1 - O Buraco

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Coração acelerado, suor escorrendo pelas costas, mãos trêmulas, respiração ofegante.

Rose andava de um lado a outro no quarto. Era difícil pensar, sua cabeça doía em pontos específicos. Seu corpo todo parecia tremer.

Quando ficou muito difícil se mover, ela abaixou e apoiou a testa no joelho.

Conta até 4 inspirando. Conta até 7 e segura. Conta até 8 expirando.

Repete.

Rose perdeu as contas de quantas repetições fez.

Notou seu coração batendo normal e a respiração estável.

Levantou lentamente do chão, sentindo cada músculo do seu corpo responder dolorosamente. Pegou uma roupa limpa na cômoda, e se dirigiu ao banheiro.

Não ousou olhar no espelho, trancou a porta e pendurou a roupa no gancho da parede. Ligou o chuveiro e sentiu a temperatura da água, quente, sentou no vaso enquanto a banheira enchia. Encarou a parede branca à sua frente e analisou seu reflexo distorcido. Mesmo pelo azulejo conseguiu ver as enormes olheiras que se alojaram embaixo de seus olhos.

Ficou de pé e se despiu do pijama molhado de suor. Entrou na banheira e sentiu a familiar ardência em sua pele, uma ardência bem-vinda.

Com uma careta, Rose recostou-se na banheira e sentiu seu corpo protestar com a temperatura da água, mas ela não ligava.

Rose sabia que havia algo muito errado acontecendo com ela, mas ao mesmo tempo não tinha força pra lutar contra o emaranhado de emoções que estava afogando ela.

Olhando para o teto do banheiro, Rose sentiu as lágrimas molharem seu rosto. Fechou os olhos com força e levantou. Enrolou uma toalha no corpo, vestiu a calcinha e saiu do banheiro indo direto para o quarto de seus pais. Não se importando de estar totalmente molhada, se dirigiu até eles.

Quando Ronald notou a presença da filha na porta levou a mão ao braço da esposa, chamando sua atenção. Hermione retirou os óculos do rosto e ia falar quando Rose entrou no quarto e fechou a porta.

Seus joelhos encontraram o chão, o tempo pareceu congelar enquanto ela sentia seu corpo tremer violentamente, sentiu grossas mãos envolverem seus ombros e lhe abraçarem. O corpo de Ronald sacudia, mas ela não saberia dizer se era pelo seu choro ou pelo dele próprio.

As mãos do pai afagaram seu rosto e ela fechou os olhos com força ao sentir as mãos delicadas de sua mãe a envolverem.

— Me ajudem.

Foi a única coisa dita naquele momento e a única coisa que não precisava ter sido verbalizada.

A Unexpected LifeOnde histórias criam vida. Descubra agora