E seremos livres.

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Zitao gostava de borboletas.


Gostava das suas várias cores, de como elas pousavam em sua pele ou numa flor batendo levemente suas asas antes de sair voando apressada até o céu e se perder na imensidão azul.


Sehun nunca pôde ver uma borboleta, mas a sensação delas na sua pele, o arrepio que fazia os pelos se eriçarem e um sorriso bobo nascer nos lábios, eram as mesmas que sentia ao ter Zitao e sua pele quente e cheirosa perto de si.


Quando Sehun não pôde mais sentir as borboletas na sua pele,


Ou ter o toque do chinês em seu corpo,


Zitao se perdeu.


E então conseguiu ter as mesmas sensações que Sehun sempre sentiu.


Porque tinha saudades dele.


E fez isso para se sentir novamente com o outro, sentir que ele estava ali com ele e conversar com aquele, poder acreditar que eles não estavam longe um do outro.


Que não estava falando consigo mesmo.


Que não estava louco.


Entretanto, Zitao não se deu conta de que seu amor pelo louro era grande demais, nem ao menos percebeu que sofria demais pelo coreano.


Não percebeu que ele estava fora de si e que seus amigos diziam pelas suas costas que ele não estava com as graças da sanidade com ele.



Certa vez, o jovem chinês andava num parque repleto de flores. Ele ouviu uma moça sentada na grama dizendo as seguintes palavras:


"Dizem que os mais felizes são os loucos porque eles vivem da sua própria forma, em seu próprio mundo e com suas próprias regras. Quem dera eu ser louca e me libertar das amarras do mundo onde vivo sem ser julgada como aberração só por pensar diferente."


Desde então, Zitao nunca se esqueceu do conjunto de orações ditas pela senhorita de vestido verde.



Lembrou-se, então, naquela tarde em que estava no momento, de todos os que já o chamaram de louco. A lista não era grande, no fim das contas.

Mas ele não se importava, ele se sentia perto de seu amado.


E quando ele quis estar junto a ele, ir para seu lado — o outro lado — ele o fez. Afinal, ele era louco, de fato. Contudo, dizem que os mais felizes são os loucos, e Zitao também achava o mesmo.



"Eu sinto sua falta, Sehun. Eu quero te sentir de novo."



E a única coisa que restou naquele jardim florido foi seu corpo de tez gélida e os tons do líquido rubro na grama enquanto as borboletas, aquelas que Tao sempre amou, vieram ao seu encontro; envolvidas ao seu redor, pousando sobre sua tez macia e sobre a arma pesada na mão inerte daquele insano romântico apaixonado.


Porque, como dizem por aí, um amor deve permanecer unido mesmo após a morte.


E o deles estava.


"Fiquei com saudades de você, Zitao."


"Agora você pode me ver, Sehun?"


"Posso. E você é a coisa mais linda desse paraíso todo."






Seja-mos todos loucos, entãoOnde histórias criam vida. Descubra agora