amargo como fel

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Eu tive que aceitar como um ferro descendo pela  minha garganta, pior que a força de me fazer engolir algo que não queria foi ver sua expressão. Pela primeira vez eu não consegui te entender com um olhar.

— Está tudo bem querido? — A única mulher da mesa perguntou tirando-me de meus pensamentos conturbados.

Eu olhei para seu rosto, para seus olhos que me lembravam relâmpagos amarelos, dando um aceno e relaxando minhas mãos que apertavam minhas próprias coxas.

— Você parece nervoso, meu filho.

— Está tudo bem, pai. — Seus olhos vacilaram, o que foi? Reconheceu minha decepção. — Por favor, se me derem licença gostaria de ir ao banheiro.

— Tudo bem, te esperamos aqui.

Eu levantei rápido e minhas pernas falharam, é este o efeito que tem sobre mim.

Wangji, você recuou suas ações após um momento de hesitação ao ver o que aconteceu. Passei em sua  direção ao banheiro e seguiu-me como uma sombra irritante.

— Não me olhe deste jeito caramba!

— Você deseja que eu te olhe como, Lan Wangji? Estamos sentados em uma mesa jantando como uma família quando já trocamos saliva, seu idiota.

— Este lance de família é jogo deles, não meu. Fale com eles se você não gosta do que está acontecendo.

— O que eu deveria dizer? "Pai, eu não quero aceitar seu novo relacionamento após você ficar anos só porque eu gosto de dar para o filho da sua futura esposa?"

— Não diga essas palavras como se fosse apenas um sexo casual e sem sentimentos.

— Quando você me disse que não era isso? — Se calou e seu silêncio doeu. — Vamos voltar antes que eles estranhem nossa demora.

No momento em que vi o olhar assombrado em seus olhos, soube que algo estava terrivelmente errado, levantei minha mão e levei até seu rosto, mas neguei a tocar-te tentando esconder minha crescente preocupação. Mas você segurou meu rosto e me beijou ferozmente, me pegando de surpresa. Meu corpo estremeceu, respondendo à necessidade de seu beijo até que se tornou mais quente, demais. Eu me afastei, balançando a cabeça, mesmo enquanto meu corpo queimava de desejo.

Suas mãos desceram me segurando, seu olhar baixou para o proprio antebraço que segurava-me com certa força. Meus olhos se fecharam e quando os abri novamente continuava a me olhar com aquele escrutínio silencioso.

Eu me contorci em seu aperto.— Me deixe ir.

Seus braços afrouxaram um pouco, mas não o suficiente para eu escapar, e um olhar de dor cruzou seu rosto — Acho melhor pararmos — Sua voz soou com uma nota de vulnerabilidade que me assustou tanto que levantei minha cabeça para ver seu rosto melhor. Era impassível, mas seus olhos não.

— Não se preocupe nos mal havíamos começado.

— Porra Wei, suas palavras faz com que me sinta impotente e eu odeio isso.

— Não se sinta assim... se não deu certo é por sermos dois covardes. — A cada palavra pude sentir o amargor em minha boca. Dei minhas costas deixando-o sozinho no banheiro.

Naquele 17
de novembro

O pequeno segredo de um corrompido ~Wangxian~ Onde histórias criam vida. Descubra agora