Estava Escrito

Chegou a hora.

Eu atendo o interfone, e o porteiro avisa que estão atrás de mim, eu só o oriento a deixar entrarem que já estou indo. Olho para o meu reflexo em pessoa, e abraço com carinho, dizendo:
- Eu te amo, te amo, te amo. Cuida de todo mundo até eu voltar.-falo com os olhos repleto de lágrimas.
-Eu te amo, vai tranquila, vamos ficar bem.- a voz dela está contida como se estivesse segurando o choro, e eu sei que está.
Nosso último abraço acontece ali mesmo, pois já havia alguém na porta me esperando para me ajudar com as bagagens. Eu vou andando até o elevador, e um filme passa na minha cabeça. Todos os "nãos" dois times de base que já recebi, as vezes que meu pai me levava para fazer testes, as vezes que todo mundo desacreditou, tudo o que fiz pra chegar até aqui. Essa é a oportunidade que eu tenho de levar o nome do vôlei, do meu trabalho com a internet, um pouco mais longe.
Chego até o carro e não a comunicação nenhuma apenas o envelope com instruções. Leio atentamente as instruções, lá diz que horas pegar o voo, que terá uma equipe para me receber, e informações sobre o hotel. E lá fui eu embarcando em uma das maiores aventuras da minha vida.

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Último dia confinada no hotel

Acredito que hoje é a última noite minha nesse hotel. Esses dias aqui isolada apenas com meu telefone me fizeram pensar em tantas coisas. Me fizeram mais grata a Deus. Estou olhando pela janela e vendo o quanto Deus cuida de mim. Hoje o céu está azul, quase não tem nuvens, eu diria que perfeito para um dia de praia.
O vento dessa cidade maravilhosa me traz a sensação de paz, de liberdade, de renovação. Eu sinto que a qualquer momento meu coração vai explodir de tanta ansiedade e alegria. Quero muito que as pessoas tem a oportunidade de me conhecer, e ver em quem eu sou.
Me aproximo da cabeceira da cama, pego minha Bíblia, abraço perto do meu peito, queria tanto um abraço de Deus nesse momento, a emoção é tanta que eu acabo verbalizando:

-Pai, obrigada por ter sido tão bom comigo, e ter mudado minha vida então pouco tempo. Que eu consiga fazer amigos, e ter pelo menos uma pessoa a qual eu possa confiar. Protege minha família. E se por acaso eu pudesse pedir algo mais alguma coisa seria um dia encontrar o meu amor.

Olho para o céu, fecho meus olhos, e faço esse pedido com coração. Gostaria muito de encontrar alguém que fosse meu melhor amigo, que me fizesse rir, e que principalmente me aceitasse do jeito que sou. É tão difícil viver no mundo de pessoas conhecidas, por que é tanto julgamento, tanta aparência, as pessoas o tempo todo querendo te moldar a ser alguém que elas acham que você deva ser.
Foi assim no meu relacionamento passado. Foi tóxico, pesado. Muitas vezes me comportava como ele queria que eu fosse, e não quem eu era. Ele queria que eu mudasse quem eu sou. No final eu mudei mas eu mudei meu coração e deixei de acreditar no amor. Não me tornei o que ele queria, mas ele apagou uma parte de mim, uma parte da qual não tem como recuperar.
Achar alguém que goste de você, do jeito que você é, se tornou uma raridade nesse mundo. Todo mundo te crítica, todo mundo quer te mudar, todo mundo quer que você desista, mas ninguém vai colher as consequências da suas escolhas, ninguém vai ser você. E aprendi isso da forma mais dolorosa que existe.
Por isso hoje eu sou apenas quem eu quero ser. E quem quiser aceitar, tudo bem , e quem não quiser está tudo bem, também. Eu respiro fundo porque pensar isso ainda me faz derramar algumas lágrimas.
As enxugou, caminho até a mesa pego um pedaço de papel e desenho, eu e mais alguém, que eu ainda não sei o nome, não conheço cheiro e não sei o rosto. Mas eu acredito que ele existe. Faço um desenho em um pedaço de papel que está do lado do centro de mesa, um desenho de nós dois com as mãos dadas eu guardo dentro da Bíblia na esperança de que um dia eu o encontre.
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O jogo começa.

São exatamente 7h00 da manhã e eu ainda estou me arrumando e agora a pouco eles passaram pra avisar que vão me buscar em torno de uma hora. Já me vestir estou jogando tudo dentro da mala.
-Que falta Keyt faz! -esbravejo comigo mesma.
Tomo meu café, quando termino, escuto as batidas na porta e alguém pergunta:
-Está pronta?-Não reconhece sua voz.
-Sim.-Respondo.
-Abre a porta e fique de costas vamos vendar você, tudo bem?
-Ok, meu celular deixo onde?
-Vamos guardar, coloque em cima da mesinha.
Faço o que me mandam. Eles me vendam, a sensação é super estranha, chega ser agoniante. Alguém me guia pelo corredor até o elevador, até eu entrar no carro. No carro sua avisada que posso tirar a venda, até um certo ponto, mas quando solicitada terei que colocar novamente.
Fui o caminho rezando para Deus que me guiasse, me protegesse. Que meu caminho nesta jornada seja com muita alegria, que eu consiga cumprir o propósito que ele reservou a mim.
-Coloque a venda, por favor! - diz o motorista do qual não posso nem perguntar o nome.
-Tudo bem.
É a única coisa que eu respondo. Alguém vem segurar nas minhas mãos, e me guiar até um local que eu não consigo ver ou ouvir, o silencioso é assustador . Do nada meu corpo esquenta, meu coração fica inquieto, algo me incomoda, isso geralmente só acontece quando grandes coisas ocorrem na minha vida.
Que sensação mais estranha! Uma energia me invade. Não sei explicar, quando eu sinto alguém segurando meu pulso e E colocando algo como se fosse correntes em algemando a algo, ou alguém.
Percebo que é uma pessoa e sinto que ela tem muita energia, que o que está acontecendo me pergunto em pensamentos. A pessoa não para quieta. Meu coração está acelerado, estou com vontade de gargalhar, ninguém fala nada. O cheiro dele tomar conta do lugar, parece ser ele pelo perfume. Eu não estou entendendo absolutamente nada. Que sensação estranha, mas ao mesmo tempo boa alguém diz:
- Vocês vão entrar em 3,2,1.
As vendas são puxadas, a porta se abre, eu sinto um puxão no punho. Tudo está acontecendo ao mesmo tempo. Eu tenho vontade de rir quando, até que consigo enxergar a claridade vejo que estou acorrentada um homem. E não é qualquer homem, ele é lindo. Ele me puxa para um abraço, Que me faz sentir algo, mas acho que deve ser o nervosismo.
Entrei no BBB acorrentada uma pessoa, foi inusitado devo confessar.
-Como você se chama?-Ele pergunta atrapalhando meus pensamentos.
-Key e você?
-Gustavo.
Andamos até encontrar com as pessoas da casa, estou com medo dele ser uma pessoa totalmente diferente de mim. Ao mesmo tempo tenho a sensação de que vai dar tudo certo de que seremos uma boa dupla, sinto algo diferente dele. Não sei explicar já me sinto bem com ele, e não tem nenhuma hora que estamos acorrentados E o tanto que ele é bonito. Passa um tempo e anunciam algo na tela, e ele diz:
-Nossas malas chegaram. Vamos lá!-ele fala com tranquilidade.
-Sim, vamos ficar em que quarto?
-Acho que nunca tem vaga.
Vamos a despensa pegar nossas malas quanto é estranho ter que andar com alguém algemado a você, não está escrito. Pelo menos ele é muito legal damos risadas, é bem divertido. Pegamos as malas e nos direcionamos ao outro quarto chegamos lá havia só uma cama redonda. Uma cama igual de motel, isso só pode ser brincadeira comigo mentalizo.
-Só tem essa aqui vamos ficar aqui mesmo. Tô nem aí!-Diz o cara lindo meu lado.
-Está de brincadeira comigo né?
-Não, você prefere ficar no chão?
-Não.
-Então vamos nessa mesmo.-ele fala com sotaque engraçados e começamos a rir.
O dia passa a maior parte do tempo são de apresentações das pessoas que estão com a gente na casa. Seguimos o dia rindo, brincando e nos divertindo. A sintonia é instantânea, o que chegar me assustar.
-Quem será que colocou nós dois juntos?- eu pergunto a ele
-Não sei, Mas acho que não errou.
-Você é bem caipira né?
-Sim, da roça mesmo. E você é bem Patricinha?-ele pergunta rindo da dupla improvável que somos.
-Não, eu sou de boa.
-Você parece ser Patricinha.-comenta.
-Eu sou da resenha, você vai ver. -ele me olha e faz uma carinha fofa.
-Vamos lá no quarto por favor.
-Tudo bem.-respondo me direcionando ao quarto.
Ele mexe na mala tirando uma muda de roupa, não acredito que ele vai querer trocar de roupa aqui na minha frente. E é isso mesmo que faz , começa tirar a camisa.
-Não acredito que vai fazer isso?-eu questiono.
-Você pode virar um pouco.-ele sugere.
-Quer ir no banheiro?
-É rapidinho.
Ele começa tira roupa, esse homem não tem noção quanto ele é gostoso, tento virar e não olhar, mas olho pelo reflexo do espelho, confesso. Sem palavras começou a ri de nervoso.
-Pronto, troquei.-ele ri de forma espontânea, e eu me sinto atraída por isso.
O dia vai passando e vamos criando cada vez mais intimidade. Agora já chegou à noite, mas a sensação que já faz uma semana que nos conhecemos. Como isso aqui é louco! Ele é uma pessoa muito engraçada, não consegue ficar sem brincar, já percebi que é muito educado, gentil, e muito carinhoso também, não consegue ficar sem abraço sem toque.,
-Você prefere dormir de que lado? -ele corta os meus pensamentos.
-Tanto faz, gosto do esquerdo mas pra você dormir melhor fico no direito, se você preferir.
-Tanto faz, de verdade.
Nossos olhares se cruzam em algum lugar na minha alma fica quieta. Tudo o que eu sinto nesse momento é sentido pela primeira vez na vida. Eu sei que não posso. Eu apostei com a minha irmã. Mas ele pode ser um amigo aqui. Eu confio nele não tem nem 24h00 que nos conhecemos, mas eu sinto que posso confiar. A energia dele me traz paz.
-Você quer comer alguma coisa?- ele pergunta.
-Sim, por favor!
-Quando for assim você fala, porque se não pode passar fome.
-É lógico que eu falo, pois eu com fome fico de mau humor.
-Percebi.- ele diz brincando.
Estamos comendo quando a tela anuncia roupa leves e tênis. Eu paraliso e percebo que o jogo começou real. Ele me olha faz uma cara de assustado. Nos levantamos , ainda tensos, e vamos para o quarto nos arrumar.
-Acho que é uma prova-ele comenta.
-Sim, também acho.
-Vamos dar nosso melhor. Tudo bem? -ele diz me olhando nos olhos.
-Fechado.

Então seguimos para o quarto.