—|ANTIGO BELA DOMADA, NAVIO PARCIALMENTE DESTRUÍDO E SOB NOVA ORDEM|—
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—|Transformariam os níveis baixos em novas cabines para abrigar o pessoal enquanto o convés estava sendo reformado.
Com muito sacrifício, Kizzy e sua Ordem conseguiram organizar quem seria leal a ela, quem desejava matá-la e quem poderia virar a casaca dias depois, quando baixassem a guarda.
Assim, de dois mil e setecentos e quarenta e três pessoas, o número inicial antes da revolta e da explosão, apenas mil cento e noventa e sete estavam vivos e aparentemente fiéis à nova Capitã; e Kizzy ainda precisava se acostumar com esse título.
Aqueles que desejavam claramente sua morte, isto é, ainda eram leais a August ou tinham algum parente que Kizzy, acidentalmente, matara, foram lançados ao mar; pelados.
— Vocês tem uma dívida conosco — Kizzy anunciou, quando perguntaram o porque de morrerem nus. — Tudo que um dia foram seus, agora são meus.
E sem mais nem menos, os machos e fêmeas escrotos foram desnudos e arremessados ao mar. Seus filhos maiores de dez anos tiveram a liberdade de escolher a quem gostariam de seguir — seus pais até a morte, ou Kizzy e sua nova Ordem no recém nomeado Olho de Corvo. As crianças menores de dez anos seriam criadas no navio, pela supervisão da própria Capitã, e se desejassem ir embora quando atingissem a maioridade, eram livres para isso.
— Sem dividas, sem burocracia — ela disse a todos, quando anunciou as novas regras.
Aqueles que se ajoelharam, ganharam uma nova cabine e permissão para continuar no navio com suas mesmas funções — quem desejasse novas tarefas, podiam requisitar a presença de Kizzy e apresentar argumentos que fizessem-na mudar de ideia. Os comerciantes e passageiros que apenas buscavam por transporte permanecerão no navio até atracarem no próximo Porto, e não receberiam suas moedas de volta pois todas foram destruídas na explosão. As famílias teriam que se virar, e apesar de Kizzy querer ajudar, não tinha como.
Por isso, muitas famílias decidiram continuar no navio até que se recuperassem — era melhor do que desembarcar sem dinheiro e tentar a sorte, já que a maioria das fêmeas cairiam para a prostituição e os machos virariam mercenários. Trabalhando para a Capitã no Olho de Corvo, ergueriam-se novamente.
Começaram, também, a reforma do convés e dos antigos níveis baixos. Sob a supervisão de Oryn, cerca de trinta feéricos trabalhavam na reconstrução do convés — tratando da precariedade das velas, os mastros, as cabines, que em breve seriam da Ordem da Capitã, o timão, o escritório, dispensas etc.
Os antigos níveis baixos, porém, estavam sob supervisão de Belwas e Ariel, um dos primeiros machos de August que ajoelhara à Kizzy. Pretendiam transformar aqueles seis andares em novas cabines para abrigar mais tripulantes — e portanto mais dinheiro —, duas prisões para infratores e algumas outras salas que apensas Kizzy teria acesso.
A princípio, quando Kizzy deu a ordem que construíssem celas, olharam-na como se estivessem sob julgo de uma nova tirana. A Capitã, porém, apenas pensava que, se quisesse engrandecer aquele navio — com mais pessoas/trabalhadores e mais tesouros —, haveria sempre um traidor, um ladrão, assassino ou estuprador que deveria ser punido.
Afinal, assim como August, Kizzy trabalharia com transporte para aqueles que pagarem mais — cujo destino coincidisse com o seu — e não podia confiar em todos. Ela mais do que ninguém sabia como o mundo estava cheio de machos nojentos.
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Once, in Paradise
Fanfiction•Há quase quinhentos anos atrás, Tamlin cometeu uma traição horrível com seu amigo íntimo, Rhysand. Essa traição desencadeou eventos trágicos e uma rivalidade que duraria por séculos. Mas excluindo o ego, o orgulho e a arrogância de ambas as partes...