todavia aquilo não aconteceu. Pelo contrário, quem o esperava era o irmão mais novo e a noiva. Abanavam as mãos animados, o chamando para mais perto. Preparando-se mentalmente para as notícias dos últimos dias, mais a falação do casamento, mais casais felizes pela casa, Youngjae abraçou ambos com um sorriso já muito ensaiado. Aquele sorriso doído, que não chegava até os olhos, porém mostrava todos os dentes brilhantes.

Foi seguindo até a porta da saída, puxando suas malas com uma mão só, mas viu que os dois não o acompanhavam. Voltou rapidamente, olhando na mesma direção que eles.

— Quem estamos esperando?

— Sua companheira de casamento.

A frase ambígua fez seus olhos abrirem consideravelmente e aumentaram ainda mais quando percebeu de quem falavam. "Não! Ela não... Parece que voltei no tempo".

— Vou indo para o carro, então. Espero vocês lá fora. — Tentou puxar as chaves da mão do irmão, mas este as ergueu mais ao alto. Como odiava ser o irmão do meio! Não era tão alto quanto Youngsan, nem tão forte quanto Youngwon. Não recebia tanta pressão quanto o mais velho, nem tantos mimos quanto o mais novo. Nunca pôde negar nada aos irmãos, porque podia ajudar Youngsan com os deveres e matérias que ele próprio já havia estudado, e ajudava nas tarefas de casa, já que Youngwon estava focado na faculdade. Essa fora a maior parte da sua infância; mesmo assim, passou a ser a melhor época de sua vida.

"E o mais importante: não tenho uma companheira como os dois tem". O rumo dos pensamentos deixaram Youngjae tão desanimado, que nem se importou mais em adiar o inadiável; ficou olhando para a multidão, suspirando constantemente, com a mesma expressão de desânimo o tempo todo.

Quando viu uma loira alta passar pela porta, sentiu as pernas bambearem. Kim Dalhee estava de volta. Tentou controlar a respiração desregular, abanando as mãos simpático.

— MEU DEUS! — A voz estridente e melosa continuava a mesma. Não podia dizer que ela mudara muito; aliás, só mudara a cor dos cabelos. Abriu os longos braços, agarrando todos ao mesmo tempo. Quão receptiva ela era. — Família Yoo!

— Que saudade! — Comentou Youngsan, jogando a franja para trás, tentando mostrar seu poder de sedução. A noiva não segurou a risada ao ver a cara de decepção dele, que esperava, pelo menos, um "continua bonito, San-ah" ou "como você cresceu, querido"; todavia parecia que Dalhee estava mais interessada em Youngjae. Os grandes olhos dela o fitavam com interesse e carinho, como há muito tempo atrás fizeram.

A mulher abriu um sorriso desconcertado e a imagem de Daehyun sorrindo piscou na mente do rapaz, fazendo-o dar um pulo assustado. "Isso não é de Deus" pensou desesperado, abaixando a cabeça e correndo até o carro.

...

O jantar de padrinhos e madrinhas estava do jeitinho que Youngjae imaginara. Não conversara com ninguém, muito menos participara dos assuntos aleatórios que surgiram. Quanto menos atenção chamasse para si, melhor.

Os olhares de Dalhee em sua direção eram imensamente incômodos e desconfortáveis, o fazendo se remexer na cadeira diversas vezes. Youngjae tinha que admitir: ela estava linda! Mesmo não tendo mudado muito, estava mais adulta e com a expressão mais madura. Não pôde deixar de lembrar da época em que eram menores. Será que ela ainda nutria sentimentos por ele? Será que havia esquecido da promessa que fez ao partir?

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