Vinho 🍷

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Ao abrir seus olhos, sentiu que a respiração estava rápido demais, colocou a mão sobre o peito, como se com o gesto conseguisse controlar as batidas desenfreadas de seu coração, podia jurar que Heloísa iria beijá-la. Será?! Mas se… e se ela tivesse beijado?!
Engolindo à seco, pegou sua taça rapidamente tomou um gole longo de vinho, isso podia ser o efeito do álcool, porque se fosse sincera não imporia resistência alguma se isso acontecesse. Tão rápido como veio a sua imaginação, decidiu que ela tinha que ir embora. Que loucura, óbvio que Heloísa não faria isso, estava sendo gentil com ela apenas, até porque como uma mulher linda como aquela, iria se interessar em uma mulher. Eita!!! Era assim que devia estar pensando, não né?
Observou Heloísa se servindo de mais uma taça de vinho, o silêncio que se instalou começou a incomodá-la, fez sinal para que a servisse também, afinal com o gole que deu, após supostamente acreditar que seria beijada, a fez acabar com o vinho de sua taça. 
Heloísa a serviu rapidamente, logo em seguida sentou em uma das poltronas, cruzando as pernas, Manu fingiu olhar para o outro lado, pois tinha receio que ela percebesse sua inquietação, mas não conseguia desviar o olhar daquelas pernas, mas tentava a todo custo.
— Então aqui não tem música? — perguntou Helô.
— Tem sim!!! — respondeu
— Então a gente vai ficar bebendo nessa tristeza toda?
— Tá! mais… Creio que as músicas do meu marido não vão te agradar… Ele curte músicas clássicas e você tem cara que gosta de música “pop”.
— Errou, eu gosto de ‘funk’. — Heloísa levantou e começou a cantar e dançar — Na movimentação a novinha tem o dom — e fazia a coreografia — Lancei essa pras faixa rosa… Faz a jogadinha mordendo a boquinha pros crias… — e começou a rir ao ver a cara de Manu fazia a cada passo que dava da dança. Puxou ela dizendo — Vem eu vou te ensinar!!!
Manu podia dizer que aquilo era uma loucura, mas Heloísa estava tão animada que topou, na verdade, pensou, toparia qualquer coisa que envolvesse rir e estar tão próximo dela. Ficaram lado a lado e o sorriso que Heloísa lhe lançava, parecia tão puro e tão bonito e mais uma vez se sentiu hipnotizada.
— Espera, assim não vai dar para te ensinar direito — Constatou.
— Então o que pensa fazer?
— Deixei meu celular no quarto — Disse pensando — Podíamos pegar esse vinho, e mais uma garrafa que com certeza eu não tenho condições de pagar. Subir e ficar no quarto. Aí te ensino a dançar.
Manuela ficou olhando para ela sem dizer nada, a verdade é que não estava nem um pouco a fim de aprender uma coreografia, que na opinião dela não ia fazer parte do seu cotidiano, contudo  Heloísa estava tão animada que não quis decepcioná-la, e acabou a contragosto concordando, foram juntas ao quarto e não esquecendo de levar mais uma garrafa de vinho extra.
— Não sabia que gosta de músicas do tiktok.
— Olha, então sabe?!!!
— Sei… Quer dizer, sei que música é… não sei dançar.
— Devia aprender, com uma bunda como a sua ia fazer sucesso no tiktok. — Disse Helô ficando vermelha.
Chegando ao quarto decidiram que ocupariam o que Heloísa estava hospedada.
— Ai o copo com água. — disse tristemente Helô.
— Vou buscar para você!
— Não precisa eu mesma posso ir buscar.
— Eu faço questão de ir buscar! Senhor!!! — Manu foi categórica.
— Tá bom… Eu não quero te dar trabalho!
— Fazer algo para você não é um trabalho! — Então dizendo isso saiu do quarto o mais rápido possível não dando tempo para Helô perceber a ruborização em seu rosto, e sem notar haver deixado uma Heloísa boquiaberta.

Ao ficar sozinha no quarto, começou a raciocinar, havia feito o convite sem pensar, agora estavam ali e o que ela faria.
Pegou o celular, abriu o aplicativo de música e começou a escolher o repertório não, era algo que ela tivesse o hábito de ouvir recorrente, mas curtia assistir aos vídeos e devido a isso aprendia as coreografias, difícil seria não saber afinal era algo que mesmo que não quisesse apareceria em seu feed.
Se fosse sincera, coisa que acabou de perceber que não era. Falaria a verdade a Manu, que estava brincando com a cara dela, mas não queria passar por mentirosa.
Se bem que, mentira não seria mesmo, pois sabia das coreografias, porém ‘funk’  não, era algo que curtisse ouvir tomando vinho, ainda mais um tão caro como aquele, não fez a mínima questão perguntar que marca era a segunda garrafa que Manu pegou para tomarem juntas, mas com certeza era cara demais o máximo que ela pagaria por uma garrafa de vinho era duzentos reais e já achava caro.
Não demorou muito e Manu voltou, não só com um copo, mas com uma jarra com água e colocou em uma das mesas de cabeceira ao lado da cama.
— Já escolheu as músicas? — perguntou, chegando perto demais dela. 
— É.. e… eu… — Heloísa estava nervosa.
— O que foi?
— A gente pode só tomar vinho e ouvir uma boa música? — Perguntou sem graça
— Graças a Deus!!! — Respondeu animada Manu.
— Se não queria, porque concordou? — retrucou
— Porque você estava tão animada que eu pensei não vou estragar né.
— Mais tipo… — nesse momento Helô olhou para ela e disse — Você não pode fazer algo que não quer… só para agradar os outros. — Segurou em sua mão sem perceber e as entrelaçou nas suas ao notar o que fez, a soltou e foi servir vinho às duas.
— Está bem, mas cadê a música?
— Verdade vou colocar, pera aí… pega aqui — disse entregando uma taça de vinho a ela, nisso pegou seu celular — Manu tem preferência por algum estilo?
— Põe qualquer coisa, ai…
— Vou colocar ‘funk’ então!!! — Manu olhou de cara feia para ela, o que a fez sorrir — Você que disse qualquer coisa.
Começaram ouvindo “Tears For Fears - Everybody Wants To Rules The World”, no quarto em que Heloísa estava, além da cama, tinha também duas poltronas, percebeu que quem decorou a casa gostava muito de tapete e pelo que via nada ali era barato, o quarto era enorme, tinha closet, TV… mas o som que tocava era do celular.
— Vamos sentar… — Disse Heloísa, gesticulando com a cabeça em direção às poltronas — E aproveita para me dizer algo que gosta de fazer?!
— Algo que eu goste?! — Manu fingiu pensar — Eu gosto de desenhar roupas.
— Aaaahhhhhh!!!!!!! Isso não vale, porque é óbvio, você tem uma butique de roupas chiques. — Heloísa se serviu de mais vinho — Só vale se for algo diferente! Tipo pode ser algo que você não tenha dito a ninguém nunca, pode ser?
— Algo que eu não tenha dito a ninguém que eu gosto?
— Sim, algo que ninguém saiba, mas que você ame. — Heloísa pegou sua taça e a serviu de mais vinho.
Manu não tinha costume de beber, no máximo que aguentava eram duas taças de vinho, mas pelo que lembrava essa era a quarta ou a quinta, não tinha certeza, sorrindo tomou mais um gole, então provavelmente não estava mais em seu estado natural, colocou a cabeça para trás rindo, se continuasse bebendo daquele jeito, ia ficar bêbada se é que já não estava, que mal teria de ficar também, afinal, estava em sua casa. Se encostou mais a poltrona relaxando assim seu corpo completamente.
— Eu gosto de cantar!!! — respondeu quase gritando.
— Isso não vale!!! — Heloísa retrucou fechando a cara. — Até eu gosto de cantar!!!
— Mas você tem a voz horrível!!! — replicou  e cara a que Heloísa fez,  foi motivo suficiente para fazê-la rir mais alto.
— Que calúnia!!! — Helô fingiu estar ofendida.
— Mas é a mais pura verdade. Vi e ouvi você mais cedo.
— Ata e a tua voz deve ser linda? — respondeu sarcástica.
— Não sei, nunca cantei para ninguém.
— Então como pode dizer que eu canto mal?
— Porque eu te ouvi. — olhou para ela — Você até dá para dançarina, mas zero para o canto.
— Atah!!! Professora de canto!!! — Manu podia ver no rosto dela o desafio — Canta aí para a gente ver, se você sabe mesmo?!.
— Claro que não!!! —  respondeu rapidamente.
Heloísa se aproximou dela e a olhou dentro de seus olhos e perguntou.
— Vai fugir mesmo do meu desafio? — Manu conseguia sentir o tom de provocação na voz da outra e um fogo se acendeu dentro dela, respirando fundo para criar coragem respondeu.
— E eu lá sou mulher de fugir de um desafio? — seus olhares se encontraram em uma guerra muda.
— Certo eu vou escolher uma música para você. — Heloísa pegou seu celular. — Agora eu quero ver.
— Claro que não! — Manu puxou o aparelho da mão dela — Eu vou escolher, vai que escolha um ‘funk’ eu não vou saber cantar.
—  A senhora é muito clássica… — Heloísa começou a rir fortemente.
— Senhora tá no céu!!!
— Mas você está aqui!!! — Agora foi a vez de Manu abrir uma gargalhada.
— Verdade… — olhou para e disse — Vou cantar Meghan Trainor, Like I'm Gonna Lose You
— Nossa, ai tu queres me fuder né? Pode começar então!!!
Quando os primeiros acordes da música se iniciaram, o corpo de Manuela começou a tremer de expectativa, era algo simples cantar, no entanto para ela mostrar isso a alguém era completamente novo e com isso a sensação de medo a invadiu, logo o que era expectativa se transformou em nervosismo.
E se por acaso Heloísa achar sua voz ridícula? Eram tantos e se… que passavam por sua mente que nem percebeu que perdera o momento certo de começar a canção. Olhou para Heloísa e viu em seu semblante e em seus olhos, apoio isso renovou sua vontade. Voltou a música ao início e dessa vez sua voz dominou todo recinto, não percebeu haver fechado os olhos, e apenas  sentiu a melodia.
— “I found myself dreaming… In silver and gold… Like a scene from a movie that every broken heart knows”.
Essa música era linda parecia ter sido feita sob medida para a voz de Manuela, o que deixou Heloísa sem saber o que dizer, parecia outra pessoa à sua frente, a vendo de olhos fechados e cantando daquele jeito, a única definição pertinente era que um anjo estava ali a sua frente, definitivamente aquele vinho tinha efeito alucinógeno em sua cabeça, porque só assim para entender o que sentia no momento. E sem que percebesse seu olhar percorreu, primeiro pelas pernas de Manu, e foi subindo para o busto até parar em sua boca, agradeceu o fato dela estar de olhos fechados, pois assim podia sem medo examinar mais detalhadamente seu corpo. E podia dizer que absolutamente tudo em Manuela a atraía, fechou os olhos ao constatar isso, mas talvez fosse o vinho e seu efeito que não a fazia sair correndo feito, louca dali ou fosse o efeito que Manu provocava nela que a fez querer ficar, levantou indo sentar na mesa de centro de madeira que separava as duas poltronas, ficando mais perto ainda de Manu e até então não havia notado que parara de escutar a música que ela cantava para fitar seu corpo. E que corpo?

Nota: E aí galerinha, sim demorei mais um tempinho agora, desculpa... Mas minha vida é corrida... Perdón!!! Mas tá aí pra vcs... Tô buscando melhorar cada dia, como eu disse isso é um hobby... Não sou escritora e nem tenho formação para isso, então me dar um desconto pelos erros aí de concordância e tals... Entre outros, desde já agradeço.

Se Deixe LevarOnde histórias criam vida. Descubra agora