Capítulo 10 - O que se passa por trás dessa tua retina

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— Tu poderia, por favor, parar de olhar para o meu pau? Se continuar olhando pra ele, vou te denunciar por assédio!

Luciano disse enquanto caminhava ao lado de Martín na direção de um dos guichês do aeroporto. O brasileiro tentava segurar a mão do argentino furtivamente, percebendo que Martín, porém, parecia ter toda a sua atenção focada para a região mais baixa da cintura do moreno.

Martín levantou os olhos para encará-lo, furioso.

— Como é que eu poderia não olhar pra esse... negócio enorme aí, livre e balançando de um lado para o outro? Como é que você vem pra uma viagem de mais de vinte horas de duração usando nada por baixo de uma calça de malha cinza? E de chinelo ainda por cima!

Luciano olhou pra baixo, não vendo nada demais na visão que Martín descrevia.

O brasileiro voltou a retribuir o olhar do argentino, e sorriu o melhor de seus sorrisos safados.

— Tu gosta do que vê? Hum? Hum?

— Ah, vai à merda, Luciano. Sossega, demonio!

Martín tentava se desvencilhar das mãos brincalhonas de Luciano, que insistiam em querer tocá-lo de alguma forma. O argentino se preocupava com o óbvio fato de que eles estavam em público, agradecendo ao destino por aquele aeroporto não estar lotado como geralmente o era naquele horário.

Mas os olhares das pessoas que lá estavam eram olhares reconhecedores das duas figuras mais famosas do futebol latino-americano – arqui-inimigos no esporte que estavam juntos, que sorriam juntos, que pareciam estranhamente mais íntimos do que o normal.

Não que ambos já não soubessem das fofocas sobre o relacionamento dos dois. Mas Martín esforçava-se constantemente para evitar que estas fofocas piorassem (ou fossem, até mesmo, comprovadas).

Martín tentava fazer o check-in do voo, ignorando por completo o brasileiro parado atrás dele, que mais se assemelhava a um gato se esfregando e ronronando contra os cabelos loiros do argentino, do que com o (segundo, evidentemente) melhor jogador de futebol do mundo.

— Não vai fazer check-in? – Martín perguntou, desviando seu corpo do de Luciano, sem olhá-lo.

— Eu já fiz antes de te encontrar. Tá tranquilo. Até minha bagagem já despachei. Pedi pra despacharem tuas coisas também com antecedência, deu tudo certo?

Martín apenas balançou a cabeça em confirmação.

Qué raro... Eu esperava que um voo comercial pra Tailândia, ainda mais marcado com urgência, estivesse pelo menos um pouco mais cheio. Não escutei ninguém mencionar que está neste voo também, enquanto te aguardava chegar.

Luciano ignorou o comentário de Martín, brincando despreocupadamente com o laço do cós de suas calças que se desfazia.

— Ainda tem quase uma hora até nossa decolagem. O que tu quer fazer?

Martín arrumava alguns documentos dentro de uma carteira, sem prestar atenção à pergunta do brasileiro.

— Eu perguntei – Luciano segurou forte o braço do argentino, forçando-o a olhá-lo. — o que tu quer fazer?

O loiro reconheceu imediatamente o tom de voz do moreno naquele momento, num timbre baixo que Luciano usava quando escondia suas intenções proibidas para menores de dezoito anos.

— Não é possível que você está falando sério?! – Martín indignou-se.

— E eu disse alguma coisa, cariño?

Private Dreams (BraArg) (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora