(Vol. VII) Ano IV p.e. ⎥ Distantes.

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SENTIA DOLOROSAMENTE A FORMA como os meus ossos pareciam serem feitos de vidro

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SENTIA DOLOROSAMENTE A FORMA como os meus ossos pareciam serem feitos de vidro. Estavam doendo pela posição ainda sentada do meu corpo e, como se isso já não fosse o suficiente, eu precisava me agarrar com o braço ferido em volta da minha cintura para me encolher e me proteger dos calafrios que estavam me fazendo tremer.

O som da fechadura destrancando me fez ficar em alerta de novo. Não sabia quantas horas haviam passado, mas tinham sido muitas.

Afastei a minha cabeça da parede e encarei o meu braço ainda preso pela algema. Eu não pude mudar de posição por culpa disso e agora o meu antebraço estava queimando pela fadiga do músculo.

A porta se abriu e eu encarei a iluminação queimando as minhas retinas. Apenas vi a silhueta escura se aproximando com passos despreocupados enquanto eu tentava entender se por acaso havia dormido um pouco, ou não. Estranhamente, eu não me lembrava.

O corpo do que me pareceu ser uma mulher caminhou até mim, se abaixou até a minha altura e colocou dois objetos no chão. Cada um estava sendo segurado por uma de suas mãos.

Assim que os meus olhos se acostumaram, pude notar que se tratava de uma garrafa plástica contendo dois centímetros de água e mais um sanduíche com um pão do tamanho da palma da minha mão.

O meu instinto mais primitivo me fez agarrar aquele sanduíche como um tesouro raro. O levando rapidamente até os lábios e praticamente enfiando tudo o que podia dentro da boca enquanto a fome me deixava completamente desesperada. Como se a comida fosse sumir se eu não a comesse rápido.

A massa um pouco viscosa entre as duas fatias de pão não me parecia ter um gosto muito ruim, já que a fome que eu sentia me faria comer absolutamente qualquer coisa. Mas era meio óbvio perceber um gosto estranho de fígado cozido, massa crua com farinha e ração para cachorro.

Bom, talvez fosse isso mesmo. Afinal, eu estava em um "canil". Contudo, definitivamente eu não queria pensar nisso. Não podia perder a minha única refeição depois de horas, caso vomitasse de novo.

— Você está mesmo grávida? — Ouvi a mulher perguntar enquanto eu ainda mastigava. Ela não havia saído da minha frente, ou se afastado. Continuava me observando abaixada sobre os próprios calcanhares enquanto eu comia usando apenas uma mão.

Os meus olhos surpresos encontraram o seu rosto queimado pelo sol e feições asiáticas. Os seus olhos eram tão escuros à ponto de não parecerem refletir qualquer luz. E eu comecei a mastigar mais devagar a medida em que me sentia um pouco intimidada por sua estranha interação.

Assenti algumas vezes para respondê-la positivamente e então ela suspirou profundamente, se mostrando muito frustrada. Só não sabia se por meu silêncio, ou por minha situação delicada.

— A minha irmã, Chelle, ela também estava esperando um bebê. — Os seus olhos se focaram em um ponto qualquer daqueles canos quando pareceu lembrar de memórias que a faziam sofrer. — Mas ele não aguentou. Ela o perdeu no meio dessa merda toda. — Se lamentou abaixando o tom da sua voz.

STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐈𝐈] daryl dixon⼁The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora