Cálice do Destino - Conto de Fantasia

Dócil Como As Águas Cintilantes, e o Amor Verdadeiro.

Após sentir as mesmas coisas estranhas outra vez, sua visão tornou-se totalmente escura. Abriu os olhos arfando como se tivesse um pesadelo e percebeu que estava com sua esposa, em sua cama. Os galos cantavam enquanto a feira ao redor era barulhenta. O som das flautas e músicas da taverna ao lado era alto. Sua esposa foi abrindo lentamente os olhos, que eram radiantes e verdes. Seus lindos cabelos ruivos estavam espalhados pelo travesseiro. Quando sua visão se ajustou, alisou seu rosto com suas lisas mãos.

－ Teve outro pesadelo? － Perguntou-lhe Myra.

－ Eu acho que... Acho que sim. － Respondeu Maddruk.

Myra ergueu-se lentamente e se inclinou até Maddruk, e lhe deu um beijo.

－ Vamos à feira, precisamos de mais batatas e amendoins. － Disse Myra enquanto se esticava e bocejava.

－ Por... Por que? － Perguntou Maddruk um pouco nervoso. Sentia seu coração bater como se tivesse acabado de se apaixonar.

－ Como assim, por que? Eu te prometi que hoje faria uma receita especial, como é esquecido, Maddruk! － Disse Myra.

Maddruk olhou para Myra e notou sua gravidez avançada, sua barriga já estava no tamanho onde parece que vai acontecer a qualquer momento. Pôs a mão em sua barriga e sorriu para ela, e ela retribuiu com um sorriso doce.

－ Você está mais linda hoje. － Disse Maddruk. － Disse Maddruk com a paixão correndo pelos seus lábios.

Myra corou e sorriu para ele, ela amava quando Maddruk demonstrava a amar tanto, mesmo em seus momentos mais inusitados e simples.

－Eu te amo Maddruk, e todos os dias agradeço a Deus por ser meu marido.

Myra era católica, mas ainda assim, Maddruk não seguia seus mesmo costumes. Mas não se incomodava de ouvir sua mulher falar sobre de vez em quando.

Os dois saíram, Myra andava alçada ao braço de Maddruk e olhava para os tomates e maçãs. Sentia-se completamente envolvida pelo amor que emanava de seu companheiro. Maddruk sentia-se o homem mais feliz da terra, parecia atraído por cada detalhe que pertence a Myra. Momento ou outro os dois acabavam se entre-olhando, e sentiam a grande intensidade de seu amor um pelo outro. De fato, a pessoa que Maddruk mais amou no mundo.

Ela era gentil a ponto de dar mais moedas aos pobres e sentir a obrigação de falar a cada um －Deus te abençoe!－.

Continuaram, e por um breve momento, enquanto Myra escolhia os amendoins na barraca, Maddruk notou um senhor a uma boa distância, que era muito parecido com o velho corcunda lhe entregara o cálice. Ele estava parado, o observando. Myra o chamou por um segundo, e Maddruk o perdeu de vista. Continuaram a andar, mas Maddruk não conseguia tirar o velho estranho da cabeça. Ele olhava ao redor, buscando novamente pela figura enigmática, mas ela havia desaparecido. Uma sensação de inquietação tomou conta dele.

Myra notou a mudança repentina em Maddruk e perguntou com uma voz suave:

－Está tudo bem, meu amor?

－Myra, nós precisamos sair desse lugar, ele será atacado, muitas pessoas vão morrer... assim como... assim como você. － Disse Maddruk num tom calmo, porém preocupado.

－ Como assim?

－ Não há tempo para explicar. Vamos ter que ir o quanto antes, muitos vão morrer Myra.

－ Mas Maddruk...

－ Confia em mim, pelo bem de nosso filho. － Disse Maddruk mais lentamente.

Myra sentiu seu coração cheio de dúvidas, Crutz é um lugar onde ela considera seu lar, mas ainda assim, ela afastou esses pensamentos e depositou sua fé em Maddruk, a única pessoa em quem confiava com sua vida. Maddruk foi até Garett e implorou para que ele e seus filhos fugirem juntos, mas não acreditaram, assim como mais ninguém no reino acreditou nele. Seus pedidos desesperados, caíram em ouvidos surdos e corações ignorantes, todos discordavam e o chamavam de louco, dizendo: －Pelo amor! Metanisianos são burros e fracos!－. Outros eram mais educados e diziam: －Nós temos você para nos defender!－, e por mais que doesse ferir seu próprio orgulho e dizer que ele não seria capaz de protegê-los, ninguém o ouviu. Não teve opção senão partir apenas ele e Myra. Maddruk tomou Hatardo e cavalgou lentamente por causa de sua esposa que estava grávida.