Pyeongchang

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Mudar de cidade e deixar para trás tudo o que conhecemos pode ser uma experiência desafiadora

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Mudar de cidade e deixar para trás tudo o que conhecemos pode ser uma experiência desafiadora. A ideia de abandonar meus amigos, os lugares onde cresci e as memórias que construí ao longo dos anos era algo que eu nunca quis enfrentar. No entanto, ali estava eu, sentado no banco desconfortável da velha caminhonete do meu pai, observando a paisagem monótona passar pela janela enquanto éramos levados em direção à nossa nova casa, nossa nova cidade.

Recordações de Busan, minha cidade natal, inundavam minha mente. As ruas familiares, os rostos conhecidos, os lugares que se tornaram parte integrante da minha história... Tudo isso ficava para trás conforme avançávamos pela estrada. Eu mal podia acreditar que estava me afastando de tudo aquilo, e a sensação era estranha, quase surreal.

O divórcio dos meus pais foi o real motivo para essa mudança drástica. Se ao menos as coisas tivessem permanecido como eram, eu poderia estar em Busan, na mesma escola, mantendo a mesma rotina de sempre. Mas o destino tinha outros planos para mim, para nós.

Eu e minha irmã mais nova, Somi, tomamos uma decisão difícil ao optarmos por ficar com nosso pai. Foi uma escolha que mudaria completamente nossas vidas, deixando para trás não apenas nossa antiga vida, mas também nossos amigos, nossa segurança e até mesmo nossa identidade.

À medida que as horas passavam dentro da caminhonete do meu pai, eu observava a paisagem mudando lá fora. Sai do calor de Busan para entrar em Pyeongchang, onde o clima era frio e úmido, e o céu estava coberto por nuvens escuras carregadas de chuva.

Não consegui esconder minha expressão de desagrado quando finalmente avistei Pyeongchang. Era uma cidade pequena e sem grandes atrativos, completamente diferente do que eu estava acostumado em Busan. Mas, apesar da falta de empolgação inicial, eu sabia que precisava encarar essa mudança com uma atitude positiva, pelo menos para não desanimar ainda mais meu pai.

À medida que nos aproximávamos do centro da cidade, observei os prédios simples e malcuidados que compunham sua paisagem urbana. As ruas estreitas e vazias adicionavam à sensação de desolação que pairava no ar.

Jeon Jiyong, meu pai, sempre foi um pilar de apoio em minha vida. Mesmo com suas longas horas de trabalho, ele sempre fez questão de estar presente para mim desde o momento em que nasci. Sua dedicação e amor incondicional moldaram a pessoa que me tornei, e agora, diante dessa mudança monumental em nossas vidas, era minha vez de retribuir todo esse apoio.

Quando chegamos à nossa nova casa, notei logo a diferença em relação a Busan. Aqui, as casas eram poucas, a cidade se estendia pelas montanhas, cercada por árvores e um grande bosque bem em frente à nossa casa.

A casa era grande, branca e meio sem graça. Por dentro, tudo era novo, mas os móveis pareciam antigos, como se tivessem sido herdados de alguém. O chão rangia a cada passo, mostrando que precisava de uma boa limpeza há um tempo.

Quando entrei no meu novo quarto, a primeira coisa que fiz foi me jogar na cama. Estava cansado da viagem e nervoso com essa mudança toda.

Seríamos apenas eu, minha irmã e meu pai, nós três juntos em uma cidade distante de tudo o que conhecíamos. A ausência de nossa mãe pesava sobre nós como uma sombra constante. Ela não estaria lá para preparar o café da manhã ou para nos acolher nos momentos difíceis. Agora, teríamos que nos ajustar à presença solitária de nosso pai, cujo coração ainda doía pela desintegração de um casamento de vinte anos, desfeito quando nossa mãe se apaixonou por um colega de trabalho.

The house next door (kth+jjk)Onde histórias criam vida. Descubra agora